Debates - 11 DE MAIO DE 2022 36ª SESSÃO ORDINóRIA

Data de publicação28 Maio 2022
SeçãoCaderno Legislativo
14 – São Paulo, 132 (94) Diário Of‌i cial Poder Legislativo sábado, 28 de maio de 2022
Não vem. Segunda e sexta já ninguém vem falar mesmo
aqui. E, nos outros dias, poucos falam. Então, simplesmente,
cassa fecha isso aqui porque ninguém mais precisa falar. Porque
a gente tem medo, puxa os quatro anos sem falar. Pelo menos,
você não corre o risco de ser cassado, ou ser atingido politica-
mente, ou suspenso.
Pelo amor de Deus. É um deputado, estava no Pequeno
Expediente, usando a tribuna da Assembleia. Ou tem imunida-
de, ou não tem imunidade. Estamos sendo punidos pela fala.
Que a Igreja o processe, então. Abre processo criminal
contra ele. Agora, os próprios colegas? Quantos falharam aqui?
Quantas vezes o cara vem aqui e fala um monte de besteira?
Quantas vezes? A deputada faz poesia. Eu nunca critiquei
ninguém, mas só estou falando uma realidade. Outro vem aqui
e xinga todo mundo de ladrão, bandido. Aí pode?
O SR. GIL DINIZ - PL - Deputado Conte, o senhor me per-
mite, mais uma vez, pedir mais uma verificação de presença?
Porque o quórum caiu, mais uma vez. Por favor, presidente.
O SR. CONTE LOPES - PL - É que o pessoal está brincando
ali, daí atrapalha, e os outros vão embora.
O SR. GIL DINIZ - PL - Obrigado, deputado Conte Lopes,
pela compreensão.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - É regi-
mental. Deputado Paulo Fiorilo e deputado Gil Diniz para acom-
panhar a marcação.
* * *
- Verificação de presença.
* * *
O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Um momentinho só,
deputado.
Sras. Deputadas e Srs. Deputados, nos termos do Art. 100,
inciso I, do Regimento Interno, convoco V. Exas. para uma
sessão extraordinária, a realizar-se amanhã, às 16 horas e 30
minutos, ou dez minutos após o término da sessão ordinária,
em cumprimento do interstício mínimo previsto no § 3º do Art.
100 do Regimento Interno, com a finalidade de ser apreciada a
seguinte Ordem do Dia:
* * *
- NR - A Ordem do Dia para a 11a Sessão Extraordinária foi
publicada no D.O. de 11/05/22.
* * *
Sras. Deputadas e Srs. Deputados, nos termos do Art. 100,
inciso I, do Regimento Interno, convoco V. Exas. para uma
segunda sessão extraordinária, a realizar-se amanhã, dez minu-
tos após o término da primeira sessão extraordinária, com a
finalidade de ser apreciada a seguinte Ordem do Dia:
* * *
- NR - A Ordem do Dia para a 12a Sessão Extraordinária foi
publicada no D.O. de 11/05/22.
* * *
Esta Presidência desconvoca esta segunda sessão extra-
ordinária, pois não deu quórum agora, faltaram deputados.
Infelizmente, vamos deixar isso. Encerrou o tempo. Está des-
convocada a segunda sessão, e convocadas as duas sessões
extraordinárias para o dia de amanhã.
* * *
- Encerra-se a sessão às 19 horas e um minuto.
* * *
11 DE MAIO DE 2022
36ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: CORONEL TELHADA, CONTE LOPES e
ENIO LULA TATTO
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - CORONEL TELHADA
Assume a Presidência e abre a sessão.
2 - CORONEL NISHIKAWA
Por inscrição, faz pronunciamento.
3 - CONTE LOPES
Por inscrição, faz pronunciamento.
4 - PRESIDENTE CORONEL TELHADA
Cumprimenta os alunos da faculdade Eduvale presentes
no plenário.
5 - JANAINA PASCHOAL
Por inscrição, faz pronunciamento.
6 - CONTE LOPES
Assume a Presidência.
7 - CORONEL TELHADA
Por inscrição, faz pronunciamento.
8 - JANAINA PASCHOAL
Por inscrição, faz pronunciamento.
9 - CORONEL TELHADA
Assume a Presidência.
10 - CONTE LOPES
Por inscrição, faz pronunciamento.
11 - CONTE LOPES
Para comunicação, faz pronunciamento.
12 - PRESIDENTE CORONEL TELHADA
Critica o que considera censuras às falas de deputados.
13 - CONTE LOPES
Para comunicação, faz pronunciamento.
GRANDE EXPEDIENTE
14 - JANAINA PASCHOAL
Pelo art. 82, faz pronunciamento.
15 - ENIO LULA TATTO
Pelo art. 82, faz pronunciamento.
16 - CONTE LOPES
Assume a Presidência.
17 - PRESIDENTE CONTE LOPES
Questiona a troca de delegado da Polícia Legislativa.
18 - CORONEL TELHADA
Pelo art. 82, faz pronunciamento.
19 - ENIO LULA TATTO
Para comunicação, faz pronunciamento.
20 - TEONILIO BARBA LULA
Por inscrição, faz pronunciamento (aparteado pelo
deputado Coronel Telhada).
21 - ENIO LULA TATTO
Assume a Presidência.
22 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
23 - ADRIANA BORGO
Pelo art. 82, faz pronunciamento.
24 - PRESIDENTE ENIO LULA TATTO
Defende a pauta de projetos benéficos aos servidores.
25 - CONTE LOPES
Para comunicação, faz pronunciamento.
26 - GIL DINIZ
Pelo art. 82, faz pronunciamento.
27 - CARLOS GIANNAZI
Pelo art. 82, faz pronunciamento.
28 - CARLOS GIANNAZI
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de
lideranças.
29 - PRESIDENTE ENIO LULA TATTO
Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão
ordinária de 12/05, à hora regimental, sem Ordem do Dia.
Lembra a realização da sessão extraordinária, a realizar-se
hoje, às 16 horas e 30 minutos. Levanta a sessão.
* * *
- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Coronel
Telhada.
* * *
- Passa-se ao
Então, sei lá, acho que a coisa não é muito por aí. Ele falou
no Pequeno Expediente, acabou de ser assaltado. Foi ameaçado
com a esposa e com os filhos, criancinhas. Chegou aqui deses-
perado, falou comigo aí o que ele havia passado, quase morreu;
a mulher assustada, apavorada, os filhos apavorados.
E ele veio e pediu desculpa, que a Igreja Católica diz que é
para pedir desculpa. Então vamos dar chibatada nele. Não tem
desculpa, chibatada, pena de morte, enforca o cara.
Que crime cometeu o Frederico d’Avila? Agora, estamos
falando do Mamãe Falei, do Arthur do Val aí. O do Val é o
conjunto da obra, igual a jogador de futebol: ele tomou um
amarelo e um vermelho porque ele fez uma porrada de faltas,
uma atrás da outra. Então ele vai rodar. Mas quais foram as
faltas que o Frederico fez?
Então eu acho que está na hora de começarmos a pensar.
Ou o presidente, pelo amor de Deus, põe lá. Você pode falar:
“quem você pode xingar?” Não pode xingar o governador, não
pode xingar... Ou pode xingar o governador, pode xingar o pre-
feito, pode cobrar do prefeito, do governador.
Agora, ou tem imunidade, ou não tem. Agora, de acordo
com as palavras, não pode falar. Como não pode falar? Ou tem
imunidade, ou não tem, ué. Então vamos mudar. Vamos mudar.
Está aí o Bolsonaro, quando perdoou o Deputado Federal e fer-
rou o Supremo Tribunal Federal. Fez muito bem.
Ele é deputado, falou como deputado. Imunidade parla-
mentar, ele tem direito. Eu já fui punido nesta Casa, pela Justi-
ça. Quando você não podia falar quaisquer coisas, você podia,
só que você era punido criminalmente.
Eu recebi nesta Casa um conjunto de delegados de Polícia,
inclusive um que está vivo até hoje, o Jeremy, o Nakaharada já
está falecido, era coronel, denunciando várias fajutices em con-
curso público da Polícia Civil, inclusive deputados e vereadores
que viraram delegados num concurso fajuto e público. Fajutice
em delegacias do governador Fleury. Eu vim aqui denunciar o
delegado-geral, denunciei.
Vários juristas vieram contra mim, me processando cri-
minalmente, e não me pegaram. Aí, um grande jurista aí, José
Mauro da Costa, sei lá o que, resolveu me processar civilmente.
Eu fui ao fórum com duas advogadas que ainda trabalham
comigo aqui, a Helena e a Neide. O juiz da causa me abraçou:
“Oh, foi um prazer te conhecer”.
Era 92, era novinho, um garoto, e tal, ainda. Era novo, agora
já não estou mais velho. Mas tem um monte de gente que
também está meio em fim de carreira. Abraçou-me, tal, tal. Civil-
mente, ele me condenou a 500 mil reais na época. Eu não sei se
era reais na época, mas eu tive que ficar pagando para o cara.
Então mudaram a Constituição depois disso, porque outros
entraram também, porque o cara, em vez de julgar o deputado
criminalmente, começaram a julgar civilmente. Então quando
não te pegavam no crime, que você era imune, te pegavam
civilmente.
Depois entrou na Constituição que era criminal e civil-
mente. Agora, você não pode falar? Você tem que pedir auto-
rização? Então tem que escrever lá porque é igual ao time de
futebol, a gente vai jogar na quadra, “não pode falar palavrão,
não xinga, o juiz vai te expulsar”, tal. Então, põe lá na entrada
ou então para o guarda, tem os investigadores, os PMs, faz isso.
O senhor quer um aparte?
O SR. GIL DINIZ - PL - Só queria, como caiu o quórum
regimental, pedir uma verificação de presença, presidente, por
gentileza.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Regimental.
Gostaria de chamar o deputado Gil Diniz, e o deputado
Conte Lopes para auxiliar o deputado Gil Diniz na verificação
do quórum.
* * *
- É iniciada a chamada.
* * *
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Depu-
tado Gil, tem que ter... Senão o deputado não consegue vir do
gabinete até aqui. Então gostaria de pedir pelo menos “deputa-
do Fulano de tal”, devagar.
O SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - Na questão dos depu-
tados do PT, nós temos o nome “Lula”. Ele está pulando, além
de não falar “deputado”, ele não fala “Lula”. Se nós adotamos
o nome “Lula”, ele tem que falar o nome completo, é o nome
parlamentar do deputado. Não é elegante ficar falando dessa
forma, é uma questão de respeito.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Por favor,
leia o nome completo que está aí, deputado Gil. O deputado
Roberto o senhor não chamou.
O SR. GIL DINIZ - PL - Chamei, ele já respondeu. Ele já tinha
respondido a chamada, Sr. Presidente. Pelo amor de Deus! Ele já
tinha respondido a chamada.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Tem que
chamar todos os deputados, deputado Gil. É só ler “deputado
Roberto Morais”.
O SR. GIL DINIZ - PL - Ele já tinha respondido, presidente,
na primeira chamada.
A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Pela ordem, Sr. Presidente. Ele
está pulando nome. Ele pulou o meu nome. Ele está pulando nome.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Deputa-
do Gil, não vamos tumultuar.
O SR. GIL DINIZ - PL - Já tinha respondido a presença, pre-
sidente. Não tem quórum e querem protelar para chegar mais
um deputado, é a realidade.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Deputa-
do, o senhor que está fazendo isso, deputado.
