Contribuições das bibliotecas públicas para o desenvolvimento de cidades inteligentes

AutorRegina de Barros Cianconi, Camilla Castro de Almeida
CargoDoutora em Ciência da Informação Universidade Federal Fluminense, Departamento de Ciência da Informação, Niterói, Brasil rcianconi@id.uff.br https://orcid.org/0000-0002-7911-8313 / Graduada em Biblioteconomia e Documentação Universidade Federal Fluminense, Departamento de Ciência da Informação, Niterói, Brasil camillacastro4@gmail.com https:/...
Páginas1-22
Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, Florianópolis, v. 26, p. 01-22, 2021.
Universidade Federal de Santa Catarina. ISSN 1518-2924. DOI: https://doi.org/10.5007/1518-2924.2021.e82627
Artigo
Original
CONTRIBUIÇÕES DAS BIBLIOTECAS PÚBLICAS PARA O
DESENVOLVIMENTO DE CIDADES INTELIGENTES
Public libraries’ contributions to smart cities’ development
Regina de Barros Cianconi
Doutora em Ciência da Informação
Universidade Federal Fluminense, Departamento de Ciência da Informação, Niterói, Brasil
rcianconi@id.uff.br
https://orcid.org/0000-0002-7911-8313
Camilla Castro de Almeida
Graduada em Biblioteconomia e Documentação
Universidade Federal Fluminense, Departamento de Ciência da Informação, Niterói, Brasil
camillacastro4@gmail.com
https://orcid.org/0000-0003-0386-6902
A lista completa com informações dos autores está no final do artigo
RESUMO
Objetivo: A perspectiva de desenvolvimento de cidades inteligentes (smart cities) é uma tendência para a Administração
Pública brasileira. Trata-se de um modelo de gestão tecnológico, interconectado e eficiente que supre a urgência de
indicadores e estratégias para um planejamento inovador e sustentável. O conceito parte da utilização de tecnologias de
informação e comunicação (TIC), mas evolui progressivamente até uma visão holística do sistema urbano, considerando
suas dimensões: tecnologia (infraestrutura), pessoas (educação) e instituições (governança). Este artigo tem como
objetivo analisar o potencial de atuação das bibliotecas públicas para o desenvolvimento de cidades inteligentes a fim de
contribuir para uma visão mais ampla, necessária e humana do modelo de cidades inteligentes.
Método: A pesquisa caracteriza-se como bibliográfica e documental, de caráter exploratório. Para atingir o objetivo do
artigo foi realizada uma revisão de literatura com posterior análise de conteúdo com o técnica de tratamento dos dados
qualitativos obtidos, o que permitiu inferir as contribuições das bibliotecas públicas no contexto em estudo.
Resultado: A recuperação de apenas um trabalho brasileiro que discute a relação entre bibliotecas e cidades inteligentes
demonstra essa lacuna na literatura nacional de Biblioteconomia e Ciência da Informação. A partir da análise de conteúdo
realizada nos 53 trabalhos recuperados, foram identificadas as seguintes contribuições das bibliotecas públicas para o
desenvolvimento de cidades inteligentes: disponibilização de internet, promoção de competência informacional e
midiática, fomento e incentivo à inovação, acesso e disseminação de informação utilitária.
Conclusões: Conclui-se que, no contexto das cidades inteligentes, a biblioteca pública tem potencial para ser um
equipamento público que viabiliza a participação cidadã e o desenvolvimento comunitário.
PALAVRAS-CHAVE: Cidade inteligente. Biblioteca pública. Inovação. Tecnologia.
ABSTRACT
Objective: The perspective of development of smart cities is a trend for the Brazilian Public Administration. It is a
technological, interconnected and efficient management model that supplies the urgency of indicators and strategies for
innovative and sustainable planning. The concept starts from the use of information and communication technologies (ICT),
but progressively evolves towards a holistic view of the urban system, considering its dimensions: technology
(infrastructure), people (education) and institutions (governance). This article aims to analyze the action potential of public
libraries for the development of smart cities in order to contribute to a broader, necessary and humane view of the smart
cities model.
Methods: The research is characterized as bibliographical and documentary, with an exploratory character. To achieve
the objective of the article, a literature review was carried out with subsequent content analysis as a technique for treating
the qualitative data obtained, which allowed inferring the contributions of public libraries in the context under study.
Results: The recovery of only one Brazilian work that discusses the relationship between libraries and smart cities
demonstrates this gap in the national literature on Library Science and Info rmation Science. From the content analysis
carried out in the 53 works retrieved, the following contributions of public libraries to the development of smart cities wer e
identified: internet availability, promotion of informational and media literacy, fostering and encouraging innovation, access
and dissemination of utilitarian information.
Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, Florianópolis, v. 26, p. 01-22, 2021.
Universidade Federal de Santa Catarina. ISSN 1518-2924. DOI: https://doi.org/10.5007/1518-2924.2021.e82627
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Conclusions: It concludes that, in the context of smart cities, the public library has the potential to be a public space that
enables citizen participation and community development.
KEYWORDS: Smart city. Public library. Innovation. Technology.
1 INTRODUÇÃO
anos a sociedade questiona como será o futuro das bibliotecas. O
desenvolvimento tecnológico seria o principal motivo para o declínio ou a significativa
reformulação da instituição. As bibliotecas sempre possuíram papel estratégico e essencial
para a educação e a competência informacional, habilidades mais que fundamentais para
a consolidação da cidadania; logo, habilidades que permanecem necessárias no contexto
das cidades inteligentes.
As cidades inteligentes (smart cities) podem ser definidas como “um ambiente de
rede digital criado no território que interliga sistemas tecnológicos avançados e conecta
serviços públicos, bens, marcas, escolas, organizações do terceiro setor, empresas, micro
e macro comunidades de pessoas” (MULLER, 2015, p. 84).
Washburn et al. (2010, p. 5) comentam que as cidades inteligentes são aquelas que
fazem uso das tecnologias de computação para proporcionar infraestrutura e serviços
imprescindíveis para a cidade, como educação, saúde e transporte, de modo
interconectado e eficiente.
O discurso sobre cidades inteligentes partiu da utilização de Tecnologias de
Informação e Comunicação (TIC), mas evoluiu progressivamente até uma visão mais
holística do sistema urbano, considerando três dimensões: tecnologia (infraestrutura),
pessoas (educação) e instituições (governança) (RIZZON et al., 2017, p. 128).
As tecnologias são essenciais para criar e manter esses espaços, mas há de se
desenvolver, também, parâmetros e estratégias governamentais para competência
informacional, diversidade, inclusão digital e social, além de pensamento crítico, para a
participação cidadã.
Conforme Desouza e Flanery (2013), os cidadãos são os principais atores no
desenvolvimento de cidades inteligentes. São eles que moldam os padrões sociais,
econômicos, ambientais e de governança. A despeito do consenso de que o que torna as
cidades inteligentes são as pessoas, o foco das pesquisas continua prioritariamente no
desenvolvimento tecnológico das cidades. O tema cidades inteligentes é mais
frequentemente encontrado em trabalhos sobre planejamento urbano, sustentabilidade e
tecnologias da informação e comunicação (sempre sob perspectiva tecnicista).

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