A BALANÇA DE EFA: UMA ANÁLISE QUANTITATIVA DE RAÇA E GÊNERO SOBRE A INSERÇÃO DE NEGROS E NEGRAS NO MAGISTÉRIO SUPERIOR DA UFBA (2016-2017)

AutorÂngela Ernestina Cardoso de Brito
Páginas06-25
GÊNERO|Niterói|v.18|n.1|6|2. sem.2017
A BALANÇA DE EFA: UMA ANÁLISE QUANTITATIVA DE
RAÇA E GÊNERO SOBRE A INSERÇÃO DE NEGROS E
NEGRAS NO MAGISTÉRIO SUPERIOR DA UFBA (2016-
2017)
Ângela Ernestina Cardoso de Brito1
Resumo: O trabalho analisa a entrada de homens e mulheres dos distintos
segmentos raciais nas cátedras doensino superior, por meio de concurso público,
na UFBA. Para a análise dos dados quantitativos utilizamos o índice de paridade racial
(IPR) e o índice de paridade de gênero(IPG). O artigo apresenta resultados das áreas
de conhecimento I e II da UFBA, envolvendo um total de 1.252 professores(as)
participantes. Desse total, 1.016 são professores(as) brancos(as) e apenas 236
professores(as) negros(as). O estudo revela a presença pontual e inexpressiva de
homens e mulheres negros(as) na docência do ensino superior da UFBA.
Palavras chaves: professores negros; ensino superior; raça; gênero.
Abstract: The paper analyzes the entry of men and women of the dierent racial
segments into the chairs of higher education, through a public competition, at
the UFBA. The indicator used for analysis of the quantitative data was the racial
parity index (IPR) and the gender parity index (IPG). The article presents results
from the areas of knowledge I and II of UFBA, In a total of 1,252 participating
professors, of this phase of the research, 1,016 are White professors and only 236
Black professors. The studies highlight the punctual and inexpressive presence of
Black men and women in UFBA’s teaching of higher education.
Keywords: black teachers; higher education; race; genre.
Introdução
A realização dessa pesquisa foi motivada pela leitura do artigo “Doutoras
professoras negras, o que nos dizem os indicadores oficiais”, no qual sua autora,
Joselina da Silva (2010), manifestou sua indignação diante de um estudo
1 Doutora em Política Social. Professora Adjunta do curso de Serviço Social da Universidade Federal da Bahia.
E-mail: angela.ernestina@ua.br.
p.006-025
GÊNERO|Niterói|v.18|n.1| 7|2. sem.2017
realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep), denominado “Mulher na Educação Brasileira Superior Brasileira,
1991 –2005”, que apresenta dados importantes sobre a educação universitária
no Brasil, mas desconsidera a variável “raça”. Silva (2010) salienta a necessidade
deprodução de investigações científicas que levem em conta a intersecção entre
gênero e raça no ingresso de professores e professoras negros (as) nas cátedras
do ensino superior2.
Lamentavelmente, ainda não dispomos de estudos que apresentem indicadores
substanciais, que considerem a intersecção entre gênero e a condição racial sobre
o ingresso e a situação de professores (as) negros (as) admitidos por meio de
concurso publico no ensino superior brasileiro.
Estudos realizados por Barroso e Mello (1975) e Rosemberg (1983; 1994)
assinalaram o crescimento da participação das mulheres brancas no ensino entre
1956 e 1971. Embora as autoras tenham avançado na produção de conhecimento
sobre o progresso educacional no campo do gênero, no que diz respeito às
questões relativas à inserção da mulher no ensino superior, infelizmente,deixaram
de abordar essa mesma temática desde o ponto de vista racial. Passos (1997), em
pesquisa semelhante à nossa, realizou um estudo sobre o acesso de estudantes
ao ensino superior na Universidade Federal da Bahianos anos de 1974 a 1994,
mas também sem o recorte racial.Posteriormente, em 2007, o INEP publicou
o estudo “A mulher na educação superior Brasileira: 1991-2005”, estudo amplo
e minucioso sobre o acesso no ensino superior, mas que igualmente não incluiu a
variável raça na análise.
Uma mudança nesse quadro teve início na década de 2000. Nela, Queiroz
(2006) realizou um estudo pioneiro, onde retrata a inserção de discentes brancos
e negros nas carreiras de graduação da UFBA. Já Pinto (2007) apresentou
trabalho, por meio de dados quantitativos, referentesao perfil racial e de sexo
dos cursos de mestrado da Universidade Federal Fluminense (UFF), no período
2004-2006. O estudo concluiu que as mulheres negras, considerando-se as
pretas e pardas, “desfrutam pouco das vantagens conquistadas pelas mulheres
brancas” (PINTO: 2007, p. 23). Silva (2010), por sua vez, analisando estudo
2 Agradecimentos à professora Delcele Mascarenhas Queiroz que, por meio de conversas, incentivou, opinou,
sugeriu e contribuiu nodesenvolvimento da pesquisa de campo.
p.006-025

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT