Arqueologia, patrimônio e sociedade: quem define a agenda?
Autor | Lucas de Melo Reis Bueno |
Cargo | Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) |
Páginas | 55-72 |
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Revista Esboços, Florianópolis, v. 18, n. 26, p. 55-72, dez. 2011.
DOI: 10.5007/2175-7976.2011v18n26p55
ARQUEOLOGIA, PATRIMÔNIO E SOCIEDADE: QUEM
DEFINE A AGENDA?
Lucas de Melo Reis Bueno*
Resumo: O objetivo deste texto é contribuir para uma discussão que tem
crescido e ocupado um espaço cada vez mais importante no âmbito da
Arqueologia Brasileira nos últimos anos: o papel da arqueologia e dos
arqueólogos na formulação de políticas de gestão do patrimônio. Para
discutir essa questão apresentaremos uma história da arqueologia no Brasil,
destacando alguns momentos crucias desta trajetória, marcados por formulações
arqueológica. Como veremos, apesar de haver uma ligação estreita entre o
sobre patrimônio, os arqueólogos se esquivaram por muito tempo de tomar à
frente nessa discussão.
Palavras-chave: Arqueologia. Patrimônio. Academia. Educação.
Abstract: This paper intends to add some points in a discussion that has
increased and it’s calling more attention in Brazilian archaeology since a
history of Brazilian archaeology, highlighting some crucial moments of this
Keywords: Archaeology. Heritage. Academy. Education.
* Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). E-mail: lucasreisbueno@gmail.com
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Revista Esboços, Florianópolis, v. 18, n. 26, p. 55-72, dez. 2011.
INTRODUÇÃO
O objetivo deste texto é contribuir para uma discussão que tem crescido
e ocupado um espaço cada vez mais importante no âmbito da Arqueologia
Brasileira nos últimos anos: o papel da arqueologia e dos arqueólogos na
formulação de políticas de gestão do patrimônio. O impulso para essa discussão
que acarretam compromissos sociais, políticos, culturais.1
Essa postura ou essa perspectiva independe do tema, da região, do
alternativa para a Arqueologia – todo discurso envolve uma relação de poder
2
Para discutir essa questão apresentaremos uma história da arqueologia
no Brasil, destacando alguns momentos crucias desta trajetória, marcados por
íntima relação existente entre o processo de consolidação da Arqueologia
que é Patrimônio Arqueológico em termos jurídicos. Como veremos, apesar
de haver uma ligação estreita entre o ingresso da arqueologia na academia
esquivaram por muito tempo de tomar à frente nessa discussão.
ARQUEOLOGIA, SPHAN E O ESTADO NOVO
A Arqueologia, entendida enquanto discurso construído a partir de fontes
materiais, remonta, no Brasil, ao início do século XIX.3 Com papel importante
nas discussões sobre construção de uma ideia de nação, a arqueologia realizada
durante o Império e a República procura gerar subsídios para elabração de
discursos a respeito da origem e organização social dos grupos indígenas.4
passam a ser os principais locais de produção e disseminação do conhecimento
arqueológico na sociedade nacional.5 Durante esse período a Arqueologia
brasileira vivencia uma intensa produtividade, com inúmeros artigos e trabalhos
publicados em âmbito nacional e internacional.
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