Solidariedade assimétrica: capital social, hierarquia e êxito em um empreendimento de ?economia solidária?

AutorMarcelo Kunrath Silva - Gerson de Lima Oliveira
CargoPós-Doutor pela Brown University, Rhode Island, EUA - Bacharel em Ciências Sociais pela UFRGS
Páginas59-67
59
Rev. Katál. Florianópolis v. 12 n. 1 p. 59-67 jan./jun. 2009
Solidariedade assimétrica: capital social, hierarquia e
êxito em um empreendimento de economia solidária
Marcelo Kunrath Silva
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Solidariedade assimétrica: capital social, hierarquia e êxito em um empreendimento de “economia
solidária”
Resumo: O objetivo deste artigo1 é analisar como se estruturam as relações internas em uma cooperativa autogerida, a fim de identificar
os fatores que possibilitam – ou bloqueiam – a instituição do modelo igualitário, proposto pela economia solidária. Partindo da hipótese
de que a desigualdade em termos da distribuição de capital social tende a ser um importante fator explicativo da hierarquia nas posições
ocupadas pelos participantes de empreendimentos econômicos populares, utiliza-se a análise de redes sociais como recurso metodológico
para apreender as relações entre os membros da cooperativa pesquisada. As significativas assimetrias observadas nestas relações são
explicadas, em grande medida, pela marcante concentração de capital social por uma das trabalhadoras, que, praticamente, monopoliza
as relações da cooperativa com agentes externos em posições institucionais privilegiadas. O alto estoque de capital social concentrado
por esta trabalhadora limita a possibilidade de instituição de relações igualitárias entre os membros da cooperativa pesquisada, ao mesmo
tempo em que, paradoxalmente, constitui-se em um importante fator para o êxito econômico do empreendimento, ao possibilitar o
acesso a recursos e a oportunidades fundamentais para tal êxito.
Palavras-chave: economia solidária, capital social, cooperativismo, redes sociais.
Asymmetric Solidarity: Social Capital, Hierarchy and Success in a “Solidarity Economics” Enterprise
Abstract: The purpose of this article is to analyze how the internal relations in a self-generating cooperative are structured, in order to
identify the factors that permit – or block – the institution of an egalitarian model, as proposed by solidarity economics. Based on the
hypothesis that inequality in terms of the distribution of social capital tends to be an important factor in establishing the hierarchy of
positions occupied by participants of popular economic enterprises, it uses the analysis of social networks as a methodology to learn
about the relations between the members of the cooperative studied. The significant asymmetries observed in these relationships are
explained, to a large degree, by the strong concentration of social capital held by one of the women workers, who practically monopolizes
the relations of the cooperative with outside agents in important institutional positions. The high stock of social capital concentrated
by this worker limits the ability of the institution to have egalitarian relations among the cooperative members, while paradoxically, it
constitutes an important factor for the economic success of the operation, by allowing access to resources and opportunities essential
to this success.
Key words: solidarity economics, social capital, cooperative movement, social networks.
Recebido em 30.10.2008. Aprovado em 23.01.2009.
ESTUDO
Gerson de Lima Oliveira
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

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