Apresentação

AutorLuciano José Alvarenga
Ocupação do AutorProfessor em cursos de pós-graduação na PUC Minas
Páginas6-10
APRESENTAÇÃO
Nos vár ios esp aços pol ítico -juríd icos da go vernanç a
amb ient al, mui tas vez es emergem conf lito s com ori gem n as
diferent es o u, não raro, ant agôn icas visões so bre os us os e as
for mas de ap rovei tamento dos be ns na tura is e culturais. A
pro teçã o de um a comu nida de tra dici onal o u o seu deslo came nto
com puls ório pa ra a cons trução de um a usin a h idrel étri ca? A
pre serv ação de um sí tio a rque ológi co, v alios o p ela r emis são a
fat os long ínqu os na hist ória , o u a s ua reti rada a be m da extr ação
min eral ? O estí mulo à agricultura a rtesana l, f undad a no com passo,
nos fl uxos e na dinâmica dos eco ssistemas, ou ao agrone gócio , e m
nom e da s cre scen tes d eman das do merca do global?
Nes ses d ifíc eis d ebate s, pr edom ina u ma visão de bas es
eur ocê ntricas1, q ue ap ela às gicas do lucro, do progres so
mat eria l contín uo e à a utor idade da te cnoci ênci a para
deslegitimar a priori as objeç ões ass ociad as a modos alte rnati vos
de pen sar, senti r, fa zer e v iver. N a arena d e con flito s
soc ioam bientai s, o cie ntifici smo e o te cnic ismo, típic os d e um a
raz ão pro lépt ica2, têm im post o aos di verso s grup os soc iais e aos
seu s luga res um s ignific ado ’n ico de meio amb iente   aq uele
req ueri do para a reali zaçã o d os negócios 3 Assim, nos i nteress es
da c ontínua re produ ção d o c apital e do es tímu lo ao c onsumo,
amb ient es sã o reduzid os às s uas f unciona lidad es de su porte à
pro duçã o, se ndo- lhes negada s, à p arti da, o utras p ossíveis
val orações , sign ific ações e funcion alidades (e cológ icas, es tétic as,
cul tura is, v iven ciais , et c.). Pr evalece a conce pção de um m undo
abs traí do das sub jeti vidades, co nstit uído por ob jetos
qua ntif icáve is, ma nipul ávei s, int ercambiáve is, dis post os n um
esp aço h omogêne o e in difer enci ado, o nde l ugare s são ne utros,
sub ordi nados a um pensa mento mon ocul tural 4 e de stin ados a
rep rodu zir a lógica da co loni zação , que, c omo le mbra MI A COUT O,
não morreu co m as inde pendências 5
É em fac e de sse con texto complexo e de safia dor que as
abo rdag ens das te máticas ambie ntais e da pai sagem deve se
bas ear nu ma j ustiça cog niti va; no resp eito à a utonomi a de
ind ivid ualidades e co letivid ades e na dem ocrac ia epi stemoló gica,
em que haja pa rtici paçã o e escu ta das dife rente s form as de
1 DUSS EL, E. 1492: o enco brimento do out ro; a o rigem do mito d a modern idade. P etrópoli s: Voze s, 1993.
2 S ANTOS, B. S . Pa ra um a soci ologia das ausênci as e uma sociol ogia das emergên cias. Revista Crí tica de
Ciênc ias Soc iais, n. 63, p . 237-2 80, 2002 .
3 ACSE LRAD, H . et a l. Desi gualdad e ambien tal e a cumulaç ão por e spoliaç ão: o qu e está em jogo na ques tão
ambi ental? E-cad ernos CES, n. 17, 2 012. Disponív el em : . Acesso em: 5 j un.
2014, p. 176.
4 Cf r. PÁ DUA, J. A. A “ mente monocult ural” e a ocupaç ão aut oritári a do territó rio b rasil eiro. Prop osta, n.
99, p . 6-12, 2004.
5 COUT O, M. P ensat empos: t extos de opinião . 3.ed. Alfragi de: Cami nho, 200 5, p. 11 .

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