O SR. GIL DINIZ - PL - Negativo, presidente.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - O senhor
que está fazendo isso. É só o senhor ler com calma. Se não tem
quórum, não tem quórum, nós vamos chamar a segunda extra,
não tem nenhum problema.
O SR. GIL DINIZ - PL - Posso continuar, presidente?
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Assim
que o senhor chamar o nome completo e falar “deputado”,
porque aqui são todos ou deputadas ou deputados.
Deu quórum regimental com o deputado Douglas Garcia.
Devolvo a palavra ao deputado Conte Lopes.
O SR. CONTE LOPES - PL - Sr. Presidente, Sras. Deputadas,
Srs. Deputados, volto a esta tribuna e falo novamente sobre
imunidade parlamentar, o que pode e o que não se pode falar.
Falou errado o deputado Frederico? Falou. Acabou de ser
assaltado, estava com a esposa, estava com os dois filhos,
chegou nesta tribuna, mostrou o peito onde o bandido picotou
duas balas nele, falou uma bobagem e pediu desculpas.
Pediu perdão. Não vale pedir perdão? Não vale pedir des-
culpa? Ora, então, para a Igreja Católica acho que o bispo, o
padre, é esperto. Então, sei lá. Agora, vou colocar de novo.
Qualquer deputado que falar alguma coisa, amanhã ou
depois, e politicamente pode ser suspenso por 100 dias, 90 dias,
estamos abrindo exceção. Estou aqui há 30 anos e nunca vi isso.
E já vi coisas horríveis neste plenário. Aliás, vejo todo dia.
O que mais briga aqui é se é sexo, não-sei-o-quê, não sei o que
lá, um xinga o outro, um vai dar porrada no outro, não vai dar
porrada, sai na porrada aqui. Quer dizer, só o Frederico cometeu
um pecado mortal, sem perdão?
Brincadeira, uma coisa dessa. Agora, volto a dizer que se
coloque ali: “A partir de hoje não pode falar, não pode cobrar
do governador, não pode cobrar mais Segurança para o povo,
não falar que o PSDB fez acordo com o crime”.
Não estou falando que o governador foi lá e assinou com
o Marcola. Fez acordo quando vão lá entrar no presídio, o
secretário da segurança, a mando do governador, e o secretário
de Assuntos Penitenciários vão lá, conversar com o bandido
Marcola, para acabar com os ataques.
E foi feito isso. Agora, até onde o deputado pode falar?
Então é bom colocar. Porque, a partir daí “realmente, você falou
errado”? Ou então, para que vem falar aqui?
que ele tem para falar, o que ele tem para orientar. O papa é
essa personalidade, é esse ser humano, admirado por todos os
povos, de todas as religiões, reconhecido por todos, e o deputa-
do Frederico d’Avila...
* * *
- Assume a Presidência o Sr. Carlão Pignatari.
* * *
O SR. GIL DINIZ - PL - Pela ordem, presidente. Eu não cons-
tato quórum regimental neste momento na presente sessão.
Para pedir uma verificação de presença.
O SR. PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI - PSDB - É regi-
mental. Gostaria de chamar o deputado Gil Diniz e o deputado
Paulo Fiorilo, para fazer a chamada dos nobres deputados.
* * *
- Verificação de presença.
* * *
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Quórum
regimental. Devolvo a palavra ao deputado Enio Tatto.
O SR. ENIO LULA TATTO - PT - Então, o que a gente faz com
essas falas do deputado? Foi levantado aqui e no Conselho e
Ética - eu lembro muito bem que o deputado Barros Munhoz,
inclusive, usou essa frase “quem não cometeu erro nenhum,
que atire a primeira pedra”.
E também foi colocado que o papa perdoou Mehmet Ali
A ca, em 81, quando tentou assassiná-lo. Perdoou. Só que o
Mehmet Ali Aca, deputado Zerbini, ele levou 29 anos de cadeia.
