Controles gerenciais e fatores comportamentais como direcionadores do gerenciamento de resultados

AutorAna Julia Batistela, Cristian Baú Dal Magro, Silvana Dalmutt Kruger, Sady Mazzioni
CargoMestra em Ciências Contábeis e Administração (UNOCHAPECO) Professora do Centro de Ensino Superior Riograndense ? CESURG, Sarandi/RS - Brasil Email: anajbatistella@hotmail.com / Doutor em Ciências Contábeis e Administração (FURB) Professor da Universidade Comunitária da Região de Chapecó ? UNOCHAPECO, Chapecó/SC, Brasil crisbau@unochapeco.edu.br...
Páginas58-74
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Artigo
Original
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Original
Revista Contemporânea de Contabilidade, Florianópolis, v. 19, n. 53, p. 58-74, out./dez., 2022.
Universidade Federal de Santa Catarina. ISSN 2175-8069. DO I: https://doi.org/10.5007/2175-8069.2022.e83462
Controles gerenciais e fatores comportamentais como
direcionadores do gerenciamento de resultados
Management controls and behavioral factors as drivers of earnings management
Controles de gestión y factores de comportamiento como impulsores de la gestión de ganancias
Ana Julia Batistella*
Mestra em Ciências Contábeis e Administração
(UNOCHAPECO)
Professora do Centro de Ensino Superior Riograndense
CESURG, Sarandi/RS - Brasil
Email: anajbatistella@hotmail.com
https://orcid.org/0000-0002-7988-7083
Silvana Dalmutt Kruger
Doutor em Contabilidade (UFSC)
Professora da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
(UFMS/CPNA), Nova Andradina/MS, Brasil
silvanak@unochapeco.edu.br
https://orcid.org/0000-0002-3353-4100
Cristian Baú Dal Magro
Doutor em Ciências Contábeis e Administração (FURB)
Professor da Universidade Comunitária da Região de Chapecó
UNOCHAPECO, Chapecó/SC, Brasil
crisbau@unochapeco.edu.br
https://orcid.org/0000-0002-7609-5806
Sady Mazzioni
Doutor em Ciências Contábeis e Administração (FURB)
Professor da Universidade Comunitária da Região de Chapecó
UNOCHAPECO, Chapecó/SC, Brasil
sady@unochapeco.edu.br
https://orcid.org/0000-0002-8976-6699
Endereço do contato principal para correspondência*
Rod. Leonel de Moura Brizola (BR 386), KM 138, Bairro Beira Campo, CEP: 99.560-000, Sarandi/RS, Brasil
Resumo
O uso das alavancas de controle gerencial pode ajudar as organizações na avaliação dos resultados e
minimizar comportamentos oportunistas dos gestores. Pode moldar os fatores comportamentais ao oferecer
gatilho, em determinadas ocasiões, às práticas de gerenciamento de resultados. O objetivo do estudo é
analisar se o uso das alavancas de controle gerencial afeta a relação entre os fatores comportamentais de
empoderamento e criatividade dos gestores e a propensão ao gerenciamento de resultados. A amostra
contempla 82 respondentes (gestores de empresas brasileiras), para tratamento dos dados utilizou-se da
equação estrutural. Os resultados sugerem que empresas que priorizam o uso das alavancas de controle
gerencial pelos sistemas de limites e diagnóstico criam barreiras às práticas de gerenciamento de
resultados. Por outro lado, empresas com uso das alavancas pelos sistemas de crenças e interativo abrem
espaço para os gestores exercerem o comportamento oportunista de gerenciamento de resultados.
Palavras-chave: Alavancas de controle; Gerenciamento de resultados; Criatividade; Empoderamento
Abstract
The use of management control levers can help organizations to assess results and minimize opportunistic
behavior by managers. It can shape behavioral factors by providing a trigger, on occasion, to earnings
management practices. The aim of the study is to analyze whether the use of management control levers
affects the relationship between the behavioral factors of empowerment and creativity of managers and the
propensity for earnings management. The sample is composed of 82 respondents (managers of Brazilian
companies), for data processing, the structural equation was used. The results suggest that companies that
prioritize the use of management control levers by threshold and diagnostic systems create barriers to
earnings management practices. On the other hand, companies with the use of management control levers
through belief and interactive systems make room for managers to exercise the opportunistic behavior of
earnings management.
Keywords: Levers of control; Earnings management; Creativity; Empowerment
Resumen
El uso de palancas de control de gestión puede ayudar a las organizaciones a evaluar los resultados y
minimizar el comportamiento oportunista de los gerentes. Puede moldear factores de comportamiento al
proporcionar un desencadenante, en ocasiones, de las prácticas de administración de ganancias. El objetivo
Ana Julia Batistella, Cristian Baú Dal Magro, Silvana Dalmutt Kr uger Dalmutt Kruger, Sady Mazzioni
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Revista Contemporânea de Contabilidade, Florianópolis, v. 19, n. 53, p. 58-74, out./dez., 2022.
Universidade Federal de Santa Catarina. ISSN 2175-8069. DO I: https://doi.org/10.5007/2175-8069.2022.e83462
del estudio es analizar si uso de palancas de control de gestión afecta la relación entre los factores
conductuales de empoderamiento y creatividad de los gerentes y propensión a la gestión de ganancias. La
muestra incluye 82 encuestados (gerentes de empresas brasileñas), para tratamiento de datos usamos
ecuación estructural. Los resultados sugieren que las empresas que priorizan el uso de palancas de control
de gestión por umbrales y sistemas de diagnóstico crean barreras a las prácticas de gestión de ganancias.
