As Competências Centrais do Sucessor de Negócios Familiares a partir das Representações Sociais de Fundadores, Gestores e Herdeiros

AutorMarcela de Freitas Thomas, Marcia Juliana d'Angelo, Arilda Magna Campagnaro Teixeira, Sergio Augusto Pereira Bastos
CargoFucape Business School/Fucape Business School/Fucape Business School
Páginas133-151
R C A
As Competências Centrais do Sucessor de Negócios Familiares a partir das Representações Sociais de Fundadores, Gestores e Herdeiros
Esta obra está sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso.
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ABSTRACT
Este estudo identifica as competências do sucessor de
empresas familiares a partir das representações sociais dos
fundadores, sucessores, gestores e herdeiro, pouco investi-
gado pela literatura nacional e internacional. Trata-se de uma
pesquisa mista – qualitativa e quantitativa – que utilizou a
técnica de evocação de palavras para analisar os dados de 76
respondentes, que evocaram 367 competências agrupadas
em 56 categorias. As evidências indicam dez competências
centrais: estar preparado, ser responsável e comprometido,
saber gerir o negócio, ser líder e saber liderar, ser respeitador,
ético, perpetuador da cultura da organização, resiliente e visio-
nário. Tais competências demonstram como este grupo, com
base nas experiências e vivências diárias, percebe o sucessor
da empresa familiar, indicando que um gestor possuidor des-
sas competências pode ter mais chance de obter resultados
positivos para o negócio.
Key-words: Empresas Familiares. Competências centrais.
Sucessão. Representações Sociais.
RESUMO
This study identies the family business successor’s compe-
tencies from founders, successors, managers and heirs’ social
representations, which is little investigated by national and
international literature. It is a mixed research – qualitative
and quantitative – that used the technique of evoking words
to analyze the data of 76 respondents, who evoked 367 com-
petencies grouped in 56 categories. The evidence indicates
ten core competencies: being prepared, responsible and
committed; knowing how to manage the business; being a
leader and knowing how to lead; being respectful, ethical, and
a perpetrator of the organization’s culture; and being resilient
and visionary. Based on daily experiences and experiences,
such competencies demonstrate how this group perceives
the successor of the family business, indicating that a manager
possessing these competencies may have a greater chance of
obtaining favorable results for the business.
Palavras-Chave: Family Businesses. Core competencies. Suc-
cession. Social Representations.
As Competências Centrais do Sucessor de Negócios Familiares a partir
das Representações Sociais de Fundadores, Gestores e Herdeiros
The Core Competencies of the Family Business Successor from the
Social Representations of Founders, Managers and Heirs
Marcela de Freitas Thomas
email: mft.marcela@gmail.com
https://orcid.org/0000-0002-2644-0261
Marcia Juliana d’Angelo
Fucape Business School
email: marciadangelo@fucape.br
https://orcid.org/0000-0003-1436-5812
Arilda MagnaCampanaro Teixeira
Fucape Business School
email: arilda@fucape.br
https://orcid.org/0000-0002-7697-0439
Sergio Augusto Pereira Bastos
Fucape Business School
email: sbastos@fucape.br
https://orcid.org/0000-0002-5697-3624
DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8077.2022.e80168
Submetido: 21/03/2021
Aceito: 30/11/2022
Marcela de Freitas Thomas • Marcia Juliana d’Angelo • Arilda MagnaCampanaro Teixeira • Sergio Augusto Pereira Bastos
Revista de Ciências da Administração • v. 24, n. 64, p. 133-151, set.-dez. 2022
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R C A
1 INTRODUÇÃO
As empresas familiares são responsáveis por
grandes estruturas de negócios, gerando grande
parte dos empregos e receitas em todos os países do
mundo, exercendo papel signicante no crescimento
do produto interno bruto, na geração de empregos, e
movimentando a economia de vários países (Gagne,
Marwich, Pontet, & Wrosch, 2019). Em comparação
com as empresas não familiares, têm taxas de cresci-
mento mais altas principalmente em ambientes insti-
tucionais estáveis e democráticos (Miroshnychenko,
De Massis, Miller, & Barontini, 2021) e autocráticos,
mas não em anocracias (Lohwasser, Hoch, & Kell-
ermanns, 2022). Contudo, se comprometem menos
com uma gestão voltada para a sustentabilidade, no
que se refere à implementação de práticas verdes
e marketing verde (Miroshnychenko & De Massis,
2022).
No entanto, as estatísticas revelam que mais
de 70% das empresas familiares encerraram suas
atividades devido ao desao da sucessão (Lee, Zhao,
& Lu, 2019). O percentual de empresas familiares
que ultrapassam a primeira geração é de um terço,
e somente cerca de 15% vão conseguir ultrapassar
a segunda geração (Porrio, Carilho, Hassid, & Ro-
drigues, 2019).
Logo, um dos fatores que pode contribuir para
a sobrevivência, sucesso e sustentabilidade desses
negócios é a sucessão efetiva (Ghee, Ibrahim, &
Abdul-Halim, 2015), um processo crítico para a so-
brevivência das empresas (Hillen & Lavarda, 2020;
Richards, Nadine, Kammerlander, & Zellweger, 2019;
Mair & Bitsch, 2018; Teston & Filippim, 2016; Costa,
Nunes, Grzybovski, Guimarães, & Assis, 2015). O
processo sucessório não é visto somente como uma
transição de liderança de uma geração para outra;
envolve também a transferência de patrimônio, va-
lores de família (Liu, 2018), questões nanceiras e
emocionais (Mahto, Chen, McDowell, & Ahluwalia,
2019). Embora Lévesque e Subramanian (2022) en-
tendem que o esse planejamento sucessório parte de
uma reorientação estratégica, comunicado de forma
apropriada para todo o grupo familiar para que haja
expansão dos horizontes do negócio.
Diante deste contexto, a sucessão pode ser vista
como um momento de renovação, de crescimento
e fortalecimento para as organizações (Hillen &
Lavarda, 2020). Portanto, dene-se a sucessão como
um conjunto de ações, eventos e acontecimentos ao
longo da transferência de poder de um membro da
família para outro (Teston & Filippim, 2016). É con-
siderado um modelo de herança convencional, no
qual os negócios da família são passados de geração
em geração (Liu, 2018), o que distingue as empresas
familiares das empresas não familiares (Mahto et al.,
2019).
Um dos fatores críticos na sucessão, é a escolha
do sucessor, que terá como características básicas
seu desejo e capacitação para assumir os negócios
da família (Richards, Kammerlander, & Zellweger,
2019). Diz respeito à escolha e capacitação de candi-
datos para assegurar resultados positivos duradouros
(Porrio et al., 2019). Quanto maior o alinhamento
entre os objetivos pessoais e da empresa, maiores as
chances de o processo sucessório ser bem-sucedido
(Teston & Filippim, 2016).
Embora Costa et al. (2015) tenham mostrado
que nas pequenas e médias empresas mineiras há a
predominância da escolha do lho mais velho para
ser o sucessor dos negócios, quando os sucessores não
são preparados e não há planejamento da sucessão,
essas empresas podem ter problemas nanceiros.
Desta forma, um sucessor precisa de uma preparação
ecaz, ser empoderado para assumir os negócios, por
meio da capacitação, demonstrando conhecimento e
preparo para administrar a empresa (Ghee, Ibrahim,
& Abdul-Halim, 2015). Trata-se de uma condição
necessária para dar continuidade aos negócios ba-
seada em fatores como a inuência do fundador,
socialização do sucessor e a interação entre diversas
formas de aprendizagem individual experiencial
(Teston & Filippim, 2016).
Por isso, o foco nas competências do sucessor,
que será o presidente da empresa familiar, para sal-
vaguardar os interesses dos stakeholders. Trata-se, por
exemplo, das competências de gestão, empreendedo-
ras, estratégicas, do ciclo familiar que podem ser fonte
de vantagem competitiva para a empresa familiar e
impactar de forma positiva o desempenho do negócio,
desde que sejam valiosas, raras, difíceis de serem
copiadas e exploradas pela organização (Molly, Arijs,
& Lambrecht, 2015).

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