O perdão é o ato mais nobre do ser humano e nós temos
que perdoar. E, com certeza o deputado Frederico d’Avila está
sendo perdoado, vai ser perdoado. Mas desde de que ele não
faça mais isso. Vá e não peques mais.
Mas, o Parlamento Paulista tem leis para serem cumpridas
e a lei é ele ser punido, sim. É ser punido com a suspensão,
como está sendo proposto pelo relatório da deputada Marina
Helou no Conselho de Ética e que a gente agora vai votar.
Nós, da bancada do Partido dos Trabalhadores, pedimos
uma punição maior e achávamos que deveria ser maior, mas foi
o que foi possível ser construído.
Então, eu acho que todos os parlamentares aqui... Eu sei
que estamos em um momento de disputa política, dos interes-
ses políticos das eleições deste ano, mas a gente precisa cum-
prir o nosso papel de parlamentar, de representante do povo.
E o deputado Federico d’Avila tem que ter, sim, a sua puni-
ção. E essa punição é bastante branda, de três meses.
Então, a bancada do Partido dos Trabalhadores vai votar
para a punição dos três meses e o deputado Frederico d’Avila,
com certeza, ele nunca mais vai subir na tribuna e cometer
esses erros, com esse palavreado que ele usou contra o bispo
Dom Orlando Brandes, contra a CNBB e contra o papa.
Deputado Gil Diniz, que está meio que coordenando a
defesa do deputado Frederico d’Avila, eu me lembro do início
desta legislatura que Dom Odilo Scherer, nosso arcebispo de
São Paulo, nos chamou e fez uma reunião para a gente tratar
do posicionamento dos católicos da Igreja Católica no Parla-
mento; e nós fizemos uma grande discussão.
Passamos mais de meio dia lá junto com ele, com outros
bispos, com muitos deputados. Tinha mais de 30 deputados,
desta Casa, católicos. E eu acho que a gente trouxe de lá muitos
conselhos, falamos bastante com o Dom Odilo Scherer.
Eu acho que aquilo que você falou aquele dia, que você
assumiu lá, não é condizente com aquilo que você está pre-
gando aqui, que é a absolvição total, punição nenhuma do
deputado Frederico d'Avila. E assim eu tenho certeza de que os
demais deputados que participaram daquela reunião pensam
da mesma forma.
Era isso, Sr. Presidente.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Obriga-
do, deputado Enio. Com a palavra o nobre deputado Frederico
d'Avila.
O SR. FREDERICO D'AVILA - PL - Eu vou passar a fala a
pedido do deputado Conte Lopes.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - É regi-
mental. Com a palavra o deputado Conte Lopes.
O SR. CONTE LOPES - PL - Sr. Presidente, Sras. Deputadas,
Srs. Deputados, cheguei nesta Casa em 1987, mesma época que
Lula se elegia deputado federal em Brasília. Estavam aqui José
Dirceu, Erundina, Clara Ant, vários deputados do PT, Erasmo
Dias, Wadih Helú, Afanásio Jazadji e outros. Durante esses trinta
e tantos anos nunca vi ninguém ser punido por falar nesta
Casa, nunca, nunca.
Eu quero parabenizar aqueles os deputados, deputado
Frederico d'Avila, que nunca falam na tribuna, deputada Janai-
na Paschoal. Parabéns a eles, porque quem não fala não vai
ser punido. Porque é a primeira vez que acontece isso. Porque
amanhã ou depois vão me punir quando eu cobrar do Rodrigo
Garcia por mais segurança.
Alguém vai pedir que eu seja punido ou nós vamos pedir
que alguém do PT seja punido também. Então é bom colocar
isso. Nós vimos a inflamação do deputado que acabara de ser
assaltado. Ele, o filhinho de dois anos, a filha de três anos, a
esposa. O bandido disparou três disparos no peito dele que
não saíram. Como que a gente quer que a pessoa esteja normal
numa situação dessa?
