Capítulo 1 - Sinais e sintomas da alienação parental

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CAPíTulo 1
SINAIS E SINToMAS DA AlIENAÇÃo PARENTAl
“Meu lho se soltou demais comigo nesse nal de
semana... total liberdade, brincou comigo… bem
emocionante mesmo. Eu quero te dizer que o aliena-
dor tem medo, se a Justiça fosse aplicada, existiriam
menos alienações no Brasil, porque há punição:
ela intimida.”
Fala de um pai que estava sofrendo alienação pa-
rental por parte da ex-esposa, e que retomou a con-
vivência com o lho, após a ex-esposa ter tomado
ciência dos Laudos Psicológicos feitos pela Perita do
Juízo e a Psicóloga Assistente Técnica contratada do
pai. Ambos os Laudos indicaram a prática de atos de
alienação parental por parte da genitora.
Caminho percorrido
Ingressei como Psicóloga do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro no ano
de 1998, primeiro concurso e fui lotada em uma Vara de Família da Capital. Na ocasião,
não havia muita demanda porque os Juízes não conheciam a utilidade do trabalho do
psicólogo e nós psicólogos também não sabíamos exatamente de que forma podería-
mos colaborar. Então, eu combinei com a Juíza que eu caria assistindo audiências de
conciliação a m de entender como se davam os conitos de família judicializados.
Depois de alguns meses, ouvindo diariamente queixas dos jurisdicionados nas
audiências, comecei a perceber que havia um fenômeno relativamente comum na
Comarca da Capital: os lhos cavam sob a guarda da mãe e os pais “visitavam” os
lhos nos nais de semana alternados. As aspas foram colocadas propositalmente
para indicar que naquela época os pais se contentavam em ser visita, fenômeno que
atualmente vem sofrendo modicações, não só pelo advento da Lei da Guarda Com-
partilhada, mas também pela necessidade que hoje a mulher moderna tem de dividir
as tarefas domésticas com o/a companheiro/a, incluindo aí os cuidados com os lhos.
No ano de 2000, eu atendi um pai que sofria uma alienação parental há muitos
anos e que perdeu o contato com a lha mais velha, lutando no processo para manter
o contato com a lha de treze anos de idade. Ele me apresentou um livro em inglês que
falava do fenômeno da alienação parental. Eu nunca tinha ouvido falar nesse nome,
mas eu conhecia as características do que seria um fenômeno de alienação parental
e a sensação que eu tive foi que “nalmente alguém conseguiu traduzir em palavras
algo que eu vejo acontecer diariamente no Tribunal”.
A partir daí eu criei um grupo de estudos semanal com as minhas colegas psicó-
logas onde cada uma de nós cou responsável por acrescentar pesquisas sobre o tema.
No ano de 2002 realizamos o primeiro Simpósio envolvendo o tema da Alienação
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