Tratamento teórico-analítico sobre empresas de pequeno porte organizadas na forma de aglomeração produtiva localizada

AutorJanaina Scheffer - Silvio Cario - Rogério Antônio Enderle
Páginas49-77
TRATAMENTO TEÓRICO-ANALÍTICO SOBRE EMPRESAS
DE PEQUENO PORTE ORGANIZADAS NA FORMA DE
AGLOMERAÇÃO PRODUTIVA LOCALIZADA
Janaina Scheffer1
Silvio A. F. Cário2
Rogério A. Enderle3
Resumo
Este texto demonstra que, no contexto do desenvolvimento capitalista
atual, assume relevância a organização de empresas de pequeno porte
em aglomerações produtivas localizadas. Destaca que empresas inse-
ridas em setor comum produzindo produtos semelhantes e próximos e
compartilhando espaços com fornecedores e instituições de apoio criam
melhores condições competitivas. Neste contexto, as empresas criam
condições para explorar as sinergias produtivas, reduzir custos de tran-
sação, acumular capital social e desenvolver processos inovadores.
Palavras-chaves: aglomerações produtivas localizadas, economia de
pequenas empresas, pequena empresa e competitividade.
Classif‌icação JEL: 0180
1. INTRODUÇÂO
As empresas de pequeno porte assumem relevância no contexto do
desenvolvimento das relações capitalistas, em particular, no presente
momento, como partícipes efetivas do processo produtivo que ocorre
1 Mestre em Economia Industrial pela Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail: ninarsch@yahoo.com.br
2 Professor dos Cursos de Graduação e Pós-graduação em Economia da Universidade Federal de Santa Catarina.
E-mail: safcario@cse.ufsc.br
3 Mestre em Economia Industrial pela Universidade Federal de Santa Catarina e Professor da Universidade Regional
de Blumenau – FURB. E-mail: rogerioenderle@yahoo.com.br
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Janaina Scheffer Silvio A. F. Cário Rogério A. Enderle
Textos de Economia, Florianópolis, v.9, n.2, p.50-79, jul./dez.2006
em aglomerados produtivos setorial e territorialmente constituídos.
Concentradas no mesmo espaço geográf‌ico, as empresas de pequeno
porte participam do processo de divisão de trabalho em relações de in-
terdependências produtivas e em formas de cooperação que resultam em
ganhos competitivos coletivos. Por sua vez, a importância de empresas de
pequeno porte no desenvolvimento das relações capitalista não é recen-
te, persegue trajetória histórica sendo preocupação acadêmica de vários
autores, porém, nos dias atuais, tem se tornado o centro da discussão de
estudiosos sobre economia e desenvolvimento regional.
Este texto procura discutir o signif‌icado e a importância das empresas
de pequeno porte organizadas sob a forma de aglomerações produtivas lo-
calizadas. Para tanto, está dividido em sete seções; sendo que nesta 1ª seção
faz-se a introdução; na 2ª seção aponta-se o papel das pequenas empresas no
contexto da reestruturação recente; na 3ª seção aborda-se o tratamento geral
de Marshall para empresas de pequeno porte; na 4ª seção discutem-se as
contribuições existentes sobre distritos industriais; na 5ª seção apresenta-se
o signif‌icado de arranjo produtivo e aspectos de sua dinâmica tecnológica;
na 6ª discutem-se as estruturas de governança em arranjos produtivos, e
por f‌im; na 7ª seção apresentam-se os requisitos para se traçar política de
desenvolvimento para arranjos produtivos locais.
2. EMPRESAS DE PEQUENO PORTE: CARACTERIZAÇÃO GERAL
A partir de f‌ins dos anos de 1960 e início dos anos de 1970, o paradigma
técnico-produtivo entra em crise e emerge um novo padrão com ênfase nas tec-
nologias de informação e de comunicação. Até então, o sistema produtivo apre-
sentava um processo fundamentado na eletromecânica, um sistema de produção
em massa, a produção era intensiva em energia e materiais, estrutura produtiva
verticalizada, elevado grau de hierarquização, centralização das decisões, etc.
Em processo de superação surge novo padrão caracterizado pela f‌lexibilização
da produção, desverticalização do processo produtivo, produção diversif‌icada,
gastos em P&D, multifuncionalidade do trabalhador, fortes relações entre indús-
tria e bancos e estabelecimento de alianças em redes empresariais estratégicas.
Em paralelo, mudanças no marco regulatório expressas pela abertura do
mercado, desregulamentação econômica, privatização de empresas públicas
etc. levam as empresas a processos reestruturantes em suas bases produ-

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