Ele estava revoltado com a fala do padre: “Pátria armada
com Pátria amada”. E revoltado ele se exaltou, mas depois
pediu perdão. Ele pediu desculpa. O bispo não pode desculpar?
A Igreja Católica não desculpa mais, não dá mais perdão? Ora,
quando eu era molequinho eu ia me confessar e às vezes a
gente fazia bobagem, Frederico. E o padre falava: “Vá lá, reze
três Pai Nosso lá”.
A gente estava livre. Eu vou para o céu quando eu morrer.
O padre me falava. Pelo menos eu achava, né? Quer dizer, o
camarada vem aqui, pede desculpa e não tem perdão? E não
tem perdão dos companheiros, de amigos?
Ora, pelo amor de Deus! O que o Frederico fez de errado?
Em trinta e tantos anos só um cara foi punido aqui: Hanna
Garib, que já veio punido com um monte de rolo quando se
elegeu e até nós, que éramos do partido dele, votamos contra
ele mesmo.
Fora isso nunca vi ninguém. Vi vários debates. Vi deputado
saindo na porrada aqui. Vi deputadas fazerem discursos horrí-
veis aqui e ninguém pediu cassação de ninguém. Ou quando
é amigo pode passar a mão em deputada, pode falar com a
deputada? Se é amigo tudo bem.
Vamos fazer de graça que chegou lá e deram um jeitinho lá
no pessoal que julga lá em cima, na Comissão de Ética. Depen-
dendo de quem está não é nada. Agora, vocês querem julgar o
Frederico por quê? Porque ele é amigo do Bolsonaro? Porque é
um homem bonito e rico?
Porque no casamento dele - eu fui no casamento dele no
Copacabana Palace Hotel -, sabe quem era o padrinho dele?
Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, que vai assumir a
Presidência da República. E V. Exa., muita gente vai pedir per-
dão para o senhor lá. Eu vou ver muita gente na fila, olha, não
se esquece de mim.
É o fim do mundo. Parece que o cara é um bandido, um
assassino. O cara saiu de um assalto, meu Deus do céu. O moço
estava com a esposa dele, com dois filhos, foi atacado, rouba-
ram, deram dois tiros no peito dele, picotou as duas vezes.
Que erro esse cara fez? Agora, eu vou pedir ao presidente,
porque eu venho sempre falar aqui feito idiota para colocar ali o
que pode ou não falar. Porque qualquer dia eu falo uma besteira
aqui, vão me cassar também. Vão me cassar também, certo?
Então é o fim do mundo, quer dizer, cadê a imunidade
parlamentar? Cadê? Quer dizer, estão afastando, suspenso por
cem dias porque ele falou na tribuna da Assembleia, porque ele
falou do padre. E de pastor, pode falar? O dia que eu xingar um
pastor aqui eu vou ser cassado também? Porque o pastor tam-
bém tem a ficha dele, tem um monte de coisa boa.
não sabe o que está discutindo - o que a gente vai votar, sobre
essa suspensão de três meses do deputado Frederico d’Avila.
Então, por favor, pode soltar um vídeo de dois minutos
e meio, para a gente relembrar o que o deputado Frederico
d’Avila falou aqui da tribuna.
* * *
- É exibido vídeo.
* * *
Então, pessoal, é isso. É bom a gente assistir a tudo de
novo, para relembrar. O que a gente faz? Isso aí é liberdade
de expressão? As pessoas têm direito de subir aqui à tribuna e
falar o que quiserem?
O cara é eleito, tem os eleitores por trás. Será que os elei-
tores do deputado Frederico d'Avila votaram nele para ele vir
falar esse tipo de coisa? Essas agressões, ódio, raiva. Uma falta,
até, de capacidade mental.
