Fatores condicionantes da mortalidade das indústrias do vestuário de Londrina
| Autor | Rosyneide A. Costa dos Santos |
| Cargo | Mestre em Contabilidade e Controladoria pela Universidade Norte do Paraná - UNOPAR. Professora Universitária. Rua Brasil, 862 - Apto. 403 -Londrina - Pr. |
| Páginas | 85-97 |
- Artigo produzido a partir da dissertação de mestrado defendida junto ao programa de pós-gradução stricto sensu em Contabilidade e Controladoria, da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR).
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Os novos fenômenos socioeconômicos denominados de abertura de mercados, globalização, terceirização, entre outros, têm colaborado para o surgimento de um grande número de pequenas e médias empresas, e sabe-se que o índice de mortalidade destas empresas nos três primeiros anos de vida mostra-se bastante elevado. Não podemos considerar que seja normal esta alta taxa de mortalidade, uma vez que as pessoas, as comunidades e as economias são afetadas e até destruídas pela extinção prematura das empresas. Esta mortalidade precoce não pode ser atribuída a um único fator isoladamente, pois as chances de uma empresa encerrar suas atividades dependem de um conjunto de fatores que, quando combinados, podem ampliar ou reduzir o risco de fechamento. O resultado desta pesquisa mostra que 53,93% das indústrias do setor do vestuário de Londrina constituídas no período de 1996 a 1998 fecharam suas portas antes de completarem o terceiro ano de vida, e os principais fatores associados a esta extinção precoce são de ordem estrutural e econômica.
Este artigo tem como objetivos principais:
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Divulgar a taxa de mortalidade das empresas da indústria do vestuário de Londrina, nos três primeiros anos de vida;
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Abordar os principais fatores condicionantes da mortalidade precoce dessas empresas, enfocando as principais armadilhas do negócio.
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Visando atingir as metas de calcular a taxa de mortalidade bem como de identificar os fatores condicionantes dessa mortalidade, desenvolveu-se uma pesquisa de campo, especificamente no setor da indústria do vestuário de Londrina, com um universo de 178 empresas instaladas na cidade, nos anos de 1996 a 1998, cujas atividades se encerraram até o final de 1999, considerando-se apenas aquelas que tinham sobrevivido até o terceiro ano. Deste universo constatou-se que somente 36 haviam oficializado a baixa do seu cadastro na Prefeitura de Londrina.
Em razão do reduzido número de empresas oficialmente baixadas, houve a necessidade de se dividir a pesquisa em duas fases. Na primeira, a fim de que se pudesse levantar a real taxa de mortalidade dessas empresas, procedeu-se a um exaustivo trabalho de investigação, incluindo telefonemas e visitas in loco, pesquisa com os vizinhos das empresas, com contadores e com imobiliárias, na tentativa de se confirmar quantas delas encontravam-se extintas. Chegou-se, então, ao universo de 96 empresas que já haviam encerrado suas atividade até o final de 1999. A segunda fase da pesquisa, realizada entre os meses de abril e junho de 2000, compreendeu a aplicação do questionário em uma amostra de 44 empresas, que representavam 45,83%, das 96 empresas extintas, a fim de que se pudessem identificar quais os fatores condicionantes da mortalidade precoce das indústrias do vestuário de Londrina.
A Tabela 1 é apresentada de maneira a evidenciar a quantidade de empresas constituídas durante o ano e a proporção de empresas baixadas no período de 1996 a 1999, a fim de que se acompanhe a evolução da taxa acumulada de mortalidade das empresas.
[ VEA LA TABLA EN EL PDF ADJUNTO ]
Concluído o levantamento, constatou-se que das indústrias do vestuário de Londrina, constituídas em 1996, 17,64% fecharam as portas no mesmo ano; ao final de 1997 esse índice passou para 28,46%; ao final de 1998, para 44,38% e, em 1999, chegou ao montante de 53,93%, fato que comprova que menos da metade, ou seja, apenas 46,07% das empresas, conseguiram sobreviver após o terceiro ano de vida.
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Na seqüência, vê-se na Tabela 2, pelo ano de abertura das empresas, a quantidade de baixas ocorridas durante o período de 1996 a 1999 e a taxa global da mortalidade.
[ VEA LA TABLA EN EL PDF ADJUNTO ]
Das 68 empresas constituídas em 1996, 67,64% foram fechadas até o final de 1999, das 62 constituídas em 1997, 61,29% foram fechadas, e das 48 constituídas em 1998, 25% também já haviam encerrado suas atividades até 1999.
Com a conclusão da primeira fase da pesquisa, efetuou-se o levantamento da quantidade de empresas extintas e da data em que essas empresas pararam de funcionar, possibilitando, então, calcular a média de vida delas, independentemente de terem ou não oficializado a baixa na Prefeitura. Para efetuar esse cálculo selecionaram-se as empresas pela idade, não importando o ano de constituição, da seguinte forma: agruparam-se todas as empresas que foram fechadas antes de completar um ano de existência, todas as que foram fechadas antes de completar dois anos e, finalmente, todas as que foram fechadas antes de completar três anos. O resultado apurado foi o seguinte: das 96 empresas extintas, 45,84% tinham sobrevivido no máximo um ano, 39,58% sobreviveram no máximo dois anos e 14,58% sobreviveram até o terceiro ano. Analisando os índices obtidos, percebe-se que o período mais crítico é realmente o primeiro ano de vida.
Comprovou-se na primeira fase da pesquisa que a taxa de mortalidade acumulada nos três primeiros anos de vida das indústrias do vestuário de Londrina é de 53,93% e que apenas 46,07% das empresas conseguiram passar da infância para a fase da pré-adolescência, comprovando que o alto índice de mortalidade infantil impede que a maioria das empresas tenha longevidade. Constata-se ainda que a maior incidência de mortalidade ocorre durante o primeiro ano de vida, pois 45,84% das empresas não chegaram a completar um ano.
Perfil das empresas e dos empresários questionados Na segunda fase da pesquisa, procurou-se levantar os fatores condicionantes da mortalidade precoce das indústrias do vestuário de Londrina, e nesse tópico procede-se, então, à apresentação e análise dos resultados obtidos.
Ressalte-se que, do universo de 96 empresas extintas no período de 1996 a 1999, foi possível aplicar o questionário em 45,83%. Observe-se ainda que, das empresas constituídas durante o ano de 1996 e que foram fechadas durante o ano de 1999, retiraram-se da amostra as que já haviam completado três anos de vida.
Na seqüência expõem-se algumas características dos sócios entrevistados: 56,82% eram do sexo feminino e 43,18% do sexo masculino. Com relação ao grau de escolaridade, 13,64% afirmaram ter o
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curso superior incompleto; 38,64%, o superior completo; 34,09%, o segundo grau completo e 9,09%, o primeiro grau completo. As empresas extintas foram administradas por pessoas com bom nível de escolaridade, pois, considerando os 13,64% que não concluíram o terceiro grau, mais da metade dos entrevistados, 52,28%, chegou a freqüentar uma universidade.
Iniciação no mundo dos negócios Quando questionados a respeito da experiência anterior ou conhecimento no ramo do vestuário, 53,82% responderam afirmativamente, enquanto 43,18% disseram que não tinham nenhum tipo de experiência nesse segmento antes de entrar para empresa. Dos que responderam sim a essa questão, 44% adquiriu experiência trabalhando como autônomos no ramo, e 36%, como funcionários de empresas do mesmo segmento.
Analisam-se em conjunto esses dois itens, "experiência e forma como adquiriu", a fim de ressaltar o fato de...
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