Por otro lado, empresas con uso de palancas mediante sistemas de creencias y espacios abiertos
interactivos para que gerentes ejerzan el comportamiento oportunista de la gestión de ganancias.
Palabras clave: Palancas de control; Gestión de resultados; Creatividad; Empoderamiento
1 Introdução
As organizações são compostas por indivíduos que trazem consigo uma bagagem de valores,
normas e crenças que estão agregadas às suas realidades sociais e culturais (Casado, 2002). Portanto, as
pessoas realizam seu trabalho de diferentes formas, dependendo das características e aspectos
comportamentais que as diferenciam (Ricco, 2004).
Os gestores são poderosos agentes de mudanças nas organizações (Bertero, 1996) e suas
características comportamentais se constituem em elementos fundamentais para justificar determinadas
decisões (Pettigrew, 1996). As diferenças comportamentais se constituem pelos conceitos da psicologia,
traços de personalidades, estilos cognitivos, dentre outros aspectos (Ricco, 2004). A partir de então, é
possível compreender o comportamento adotado por gestores pressionados por resultados em
organizações com diferentes estilos de controle.
Nesse sentido, o empoderamento psicológico envolve um processo motivacional que provém de
experiências individuais atreladas ao sentimento de aptidão (Corsun & Enz, 1999). Resume-se no
sentimento do empregado em relação ao seu papel de importância na organização, ou seja, um estado
psicológico de sensação de controle (Barton & Barton, 2011). O estado psicológico de empoderamento
mostra o quanto os gestores se sentem capazes para controlar aspectos do seu trabalho (Speklé, Elten &
Widener, 2017). Nesse contexto, gestores mais empoderados, sentem-se capazes para agir de forma
individual nas decisões corporativas.
Algumas personalidades também influenciam nas ações ligadas a gestão. Por exemplo, indivíduos
com pensam entos voltados à criatividade e inovação podem promover alterações significativas nos
processos decisórios (Sarooghi, Libaers & Burkemper, 2015). Amabile, Conti, Coon, Lazenby e Herron
(1996) indicam que a criatividade reflete o início de toda a inovação e que a criação bem-sucedida de novos
produtos, serviços e práticas de negócios surge de pessoas que pensam boas ideias. Sendo assim, pode-
se entender que a criatividade permite que os indivíduos tenham espaço e autonomia para desenvolver
ideias úteis e criar soluções inovadoras para a organização (Farmer, Tierney & Kung-Mcintyre, 2003).
No entanto, a conversão das ideias criativas torna-se complexa, incerta e, em muitos casos, propicia
resultados desfavoráveis, afinal esses processos interrompem e desafiam rotinas tradicionais (Sarooghi et
al., 2015). Ao mesmo tempo em que indivíduos criativos ligados a alta gestão podem implementar
inovações, têm-se a possibilidade de criarem situações de gerenciamento e manipulação dos resultados,
haja vista que o pensamento criativo pode arranjar caminhos alternativos quando há pressão por resultados
satisfatórios.
Neste contexto, a teoria da autodeterminação explica como a percepção das pessoas sobre
estímulos de ação e contextos de decisão influenciam o comportamento intencional e, particularmente, o
envolvimento intrínseco e o compromisso que os indivíduos sentem em relação às suas ações e esforços. A
autodeterminação representa um conjunto de comportamentos e habilidades que dotam a pessoa da
capacidade de ser o agente causal em relação ao seu futuro. Além disso, as condições do contexto social
facilitam o comportamento psicológico dos indivíduos (Deci & Ryan, 2000).
Os controles gerenciais geram informações decisórias e conduzem a gestão. Contudo, também
podem permitir espaço para os gestores atuarem com poder centralizado. Speklé et al. (2017) relatam que
se os controles de gestão são projetados de tal forma que são internalizados, então apoiam e aumentam a
autodeterminação, elevando as percepções de empoderamento. Isso requer que a estrutura de controle
gerencial apoie a autonomia (Deci & Ryan, 2000) e forneça estrutura adequada as decisões (Grolnick &
Ryan, 1989; Koestner, Ryan, Bernieri & Holt, 1984; Sierens, Vansteenkiste, Goossens, Soenens & Dochy,
2009). Dentre os sistemas de controle gerencial, destaca-se aquele proposto por Simons (1995), composto
de quatro alavancas de controle denominadas de crenças, fronteira (limite), diagnóstico e interativo. A
literatura também retrata impactos nas organizações mediante o uso das alavancas de controle gerencial.
Por exemplo, Arjalies e Mundy (2013) indicam que as alavancas de controle gerencial afetam as ações de
responsabilidade social corporativa. Garcia Osma, Gomez-Conde e Lopez-Valeiras (2019) sugerem efeito
dos sistemas de controle gerencial nas práticas de gerenciamento de resultados.
As práticas de gerenciamento de resultados resultam no uso intencional de decisões operacionais
ou escolhas contábeis com o intuito exclusivo de reportar melhoria nos lucros contábeis divulgados

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