Não sei como ele estava nesse dia. Ele colocou, na sua
carta pedindo desculpa, que ele estava com problemas fami-
liares, problemas particulares. Mas falou. Falou. O deputado
Frederico d'Avila está aqui há três anos e pouco.
Me parece que uma das coisas mais importantes que
ele fez, aqui na Assembleia Legislativa, foi a homenagem ao
Augusto Pinochet, um dos maiores ditadores de toda a história
da humanidade. Ainda bem que o então presidente da Casa,
deputado Cauê Macris, não aceitou. Não teve essa homenagem.
Esse é o estilo do deputado Frederico d'Avila.
Vamos conhecer quem é Dom Orlando Brandes, um pou-
quinho da sua biografia. O arcebispo de Aparecida, Dom Orlan-
do Brandes, foi nomeado pelo papa João Paulo II, em 1994, o
3o Bispo da Diocese de Joinville, quando ele escolheu como
tema “Somos Operários de Deus”. Em 2006, o papa Bento XVI,
já outro papa, deputado Zerbini, nomeou Dom Orlando 4o Arce-
bispo da Arquidiocese de Londrina.
Em 2007, como delegado dos bispos de Santa Catarina,
o arcebispo participou da 5a Conferência Geral dos Bispos
da América Latina e Caribe, que foi realizada em Aparecida
e contou com a presença do papa Bento XVI. Em 2016, foi
nomeado, pelo papa Francisco, o 5o Arcebispo da Arquidiocese
de Aparecida.
Na 57a Assembleia Geral da CNBB, realizada de um a 10
de maio de 2019, em Aparecida, Dom Orlando Brandes foi elei-
to suplente-delegado junto ao Conselho Episcopal da América
Latina - CELAM. Com tudo, o Arcebispo Dom Orlando Brandes
merece nosso total respeito.
Tentando resumir aqui. Então, o currículo do Dom Orlando
é impecável, é uma vida dedicada à Igreja Católica Apostólica
Romana, aos trabalhos sociais, aos mais pobres, aos mais
necessitados. E ele foi chamado de vagabundo, de safado, de
pedófilo. Não sei o que a gente vai fazer. Nós vamos passar a
mão na cabeça do Frederico d'Avila? Vai ficar por isso mesmo,
simplesmente com o pedido de desculpas dele?
Frederico d’Avila também se dirigiu à CNBB, Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil, a maior instituição no Brasil da
Igreja Católica.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, deputado
Barros Munhoz, que é católico também, desde 1966, ela tem
uma preocupação social com a Educação, com o crescimento do
ser humano, todos, e todo ano ela pega um tema para discutir,
se aprofundar, no período da Quaresma, sobre a sociedade, os
problemas que afligem a sociedade e o país.
Por exemplo, em 1966, a primeira, foi: “Fraternidade.
Somos responsáveis uns pelos outros”. E nesse período a Igreja
Católica, todas as comunidades, as paróquias, as dioceses,
todos os segmentos da Igreja Católica, as pastorais, fazem a
discussão em cima desse tema.
Aí eu já pulo, porque não dá para falar desde 1966. Em
1973 - “Fraternidade e libertação. O egoísmo escraviza, o amor
liberta.” Dá uma olhadinha nos temas, e a profundidade de
cada tema que é lançado pela Campanha da Fraternidade.
Em 1975 - “Fraternidade é repartir.” Teve um sucesso enor-
me, muito discutido, que era repartir o pão em um momento de
crise, de miséria, de fome, que a gente está vivendo, inclusive,
nos dias de hoje.
1977 - “Fraternidade na família. Começa em sua casa.”
Toda uma preocupação, inclusive com a formação da família.
1982 - “Educação e fraternidade. A verdade vos libertará.
Quem não lembra desse tema, tão discutido? E é verdade, a
verdade liberta.
1983 - “Fraternidade e violência. Fraternidade sim, violên-
cia não.” Já se discutia a questão da violência, que a gente vive
nos dias de hoje.
1985 - “Fraternidade e fome. Pão para quem tem fome.”
Discutindo a miséria, a fome, os moradores em situação de rua.
Essa aqui eu me lembro muito bem, deputado Paulo Fiorilo,
porque eu fui delegado e coordenador da delegação de São
Paulo, no encontro em Trindade, lá em Goiás, em 1986 - “Fra-
ternidade e terra. Terra de Deus, terra de irmãos.” Toda uma luta
pela reforma agrária. Surgiu o MST, surgiram todos os movi-
mentos em favor da terra, para produzir alimentos, e que existe
essa luta até os dias de hoje.
1987 - “A fraternidade e o menor”. Olha a preocupação da
CNBB, da Igreja Católica, preocupação que a gente tem que ter
o tempo todo, os anos todos, mas ela tirou um ano com o tema
da fraternidade, para discutir no Brasil todo.
1988 - “Fraternidade e o negro. Ouvir o clamor desse
povo.” A questão do preconceito, de tudo aquilo que se passa, o
problema racial. A igreja pautou esse tema. Foi a CNBB.
1992 - “Fraternidade e Juventude. Juventude, caminho
aberto.” Tratando do jovem, do adolescente, de todas as neces-
sidades que a gente tem que ter com a questão do jovem, que é
a grande preocupação dos dias de hoje da família.
1993 - “Fraternidade e Moradia.” Olha que bonito a igreja
se preocupar com a questão da moradia. Moradia digna. Uma
das prioridades, uma das coisas mais importantes para o ser
humano. Hoje a gente passa na rua e não vê só moradores em
situação de rua, você vê famílias em situação de rua. Pai, mãe,
filho, filhas, cachorro, papagaio, todo mundo na rua sem o teto,
e a igreja já se preocupava naquela época.
1996 - “Fraternidade é política. Justiça e paz se abraça-
rão.” A Igreja católica, com a CNBB, nunca fugiu dos temas
polêmicos, sempre teve posicionamento, sempre em defesa da
democracia.
Pulando para 2015 – “Fraternidade, Igreja e Sociedade, eu
vim para servir.”
2018 - “Fraternidade e superação da violência, vós sois
todos irmãos.” Pregando a unidade, o reconhecimento que
todos nós somos irmãos, mesmo com as divergências que a
gente tem, o posicionamento político que a gente tem.
2021 - “Fraternidade e diálogo, compromisso de amor.”
Um tema ecumênico, a CNBB, a Igreja Católica no Brasil nunca
fugiu de discutir, de fazer atividades pela sociedade e pelo bem-
-estar do ser humano de forma ecumênica, envolvendo todas as
religiões. E a última, esse ano, Fraternidade Educação. Fala com
sabedoria e ensina com amor.
Olha os temas da CNBB, as preocupações da Igreja Católi-
ca, através da CNBB. Sempre temas sociais, temas importantes
que afligem a população; e foi a CNBB que foi atacada frontal-
mente pelo deputado Frederico d’Avila.
Deixei por último, e propositalmente, para falar do nosso
papa Francisco. O mundo, hoje, está em uma escassez enorme
de lideranças, de estadistas. Eu diria que o maior estadista do
mundo, hoje, é o papa Francisco; tanto na representação reli-
giosa, mas também política, e é só a gente verificar o que está
acontecendo na guerra da Ucrânia com a Rússia. Você não tem
um líder mundial que possa conversar, que possa apaziguar, que
possa criar um caminho.
Nós lutamos aqui no Brasil, deputado Emídio, para que o
Lula se eleja para ocupar esse espaço que ele ocupou como
um líder mundial, um cara que as pessoas param e ouvem o
A Companhia de Processamento de Dados do Estado de Sao Paulo - Prodesp
garante a autenticidade deste documento quando visualizado diretamente no
portal www.imprensaoficial.com.br
sábado, 28 de maio de 2022 às 05:08:03

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT