Competitividade subsetorial e estrutura de capital das empresas brasileiras listadas na B3

AutorFilipi Assunção Oliveira - Anselmo Sebastião Botelho - Wagner Moura Lamounier - Valéria Gama Fully Bressan
CargoUniversidade Federal de Minas Gerais (UFMG) - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Páginas116-133
Filipi Assunção Oliveira • Anselmo Sebastião Botelho • Wagner Moura Lamounier • Valéria Gama Fully Bressan
R C A
Esta obra está sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso.
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ABSTRACT
A pesquisa teve como principal objetivo avaliar o impacto da com-
petitividade de mercado na estrutura de capital das rmas brasileiras
de capital aberto. Para tanto, foi analisada uma amostra 296 empresas
listadas na bolsa de valores brasileira (B3) durante os anos de 2014 a
2018, totalizando 1.409 observações. Os dados foram retirados do Eco-
nomática®. O nível de competitividade de mercado para cada empresa/
ano foi medido com base no índice de Herndahl-Hirschman (HHI).
Utilizou-se dados em painel para vericar se as variáveis “rentabilida-
de”, “tamanho”, “composição dos ativos”, “crescimento” e “competição
de mercado” têm poder explicativo sobre o “endividamento líquido”.
Avaliou-se também a aderência do comportamento destas variáveis
às previsões das teorias do static trade-o e da pecking order. As prin-
cipais constatações apontam para: (i) O nível de competitividade de
mercado brasileiro não foi estatisticamente signicativo para explicar
o comportamento do endividamento das empresas da amostra; e (ii)
as variáveis “rentabilidade”, “tamanho” e “composição dos ativos” se
mostraram estatisticamente signicativas, ao nível de 1%, para explicar
o “endividamento líquido”, e seu comportamento aponta para uma
aderência às expectativas trazidas pela static trade-o theory.
Key-words: Competividade de mercado; estrutura de capital; pecking
order theory; trade-o theory.
RESUMO
The main objective of the research was to assess the impact of
market competitiveness on the capital structure of Brazilian rms.
To this end, a sample of 296 companies listed on the Brazilian stock
exchange (B3) was analyzed during the years 2014 to 2018, totaling
1,409 observations. Data was taken from Economática®. The level
of market competitiveness for each company / year was measured
based on the Herndahl-Hirschman index (HHI). Panel data was used
to verify whether the variables “protability”, “size”, “composition of
assets”, “growth” and “market competition” have explanatory power
over “net indebtedness”. The adherence of the behavior of these
variables to the predictions of the static trade-o and pecking order
theories was also evaluated. The main ndings point to: (i) The level of
competitiveness in the Brazilian market was not statistically signicant
to explain the debt behavior of the companies in the sample; and (ii)
the variables “protability”, “size” and “composition of assets” proved
to be statistically signicant, at the 1% level, to explain the “net debt”,
and its behavior points to an adherence to the expectations brought
by static trade-o theory.
Palavras-Chave: Market competition; capital structure; pecking order
theory, trade-o theory.
Competitividade subsetorial e estrutura de capital
das empresas brasileiras listadas na B3
Subsectorial competitiveness and capital structure
of brazilian B3 public companies
Filipi Assunção Oliveira
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
email: pireino@hotmail.com
Anselmo Sebastião Botelho
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
email: anselmo.botelho@uemg.br
Wagner Moura Lamounier
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
email: wagner@face.ufmg.br
Valéria Gama Fully Bressan
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
email: vfully@face.ufmg.br
DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8077.2021.e80799
Submetido: 19/04/2021
Aceito: 02/12/2021
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Revista de Ciências da Administração • v. 23, n. 61, p. 116-1 33, set.-dez. 2021
Revista de Ciências da Administração • v. 23, n. 61, p. 116-133, set.-dez. 2021 117
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Competitividade subsetorial e estrutura de capital das empresas brasileiras listadas na B3
1 INTRODUÇÃO
A discussão a respeito da forma como uma
empresa deve se nanciar está presente na litera-
tura nanceira desde o estabelecimento do campo
como área de conhecimento, passando por autores
como: Durand (1952) que propunha a existência de
um nível ótimo de nanciamento, onde a empresa
obteria o menor custo de capital disponível através
da utilização dos benefícios econômicos oriundos
da utilização de capital de terceiros; Modigliani
e Miller (1958) que foram na contramão de seus
contemporâneos, armando a inexistência de tal
ponto ótimo e estabelecendo o pressuposto de que,
em condições ideais, a forma de nanciamento da
empresa não inuenciaria no seu valor, e Myers e
Majluf (1984) que analisaram a forma como as em-
presas se nanciavam e concluíram que não havia
uma busca por uma estrutura ótima, mas sim uma
ordem de preferência na utilização das diversas fontes
de nanciamento disponíveis, sendo que as empresas
priorizam os recursos gerados internamente, seguido
pela contração de dívidas e em última instância a
emissão de novas ações.
