Colaboração brasileira com autores da Austrália, Canadá, Estados Unidos e Reino Unido e o desempenho das universidades no ranking arwugras

AutorSamile Andrea de Souza Vanz, Domingo Docampo
CargoDoutora, professora associada Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Departamento de Ciências da Informação, Porto Alegre, Brasil samilevanz@terra.com.br samile.vanz@ufrgs.br / Professor Universidade de Vigo, AtlantTIC, Vigo, Espanha ddocampo@uvigo.es
Páginas142-162
Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informaç ão, Florianópolis, v. 27, p. 01-21, 2022.
Universidade Federal de Santa Catarina. ISSN 1518-2924. DOI: ht tps://doi.org/10.5007/1518-2924.2022.e84306
Artigo
Original
COLABORAÇÃO BRASILEIRA COM AUTORES DA
AUSTRÁLIA, CANADÁ, ESTADOS UNIDOS E REINO
UNIDO E O DESEMPENHO DAS UNIVERSIDADES NO
RANKING ARWUGRAS
Brazilian collaboration with australian, canadian, united states and uk authors and the performance
of universities in the arwugras ranking
Samile Andrea de Souza Vanz
Doutora, professora associada
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Departamento de Ciências da Informação, Porto Alegre, Brasil
samilevanz@terra.com.br samile.vanz@ufrgs.br
https://orcid.org/0000-0003-0549-4567
Domingo Docampo
Professor
Universidade de Vigo, AtlantTIC, Vigo, Espanha
ddocampo@uvigo.es
https://orcid.org/0000-0001-6864-1232
A lista completa com informações dos autores está no final do artigo
RESUMO
Objetivo: identificar as disciplinas e universidades brasileiras que se beneficiam da colaboração científica com
Austrália, Canadá, Estados Unidos e Reino Unido, visualizado a partir do desem penho no Global Ranking of Academic
Subjects (ARWUGRAS).
Método: estudo exploratório que identificou os artigos brasileiros indexados no InCites entre 2010-2019, e recalculou
pesos para artigos em colaboração com os quatro países de língua inglesa. Os dados do InCites foram cotejados com o
desempenho das universidades brasileiras presentes nas 54 disciplinas do ARWUGRAS edição 2021.
Resultados: o Brasil figura em 39 das 54 disciplinas do ARWUGRAS, com a presença de 49 diferentes universidades
brasileiras. Ao se retirar a colaboração internacional com países de língua inglesa, observou -se alteração no
posicionamento das universidades brasileiras na lista de classificação. Os testes estatísticos demonstram vantagem
significativa para a colaboração com estes países, considerando todas as disc iplinas juntas. Quando testadas de forma
específica por grandes áreas, observou-se que não há ganho significativo para Engenharias e Ciências da Vi da, mas há
resultados significativos para a vantagem apresentada pelas Ciências Naturais e Ciências da Saúde.
Conclusão: a análise do desempenho das universidades brasileiras no ARWUGRAS demonstrou que há vantagem no
posicionamento destas quando existe colaboração com autores provenientes da Austrália, Canadá, Estados Unidos e
Reino Unido.
PALAVRAS-CHAVE: Colaboração científica. Análise de citações. Autor de c orrespondência. Universidades brasile iras.
Rankings universitários. ARWUGRAS.
ABSTRACT
Objective: identify the Brazilian disciplines and universities that benefit from scientific collaboration with Australia,
Canada, the United States and the United Kingdom, visualized based on their performance in the Global Ranking of
Academic Subjects (ARWUGRAS).
Method: exploratory study that identified Brazilian papers indexed in InCites between 2010-2019, and recalculated
weights for articles in collaboration with the four English-speaking countries. InCites data were compared with the
performance of Brazilian universities present in the 54 disciplines of ARWUGRAS edition 2021.
Results: Brazil figures in 39 of the 54 ARWUGRAS disciplines, with the presence of 49 different Brazilian universities.
When papers in international collaboration with English-speaking countries was removed, there was a change in the
position of Brazilian universities in the ranking list. Statistical tests demonstrate a significant advantage for collaboration
with these countries, considering all disciplines together. When specifically tested by large areas, it was observed that
there is no significant gain for Engineering and Life Sciences, but there are significant results for the advantage
presented by Natural Sciences and Health Sciences.
Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, Florianópolis, v. 27, p. 01-21, 2022.
Universidade Federal de Santa Catarina. ISSN 1518-2924. DOI: ht tps://doi.org/10.5007/1518-2924.2022.e84306
2
Conclusion: the analysis of the performance of Brazilian universities in the ARWUGRAS sh owed that there is an
advantage in their positioning when there is collaboration with authors from Australia, Canada, the Uni ted States and the
United Kingdom.
KEYWORDS: Scientific collaboration. Citation analysis. Corresponding author. Brazilian universities. University rankings.
ARWUGRAS.
1 INTRODUÇÃO
A colaboração científica tem suas origens datadas na época em que iniciou a
profissionalização da ciência, no século XVII. Conforme Wagner (2008), o termo colégios
invisíveis foi cunhado por Comenius em uma reunião de experimentalistas britânicos entre
1641 e 1642. Boyle, que participava da reunião, usou o termo em uma carta a seu
orientador em 1645, para descrever a interação entre um pequeno grupo de filósofos
naturais. O primeiro artigo em co-autoria foi publicado logo em seguida - 1665 - por Hone,
Oldenburg, Cassini e Boyle (BEAVER; ROSEN, 1978).
Apesar de ser um fenômeno antigo, a primeira pesquisa a observar o crescimento
na incidência de artigos em coautoria e a sugerir que tais artigos pudessem ser usados
como uma medida aproximada da colaboração entre grupos de pesquisadores foi
publicado por Smith (1958) na American Psychologist, contendo análise dos dados da
própria revista. Alguns anos depois, Solla Price (1976) também defendeu a idéia do uso
da coautoria para estimar a colaboração entre pesquisadores. Utilizando dados do
Chemical Abstracts de 1910 a 1960, o autor mostrou que o número de artigos em co-
autoria passou de menos de 20% em 1910 para mais de 60% em 1960.
Análises atuais dos artigos indexados pela Web of Science demonstram que a
colaboração entre indíviduos e instituições vem crescendo, com médias de 2,2 autores
por artigo em 1980 para 7,0 em 2019; e médias 1,59 instituições em 1980 para 2,66 em
2019. A colaboração internacional, por sua vez, cresceu em ritmo muito mais lento, com
médias de 1,14 países em 1980 para 1,48 em 2019 (ZHIGANG et al., 2020). Isso significa
que o aumento atual da colaboração científica decorre principalmente da ampliação do
tamanho da equipe em colaborações intra-institucionais, ao invés de colaborações
interinstitucionais ou internacionais.
Resultados prévios demonstram que o Brasil alcança maior impacto para artigos
produzidos nacionalmente, que são citados por artigos também domésticos, ou seja,
publicados exclusivamente por brasileiros. No entanto, os artigos brasileiros publicados
em colaboração internacional recebem mais citações internacionais. Tais resultados
decorrem do fato dos países emergentes disporem de menor impacto fora do país, já que

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT