Assassinato de mulheres e direitos humanos

AutorTania Regina Zimmermann
CargoProfessora da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul e doutoranda em História pela UFSC.
Páginas173-176

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Tania Regina Zimmermann1

BLAY, Eva Alterman. Assassinato de mulheres e direitos humanos. São Paulo: Editora 34, 2008. 248 p.

Autora de diversas obras sobre as relações de gênero, como Igualdade de oportunidade para as mulheres e Mulheres na USP: horizontes que se abrem, publicados pela editora Humanitas, Eva Blay é socióloga e professora aposentada do departamento de Sociologia da FFLCH e da Faculdade de Direito da USP. Atualmente, ela é coordenadora do Núcleo de Estudos da Mulher e Relações Sociais de Gênero (NEMGE) e professora de programas de pósgraduação em Sociologia e Direito na USP.

Nesta obra, Blay apresenta o resultado de uma pesquisa que abrange uma década de assassinatos contra mulheres. Neste estudo, a autora pesquisou 669 boletins de ocorrência (BOs) registrados nas Delegacias de Polícia em 1998, casos de jornais e revistas (O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo e Diário Popular, Veja, Isto É), programas de rádio, internet e televisão, amostra quantitativa de processos criminais de 5 Fóruns do Júri do ano de 1997, entrevistas com juízes, promotores públicos e advogadas/os, além de indicadores socioculturais específicos de mulheres e homens em situação de violência. A partir destas fontes, Eva Blay apurou que, de cada dez mulheres assassinadas na capital São Paulo, sete foram mortas por pessoas conhecidas, como parceiros afetivos, excompanheiros, noivos e namorados. Os dados dos boletins de ocorrência resultaram na análise de 669 BOs, nos quais foram registrados 285 homicídios e 384 tentativas de homicídio contra mulheres. Para a autora, o que moveu a maioria destes atos de violência foi o ódio e a vingança de homens que, no limite da dominação masculina, mataram as mulheres.

Os propósitos da pesquisadora, nesta obra, foram transpor a maioria das pesquisas centradas nos estudos e na estreiteza do conceito de violência doméstica, observando que a maioria dos casos de assassinato de mulheres ocorreu com homens de seu convívio social e afetivo; estender seu estudo a todas as faixas etárias de mulheres e a todas as classes sociais; e estabelecer o compromisso da pesquisa para com políticas públicas transversais de gênero no Brasil.

O livro está dividido em seis capítulos. No primeiro, O silêncio dos dados, a autora apresenta as fontes sobre as quais é possível dar visibilidade à violência

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contra as mulheres apesar da dispersão e da diversidade dessas fontes. Blay enfrentou a falta de sistematização dos...

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