As limitações dos sistemas de metas

AutorMário Teixeira Reis Neto - João Henrique Soares do Couto - Carlos Alberto Gonçalves
CargoDoutor em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Professor do Programa de Mestrado em Administração do Centro Universitário UNA. End.: Rua Guajajaras 175 ? 1º andar ? Centro ? Belo Horizonte ? MG. CEP: 30180 100 - Brasil - Mestrando em Administração pela Universidade Fumec. End.: Av. Afonso Pena nº 3880 ? 1º andar ? ...
Páginas112-132
112 Revista de Ciências da Administração • v. 13, n. 29, p. 112-132, jan/abr 2011
Mário Teixeira Reis Neto • João Henrique Soares do Couto • Carlos Alberto Gonçalves
As Limitações dos Sistemas de Metas
Mário Teixeira Reis Neto1
João Henrique Soares do Couto2
Carlos Alberto Gonçalves3
Resumo
Neste ambiente de grandes incertezas em que as organizações estão inseridas, a
correta utilização de um sistema de medição pode significar vantagem competitiva
e desempenho. Este ensaio procura esclarecer os limites dos sistemas de medição,
verificando se a utilização de metas de resultado é suficiente para que uma empresa
tenha um desempenho superior. O objetivo é analisar a teoria das metas sob um
olhar crítico, observando os limites da utilização de diversos tipos de metas, até
mesmo no serviço público. Buscou-se fazer uma análise das pesquisas dos autores
que defendem a utilização de metas para se ter desempenho e, a partir das suas
premissas, analisar os estudos dos autores que as criticam, mostrando que elas
podem causar, dependendo da situação, sérios danos financeiros e à imagem da
organização. Após essa análise, verificou-se que as metas possuem um importante
papel no aumento do desempenho da organização, todavia, deve-se ter certo
cuidado na sua utilização, pois elas podem levar as pessoas a comportamentos
não éticos, à inibição da cooperação e do aprendizado organizacional, entre outros.
Palavras-chave: Metas. Teoria das metas. Limites da teoria das metas. Sistemas
de medição.
1. Introdução
As organizações estão inseridas em um ambiente institucional de gran-
des incertezas, fruto das mudanças ocorridas na nova economia, como o
1 Doutor em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Professor do Programa de Mestrado em Administração do
Centro Universitário UNA. End.: Rua Guajajaras 175 – 1º andar – Centro – Belo Horizonte – MG. CEP: 30180 100 - Brasil. E-mail:
mario.reis@prointernet.com.br.
2 Mestrando em Administração pela Universidade Fumec. End.: Av. Afonso Pena nº 3880 – 1º andar – Cruzeiro, Belo Horizonte – MG. CEP:
30310 009 – Brasil. E-mail: jhcouto@hotmail.com.
3 Doutor em Administração pela Universidade de São Paulo – USP. Professor do Programa de Mestrado e Doutorado da Universidade Fumec.
End.: Av. Afonso Pena nº 3880 – 1º andar – Cruzeiro, Belo Horizonte – MG. CEP: 30310 009 – Brasil. E-mail: carlos@face.ufmg.br.
Artigo recebido em: 03/04/2010. Aceito em: 07/12/2010. Membro do Corpo Editorial Científico responsável pelo processo editorial: Rolando
Juan Soliz Estrada.
Esta obra está sob a Licença Creative Commons Atribuição-Uso.
DOI: 10.5007/2175-8077.2011v13n29p112
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As Limitações dos Sistemas de Metas
advento de novas tecnologias da informação (ZANINI; LUSK; WOLFF, 2009).
Segundo Zanini, Lusk e Wolff (2009), a incerteza ambiental, na forma da
ausência de informações, afeta consideravelmente o comportamento huma-
no nas organizações, restringindo o desenvolvimento de confiança, devido
ao consequente aumento da incerteza comportamental. Nota-se, então, que
essa incerteza não é algo desejável para as organizações, considerando que
ela restringe o desenvolvimento de confiança interna.
Nesta nova realidade, em que a incerteza se caracteriza como um fator
preponderante, Locke e Latham (1990; 2006) constataram que o processo
de medição e aferição de metas se torna muito importante para dar uma dire-
ção para as empresas e, assim, obter melhores resultados. Os autores tam-
bém observam que os executivos compreendem a grande importância de se
medir o desempenho da empresa e de se aferir metas.
Um sistema de metas, todavia, deve estar alinhado com as estratégias
da empresa. A formulação da estratégia, considerando seu aspecto clássico
formal, baseia-se na ideia de escolher uma entre as várias alternativas de
rumos da organização e seguir o rumo escolhido por um determinado tem-
po. O objetivo geral é sempre adquirir competitividade estratégica e obter
resultados superiores, considerando que a empresa tenha como intenção
perpetuar no tempo. Nesse sentido, a empresa deve definir sua missão, visão,
princípios organizacionais, objetivos e indicadores estratégicos (HITT;
IRELAND; HOSKISSON, 2008; KAPLAN; NORTON, 1997).
Após a formulação da estratégia, o próximo passo é a sua
implementação. Essa etapa consiste nas ações estratégicas e nos controles
organizacionais, realizados principalmente por meio de um sistema de metas
(SIMON, 2000). Hitt, Ireland e Hoskisson (2008) concordam com Simon
(2000) e observam que, para a implementação da estratégia, necessita-se
também de um bom sistema de governança corporativa, além de um bom
sistema de controles internos e de uma estrutura organizacional adequada.
Os controles organizacionais, por sua vez, guiam a implementação da
estratégia, mostram como comparar os resultados obtidos em relação aos pla-
nejados e direcionam ações corretivas a serem realizadas quando a diferen-
ça entre esses últimos é inaceitável. Os controles são baseados em um siste-
ma de metas a serem cumpridas de acordo com a estratégia da empresa.
Segundo Kaplan e Norton (1997), um sistema de medição pode se tor-
nar um fator de vantagem competitiva em um ambiente de incertezas, pois
ele tem como premissa melhorar o desempenho da organização. Para os au-

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