Competências do profissional jornalista na perspectiva da indústria 4.0
| Autor | Jaqueline Andressa Dagnoni - Paula Vieira Santini - Marcos B. L. Dalmau |
| Cargo | Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) |
| Páginas | 22-38 |
Jaqueline Andressa Dagnoni • Paula Vieira Santini • M arcos B. L. Dalmau
R C A
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RESUMO
Este estudo tem como objetivo analisar qual é o perl de
competências do prossional jornalista considerado atrativo
em termos de empregabilidade no contexto da Indústria 4.0,
partindo da premissa de que as tecnologias estão impactando
o mercado de trabalho e exigindo tanto das empresas quanto
dos prossionais adaptações de toda a forma. Para tanto, bus-
cou-se por meio de um estudo predominantemente qualitativo,
através de entrevista semi estruturada, aplicação de questioná-
rio e análise documental, responder a seguinte questão: Quais
as competências prossionais um jornalista deverá apresentar
para continuar atrativo em termos de empregabilidade na
perspectiva da Indústria 4.0?. Foram identicadas competên-
cias da Indústria 4.0 como pensamento analítico e inovação,
criatividade, originalidade, iniciativa, pensamento crítico e
análise em contextos especícos de uso conforme a área de
atuação. Foi possível, inclusive, identicar mais competências
comportamentais do que técnicas nos prossionais quando
consideradas as competências gerais dos jornalistas.
Palavras-Chave: Competências. Indústria 4.0. Tecnologia.
Recursos Humanos.
ABSTRACT
This study aims to analyze what is the competence prole
of the professional journalist considered attractive in terms
of employability in the context of Industry 4.0, based on the
premise that technologies are impacting the labor market
and requiring both companies and professionals to adapt
any shape. Therefore, it was sought through a predominantly
qualitative study, through semi-structured interview, applica-
tion of a questionnaire and document analysis, to answer the
following question: What professional skills should a journalist
present in order to remain attractive in terms of employability
from the perspective of Industry 4.0 ?. Competencies of Indus-
try 4.0 were identied as analytical thinking and innovation,
creativity, originality, initiative, critical thinking and analysis in
specic contexts of use according to the area of operation. It
was even possible to identify more behavioral than technical
skills in professionals when considering the general skills of
journalists.
Key-words: Competences. Industry 4.0. Technology. Human
Resources.
Competências do profissional jornalista
na perspectiva da indústria 4.0
Competences of the journalist professional
in the perspective of industry 4.0
Jaqueline Andressa Dagnoni
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
email: jaquelinedagnoni@hotmail.com
Paula Vieira Santini
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
email: paulavsantini@hotmail.com
Marcos B. L. Dalmau
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
email: professordalmau@gmail.com
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Revista de Ciências da Administração • v. 22, n. 58, p. 22-38 , Dezembro. 2020
DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8077.2020.e78232
Submetido: 14/04/2020
Aceito: 28/03/2021
Competências do prossional jornalista na perspectiva da indústria 4.0
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Revista de Ciências da Administração • v. 22, n. 58, p. 22-38, Dezembro. 2020
1 INTRODUÇÃO
A Indústria 4.0 revolucionou a vida em socie-
dade, a forma como as pessoas se relacionam, assim
como a economia mundial, as empresas e o mercado
de trabalho. Diferente das outras três revoluções
que ocorreram anteriormente na história, a quarta
revolução difunde, de forma rápida e ampla, grandes
inovações e tecnologias emergentes.
A nova revolução industrial tem sido caracteri-
zada pela interação das tecnologias com as dimensões
física, digital e biológica (SCHWAB, 2017). Assim a
Indústria 4.0 vem criando um cenário totalmente
diferente de qualquer outro existente anteriormente,
tendo as características de dinamicidade, conectivi-
dade e rapidez resultantes de uma inserção tecnoló-
gica mais presente nos mais diversos contextos da
sociedade.
Com essa mudança abrupta, tanto as empresas
quanto os profissionais estão sendo obrigados a
acompanharem essa realidade, se adequando às novas
demandas que surgem. Observa-se um gradual desa-
parecimento de empregos tradicionais, baseados ou
não no conhecimento. Novas formas organizacionais
apareceram, e, por isso a natureza do trabalho se mo-
dicou (MORIN, 2001). O modo como a sociedade
enxerga o trabalho vem se modicado ao longo do
tempo gerando, como consequência impactos diver-
sos nos contextos sociais, econômicos e ideológicos
de cada época.
No ambiente organizacional as tecnologias
impactaram profundamente na forma de trabalho.
Tecnologias como big data, inteligência articial,
robôs automatizados e internet of things estão sendo
utilizadas com maior frequência. Como resultado,
verica-se que enquanto a capacidade de processa-
mento cresce exponencialmente, os trabalhos ine-
rentes à diferentes categorias prossionais tendem a
ser automatizados. Desta forma, esta revolução está
criando menos postos de trabalho do que as revolu-
ções anteriores (SCHWAB, 2016).
A velocidade do avanço tecnológico interfere
diretamente na vida e no trabalho de todos. Este
pensamento está aderente ao que armavam Pretto
e Pinto (2006), pois entendiam que o mercado de
trabalho na época da publicação de seu estudo estava
demandando dos prossionais um estado permanen-
te de aprendizado, particularmente em uma realidade
em que já existia o desemprego. Por isso que se pode
concluir que a cada revolução industrial o perl exi-
gido dos trabalhadores se modica, uma vez que as
mudanças contextuais inuenciam na necessidade de
se contar com prossionais mais gabaritados intelec-
tualmente do que manualmente para realizarem suas
obrigações laborais.
O desao da transformação digital nas empresas
é uma realidade presente e vale para todas organiza-
ções independente do tipo, porte ou do lugar onde
estejam. A Indústria da comunicação, por exemplo,
vem sofrendo impactos diretos dessas transformações
emergentes na Indústria 4.0. A maneira com que a
sociedade se comunica e recebe a comunicação está
sendo reinventada e faz-se necessária uma evolução
e readequação dos processos comunicativos para que
estes continuem sendo relevantes, além de cumpri-
rem seu objetivo de transmitir uma mensagem sem
quaisquer ruídos, com velocidade e em diferentes
plataformas.
Uma das áreas que mais sofreu impacto da trans-
formação digital foi a do jornalismo. Ultimamente, é
possível constatar que o mercado editorial tem sofri-
do para manter seus meios de comunicação impresso
em evidência. Devido a isso, colocar uma estratégia
digital em prática torna-se inevitável. Os grandes
jornais já perceberam a nova realidade e já iniciaram
seus processos de transformação. Um exemplo disso
aconteceu com o jornal e New York Times, conhe-
cido mundialmente pelo seu padrão jornalístico de
qualidade, que desde 2011 reconheceu a necessidade
de investir em tecnologias e, por isso, vêm acelerando
suas estratégias de adaptação à era digital.
Todavia, não adianta investir somente em
tecnologias. Deve-se contar, da mesma forma, com
prossionais imbuídos de um novo espírito e um
novo rol de competências para trabalhar com tais
demandas. A necessidade de saber trabalhar com o
digital se torna preponderante frente a este cenário
repleto de possibilidades.
No Brasil e, em especial em Santa Catarina, um
grupo de Comunicação considerado como o maior do
estado tem como missão levar conteúdo de qualidade
a toda a região, e, para isso, conta com diversos meios
de comunicação tais como uma emissora de televisão,
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