ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA SOBRE ATLETAS TRANSGÊNERO NO ESPORTE

AutorErik Giuseppe Barbosa Pereira, Rafael Marques Garcia, Gabriel Frazão Silva Pedrosa
Páginas112-138
112 GÊNERO | Niterói | v. 21 | n. 1 | p. 112-138 | 2. sem 2020
112
ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA SOBRE ATLETAS TRANSGÊNERO
NO ESPORTE
Erik Giuseppe Barbosa Pereira1
Rafael Marques Garcia2
Gabriel Frazão Silva Pedrosa3
Resumo: Objetivamos analisar a produção científica relacionada à
participação de atletas transgênero em competições esportivas a partir da
data de publicação do consenso de 2015 do COI sobre redesignação de sexo e
hiperandrogenismo. Para tanto, valemo-nos da técnica de análise bibliométrica
para coletar nossos dados nas bases científicas SciELO, PubMed, BVS, Web
of Science and Scopus. Encontramos 10 trabalhos escritos por 27 autores/as
filiados a 17 instituições de 5 países diferentes, concentrados na Europa e nos
Estados Unidos, com destaque relevante para intervenções qualitativas que
problematizam socialmente a transgeneridade no esporte.
Palavras-chave: Espor tes; Pessoas transgênero; Bibliometria.
Abstract: We aimed to analyze the scientific production related to the
participation of transgender athletes in sports competitions from the
date of publication of the 2015 IOC Consensus on Sex Reassignment and
Hyperandrogenism. For this, we use the bibliometric analysis technique to
collect our data in the scientific databases SciELO, PubMed, VHL, Web
of Science and Scopus. We found 10 works by 27 authors aliated to 17
institutions from 5 dierent countries, concentrated in Europe and United
States, with emphasis on qualitative interventions that socially problematize
transgender in sport.
Keywords: Sports; Transgender people; Bibliometrics.
1 Doutor em Ciências do Exercício e do Esporte pela UERJ. Professor adjunto da Escola de Educação Física
e Desportos da UFRJ. E-mail: egiuseppe@eefd.ufrj.br. Orcid: http://orcid.org/0000-0001-8129-4378
2 Doutorando em Educação Física pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Física pela UFRJ, Brasil.
E-mail: rafa.mgarcia@hotmail.com. Orcid: http://orcid.org/0000-0002-0837-1493
3 Graduando do curso de Educação Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Brasil.
E-mail: gabrielpsf@yahoo.com.br. Orcid: https://orcid.org/0000-0001-6251-8153
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-
NãoComercial 4.0 Internacional.
113
GÊNERO | Niterói | v. 21 | n. 1 | p. 112-138 | 2. sem 2020
Introdução
De acordo com Jesus (2012) e Le Breton (2014), a categoria “trans”
é um conceito guarda-chuva que contém as diversas maneiras de se (des)
identificar com o sexo/gênero, podendo se dar por meio da transexualidade
(que fixa/marca o sexo/gênero na identificação oposta à que lhe foi atribu-
ída socialmente), da travestilidade (uma identidade que não se reconhece
como homem, preferindo ser tratado por pronomes femininos, porém tam-
bém não se identificando como mulher; podendo atuar como um terceiro
gênero) e da transgeneridade (na qual as pessoas transgênero não se reco-
nhecem no sexo/gênero que lhes foi atribuído, mas não necessariamente
fixam uma identificação estável, estando sua particularidade, justamente,
na capacidade de ser fluido e promover a movência das identificações e
expressões dos corpos à luz das releituras de gêneros).
Como se sabe, a presença de pessoas trans como atletas inseridas em
competições esportivas tem uma enorme significância simbólica que nos
faz refletir acerca da representação desses sujeitos incorporados no meio
social, uma vez que esses espaços podem ser interpretados como inclusivos
e permissionários ao processo de socialização e visibilidade desse público,
muito embora não favoreçam a integração e inclusão dessa parcela atlética
em específico (COELHO; MOURÃO, 2018).
Os estudos sobre pessoas trans na área da Educação Física e Esporte
ainda é recente, concentrando-se predominantemente na área sociocul-
tural. Os autores e autoras que se inclinaram/inclinam a debater sobre
a temática são: Silvana Goellner, Wagner Camargo, Leandro Brito, Erik
Pereira, Ludmila Mourão, Vagner Prado, Neil Franco, Iraquitan Caminha e
Thiago Iwamoto. No que tange às discussões sobre a participação de atle-
tas trans em competições oficiais e, mais especificamente, em edições dos
Jogos Olímpicos, percebe-se notório debate depois da publicação, pelo
Comitê Olímpico Internacional (COI), de seu novo consenso4, em 2015,
para permitir essa atuação (PASSOS, 2016).
O que outrora acontecia apenas nas competições esportivas como
nos Jogos Olímpicos Gays ou “Gay Games”, que foram elaborados com a
finalidade de inclusão de esportistas que não se reconheciam nos ditames
heterossexuais, depois do consenso do COI/2015 abriram-se meios para
inserção de atletas trans para que pudessem participar de competições
4 Reunião de consenso do COI sobre redesignação de sexo e hiperandrogenismo.
Disponível em: https://bit.ly/30ZHuNE. Acesso em 11 set. 2019.

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT