Consultoria, um estilo e modelo de vida
Autor | Dino Carlos Mocsányi |
Páginas | 41-77 |
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CONSULTORIA,
UM ESTILO E MODELO DE VIDA
Para a maioria das pessoas, abraçar uma carreira é traçar um
projeto de vida. Quando optamos por uma prossão, estamos, ao mes-
mo tempo, tomando uma decisão que determinará, em grande parte,
o nosso próprio futuro.
Decidir por ser consultor exige uma reexão prévia, séria e
consciente do que se pretende para a própria vida. É o que o convido
a fazer, neste e nos próximos capítulos.
Tornar-se consultor é uma decisão que
deve ser muito bem pensada,
planejada e implementada como um projeto de vida.
Esta decisão deve contar inclusive com a participação da
família, pois se trata de uma atividade prossional que envolve alegrias
e tristezas, riscos e oportunidades ímpares, enorme exibilidade
de horários, às vezes sem hora para começar ou para terminar,
frequentemente com muitas viagens. Com certeza não é trabalho para
quem deseja levar uma vida pacata, regrada e tranquila. Por outro
lado, esta pode ser indescritivelmente rica, sendo possível alcançar
muita qualidade de vida se o prossional souber se disciplinar!
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O m da era dos empregos
Da mesma forma que a indústria assumiu a liderança do pro-
cesso econômico, suplantando a agricultura em momentos históricos
distintos da evolução sócio-econômica de vários países do mundo,
inclusive no Brasil, estamos assistindo, neste momento, ao nal do
ciclo do emprego xo. Um sinal evidente desta mudança são as
estatísticas de desemprego (ou seria “não-emprego” em novas re-
lações de trabalho, de forma distinta da preconizada na CLT bra-
sileira?), cada vez mais expressivas, em contrapartida com novas
oportunidades e formas de realização do trabalho, mas agora sem o
vínculo empregatício.
Trata-se de um fenômeno mundial, onde muitos empregos
estão literalmente “indo para o ralo”, mas que ainda vai levar algum
tempo para ser totalmente assimilado pelo mercado de trabalho.
Isto porque toda esta mudança gera resistências naturais, mo-
vidas pelo medo e pela insegurança dos agentes sociais (empregados
e empregadores, neste caso), que estavam perfeitamente aclimatados
com o status quo, ou seja, ao trabalho com carteira assinada.
Estamos convivendo, portanto, com um período de transição
no mercado de trabalho, onde o modelo antigo vai cedendo espaço,
ainda que abruptamente, a novas formas de atuação prossional.
Neste novo cenário, muitos prossionais que perderam o emprego
xo e até alguns empresários tragados pelos novos desaos da globa-
lização, “estão consultores”.
Há poucos anos, quem saía de uma empresa
tinha duas alternativas principais em mente:
procurar outro emprego ou iniciar um negócio próprio.
No primeiro caso, a rotina consiste em elaborar um bom currí-
culo e enviar uma quantia enorme de e-mails ou cartas, procurando na
Web e cadastrando o currículo em sites especícos e submetendo-se
depois às rotinas da busca de um novo trabalho, muitas vezes rechea-
da de entrevistas e vazia de empregos.
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Agora, mais de dez anos depois da virada do século e já desde
os anos 90, vivemos a “era do desemprego”, apesar dos volumes de
trabalho a ser realizado continuarem altos.
A questão é que as empresas em todo o mundo a cada dia se
tornam mais reticentes quanto às novas admissões de pessoal, prin-
cipalmente nos níveis administrativos. Procurar um novo emprego,
hoje em dia, é tarefa das mais árduas.
No segundo caso, os prossionais preferem pegar o dinheiro
da quitação de seu último emprego e abrir uma empresa, ou adqui-
rindo uma franquia, por exemplo, achando que o fato de começar um
negócio, cuja grife já está consolidada no mercado, será o suciente
para obter sucesso e ganhar dinheiro.
Os tempos demonstraram que nem sempre abrir um novo
negócio, usando como exemplo a compra de uma franquia famosa,
signica ter sucesso. Muitos são os casos de ex-executivos que inves-
tiram todo o dinheiro acumulado em anos de trabalho — o qual cer-
tamente garantiria anos de sossego — em negócios que fracassaram.
Hoje vericamos que há certo receio de prossionais que deixam seus
empregos em investir em novos negócios, mesmo que sejam fran-
quias bem sucedidas.
Isso não quer dizer que abrir uma empresa é má opção
profissional. Às vezes, o negócio pode dar certo e, depois de dois
ou três anos, o lucro acaba chegando. Nesse caso, se a satisfação
pessoal for reflexo direto da conta bancária, tudo bem. Mas a
maioria das pessoas que opta por essa alternativa, depois de um
determinado tempo começa a se sentir frustrada, porque aban-
donou a profissão em que se formou e na qual se especializou
durante anos de vínculo com empresas empregadoras, através de
cursos, viagens ao exterior e consolidação de conhecimentos na
prática diária.
É o engenheiro que virou suco, o economista que foi fazer
sanduíche, o advogado que resolveu trabalhar em vendas, o adminis-
trador que abriu uma confecção.
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