Apesar de inúmeras pesquisas, como as de Bar-
ros & Famá, 2004; Bastos & Nakamura, 2009; Brito,
Batistella & Corrar, 2007; Claudia, 2013; Correa,
Basso & Nakamura, 2013; David, Nakamura & Bastos,
2009; Fama & French, 2002, Rahman, 2019; Dommes,
Schmitt and Steurer, 2019e Carmo, 2019, discutirem
a respeito deste assunto; ainda não há um consenso
na literatura acerca da existência ou não de um ponto
ótimo de nanciamento, ou uma regra geral de como
as empresas devem se nanciar.
Nesse contexto, o nível de competitividade de
mercado ao qual uma empresa está sujeita surge como
um potencial fator que pode inuenciar na estrutura
de capital adotada. Bender e Ward (2009) ao tratarem
de competitividade e estratégia das empresas classi-
caram os fatores de risco que estas estão sujeitas, em
duas formas: risco do negócio e o risco nanceiro.
O primeiro trata do risco inerente às operações da
empresa, como preço dos insumos, preço nal do
produto, relações c om fornecedores e consumi dores,
enfim, tudo aquilo que influencia diretamente a
geração de receita e uxo de caixa da empresa. Já
a segunda trata exclusivamente da forma de estru-
turação do capital da companhia, ou seja, quanto das
atividades da empresa deve ser nanciado por capital
de terceiros e quanto deve ser nanciado por capital
próprio. Estudos relacionados à competitividade são
considerados relativamente recentes, uma vez que, o
tema só começou a ser explorado de forma incisiva na
década de 1970, quando a indústria norte americana
apresentou constantes perdas de competitividade,
fato que evidenciou o assunto (Possas, 1999).
No cenário global atual, é recorrente observar a
atuação das empresas no sentido de buscar ser o mais
eciente possível. Eciência, nesse caso, para Pinto e
Moura (2011) pode ser resumido em ter um menor
preço para seu produto do que seus concorrentes para
o mesmo nível de qualidade, ou uma maior quali-
dade para o mesmo preço. A literatura em estratégia
que trata de competitividade no mercado tem seu
expoente como sendo Michael Porter, que em 1980
cunhou as cinco grandes forças que são capazes de
gerar o que é conhecido como vantagem competitiva
para a empresa, são elas: os competidores atuais, os
possíveis entrantes, a existência de produtos substi-
tutos, clientes, e fornecedores.
A competitividade, portanto, pode ser um fator
que propulsiona as empresas a inovarem, no sentido
de conseguirem obter uma vantagem em relação a
seus concorrentes - que também estarão procurando
meios de incrementar o seu market share sendo por-
tanto assunto de diversos trabalhos, tais como, Eckard
(1987); Coronel, Machado & Carvalho, (2009); Paula
et al. (2016); Borges (2019); Hermida & Xavier (2018),
abordando a inuência do grau de competitividade
de um setor com as características inerentes as em-
presas nele inseridas. Assim, a principal contribuição
deste artigo será melhorar o entendimento sobre as
dinâmicas e a compreensão do comportamento do
endividamento das empresas, frente as teorias static
trade-o e pecking order, além de, demonstrar os
efeitos da competitividade na sua estruturação de
capital.
Em se tratando da competitividade, este tra-
balho utiliza como forma de mensuração para esta
variável em relação aos setores o Índice de Hern-
dahl-Hirschman. Tal índice procura, através das
informações acerca do market share de cada empresa,
denir o quão monopolizado é aquele setor, sendo
que valores maiores indicam um alto grau de mo-

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