APRESENTAÇÃO

AutorJaqueline Gomes de Jesus
Páginas9-10
GÊNERO | Niterói | v.14 | n.1 | 2.sem.2013 9
APRESENTAÇÃO
Jaqueline Gomes de Jesus
Organizadora
Por ser uma novíssima linha de pensamento e ação, o transfeminismo
passa pelo seu estágio inicial de criação no Brasil, de mãos dadas com o cha-
mado “feminismo de internet”, ou feminismo 2.0, em diálogo com as contri-
buições internacionais, porém sem deixar de considerar as nuances da con-
juntura brasileira.
Seja lá o que vier disto, ele está sendo fundamentado agora, principal-
mente por meio de contradiscursos ao apartheid de gênero, à lógica binarista,
à patologização de identidades e ao silenciamento do protagonismo trans, ge-
ralmente expresso na forma de infantilização de discursos.
O presente dossiê participa de um movimento intelectual e político ex-
tremamente dinâmico, o qual se caracteriza pela promoção de visibilidade às
vozes de pessoas transgênero. Ele atende a uma intensa demanda por mate-
riais acerca da temática, decorrente, no entendimento desta organizadora,
não apenas da ânsia crescente por compreender a população em pauta, suas
demandas e desafios, mas também do ânimo para enfrentar, ou ao menos
questionar, a naturalização das posições marginais impostas à população trans
nesta sociedade.
Alianças e parcerias essas que de modo algum se reduzem ao autorrefe-
renciamento, apresentando-se a partir do reconhecimento da humanidade
de gente considerada abjeta; no mínimo, exótica.
Ciente de que ocorre empoderamento quando as vozes dos excluídos são
valorizadas, optou-se, neste volume, por privilegiar as escritas de jovens pen-
sadores, que reconhecem a diversidade interna da população trans e marcam
presença qualificada nos debates mais atualizados sobre gênero e feminismo,
não raro lançando mão, inteligentemente, de olhares panorâmicos que pro-
vocam reflexões inesperadas, potentes o bastante para causar um estranha-
mento e nos tirar do imobilismo.
O primeiro artigo, Máquinas discursivas, ciborgues e transfeminismo, de Be-
atriz Pagliarini Bagagli, dialoga com a obra de Michel Pêcheux e Donna Ha-
raway para falar do transfeminismo como um acontecimento discursivo que,
ao emergir, tensiona a concepção do gênero como dado, aponta para o corpo
(qualquer um) como território eminentemente simbólico e político.

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT