Debates - 18 DE OUTUBRO DE 2021 $1ª SESSÃO SOLENE PARA OUTORGA DE COLAR AO PROF. José ALEX TRAJANO

Data de publicação14 Janeiro 2022
SeçãoCaderno Legislativo
sexta-feira, 14 de janeiro de 2022 Diário Of‌i cial Poder Legislativo São Paulo, 132 (6) – 5
Bom, muita gente fala: “Bom, mas eles construíram estra-
das, vias férreas”. Também, mas outros países também construí-
ram estradas e vias férreas. Aonde está a diferença comparativa
da Coreia com o resto do mundo? Por que é que a Coreia se
desenvolveu tanto e outros não se desenvolveram?
“Não, mas o capital americano...”, aí alguém dizia “Não, o
capital americano teve em outros lugares também”. O capital
americano teve em várias regiões do mundo e elas não se
desenvolveram, mas a Coreia se desenvolveu. Por quê? Porque
a Coreia investiu em educação.
Era essa a vantagem comparativa: a Coreia já tinha uma
tradição educacional diferenciada e ela investiu maciçamente
em educação, em educação de crianças e jovens.
Então, essa foi a grande diferença comparativa da Coreia.
Trinta, quarenta anos depois, tem uma mão de obra altamente
qualificada, que é base para o desenvolvimento industrial.
Se vocês olharem o estado de São Paulo em relação ao
Brasil, é mais ou menos a mesma coisa: o estado de São Paulo
foi um estado que começou a ser desenvolvido lá em 1560,
1580, depois foi esquecido, porque infelizmente, ou felizmente,
as minas não estavam aqui.
O chamado “Eldorado brasileiro” estava em Minas Gerais
e Goiás. Inclusive, tem um livro do Renato Pompeu de Toledo
sobre São Paulo que fala assim: “São Paulo, a Capital da soli-
dão”, porque ficou de 1650 até 1850 com a mesma população.
Ficou praticamente esquecida a cidade, aí o ouro começou
a ir direto para Paraty, etc. Bom, aí São Paulo recebe uma imi-
gração europeia - 1860, 1870. Essa imigração europeia tinha
uma diferença dos outros estados.
Primeiro, ela não era de população escrava; ela era semies-
crava, mas não era escrava, e trazia uma cultura relacionada
com a educação. O imigrante paulista queria educar os seus
filhos.
Então, é por isso que São Paulo se desenvolve de uma
maneira tão rápida e vai nos surpreender 70, 80 anos depois, no
pós-guerra, como o estado mais educado do Brasil. Foi ele que
recebeu as grandes indústrias; as montadoras vieram para cá,
não vieram à toa.
São Paulo, em 1942, montou um Senai na Feira Nacional
da Indústria. Trouxe um suíço chamado Roberto Mange, que
montou o Senai. Montaram a primeira oficina do Senai, a pri-
meira escola, para mostrar para todo mundo como que tinha
que estudar, que as crianças tinham que estudar, tinham que
aprender.
São Paulo tinha tido também a primeira escola técnica em
1907, tinha tido a USP em 1930. Nos anos 30 você tinha tido a
USP e você tinha uma escola primária e um ensino médio extre-
mamente qualificados.
Era para poucas pessoas, a gente sabe disso. Para poucas
pessoas, porque, afinal de contas, tinham os vestibulares, tinha
lá...
Como é a história? Agora eu não me lembro mais o nome.
Mas tinha o admissional para você entrar no colegial e tal,
né? É, o ginasial também tinha uma espécie de concurso para
entrar. Só que eram boas escolas. Então, São Paulo sai na frente
do Brasil também por isso. Mas parece...
O ser humano é muito de ir para frente e para trás, e o ser
humano que nasce, assim, nessa região aqui nossa, né, abaixo
do Equador, é mais assim ainda, né, porque... Então, tem muito
essa coisa de que, de repente, a Educação deixou de ter tanta
importância, né?
Então nós vimos que os investimentos educacionais no
estado de São Paulo decaíram nos últimos 50 anos, e nos últi-
mos 30, decaíram muito. No Brasil, nem se fala, mas no estado
de São Paulo, decaíram muito. E São Paulo começa a perder a
chamada “corrida educacional”, que São Paulo sempre esteve
na frente, não é isso?
São Paulo sempre esteve na frente. Hoje, São Paulo é supe-
rado por estados como Piauí, Rio Grande do Sul, Rio de Janei-
ro... O estado do Rio de Janeiro - que eu adoro - é um estado
quebrado, arrebentado por várias coisas que a gente sabe. E no
entanto, o Piauí é pobre, saiu na nossa frente.
Então, eu acho que a homenagem ao Alex, na minha opi-
nião, é uma homenagem à Educação brasileira, à Educação do
estado de São Paulo. É um alerta que nós estamos dando assim:
“Olhem para a Educação, olhem para as nossas crianças, para
os nossos jovens”.
Aqui temos um jovem que é educador, que é apaixonado
por ensinar, é apaixonado por métodos de ensino, é apaixonado
pelo Paulo Freire, que também encontrou, no centenário de
Paulo Freire, uma forma de homenagear Paulo Freire.
Por isso que eu acho importante. Eu me sinto bastante con-
victo, bastante feliz de trazer o Alex, porque o Alex não é o pro-
fessor, o Alex é um pouco mais que o professor: é o educador.
É a pessoa que pensa, que dá aula, mas que pensa também
no método de ensino, na estratégia para trabalhar com os
alunos; não está muito ligado a uma faixa etária, tanto para
criança quanto para jovem, é a área dele, mas também se tiver
que discutir com os universitários, também discute.
Então, é o educador, né? Eu acho que é esse tipo de gente
que faz falta hoje, como faz falta para nós educadores do
passado, como vários que nós tivemos, o próprio Paulo Freire,
outros educadores que nós tivemos no Brasil.
Na sua área musical... Você se lembra? Eu não me lembro,
mas eu estudei. O Villa-Lobos montou os “Orfeões”, ou seja,
eram Orfeus, que era uma espécie de coral em centenas de
milhares de escolas no Brasil. Isso nos anos 50. Como que ele
conseguiu montar e a gente não consegue montar hoje?
O Mário de Andrade, em São Paulo, quando foi secretário
da Cultura, montou cursos de teatro em todas as escolas. Por
que a gente não consegue montar hoje, né? Isso para falar em
coisa que são, digamos assim, complementares ao ensino.
Nós tivemos grandes educadores no estado de São Paulo,
grandes professores, né? Eu mesmo conheci alguns. Eram
professores maravilhosos. Na verdade, isso está sendo deixado
meio de lado.
O sujeito que vem assim, quer discutir método de ensino,
quer discutir: “Como que vou formar pessoas, como que vou
montar um curso?” e etc., é meio que deixado de lado, né?
Meio chato, não precisa disso, né? Talvez construir uma estrada
seja mais fácil.
É isso. Queria que o Alex entendesse disto: para mim, tem
muito a ver com a homenagem a um educador, homenagem à
Educação, e aí entra a Educação, entra o centenário de Paulo
Freire e tudo. Eu queria que você sentisse isso, que você enten-
desse isso por aí.
Bom, nós tivemos, no estado de São Paulo, muita coisa boa,
muita coisa ruim, mas este estado foi um dos poucos que inves-
tiu em Educação antes dos anos 30, antes dos anos 40.
O primeiro presidente da República que colocou, na sua
campanha eleitoral, a Educação como prioridade foi o Juscelino
Kubitschek de Oliveira, vocês acreditam nisso? Antes, nenhum
tinha posto a Educação como prioridade.
Veja só que coisa impressionante. Depois reclama que a
gente andou pouco, né? Claro. Tipo assim, mesmo que fosse
para não fazer, mas eu digo assim, o presidente que colocou na
sua plataforma de governo a Educação, foi Juscelino Kubitschek
nos anos 60, já, final dos anos 50, começo dos anos 60. Antes,
nenhum tinha posto.
O Getúlio Vargas não pôs, o Washington Luiz não pôs,
nenhum deles. O Washington Luiz falava em estrada. Pegasse a
estrada e colocasse na cabeça dele. Estrada não traz desenvol-
vimento. Estrada não traz desenvolvimento.
O que traz desenvolvimento é a educação de crianças,
jovens e adultos. Isso traz desenvolvimento, isso é uma vantagem
comparativa. Se o estado de São Paulo retomar a Educação - e o
Brasil retomar a Educação -, nós vamos chegar, nos próximos 10,
15, 20 anos, em um País desenvolvido, avançado. Se a gente não
fizer isso, nós vamos andar para trás como um caranguejo.
Legislativo do Estado de São Paulo ao Professor José Alex Tra-
jano", por solicitação deste deputado, na direção dos trabalhos.
4 - ISABELA ARAÚJO DE SOUZA
Mestre de cerimônias, convida o público a ouvir, de pé, o
"Hino Nacional Brasileiro", reproduzido pelo Serviço de Audio-
fonia da Casa.
5 - PRESIDENTE JOSÉ AMÉRICO LULA
Diz ser uma honra homenagear um educador. Discorre
sobre o desenvolvimento da Coreia e o grande investimento na
educação de crianças e jovens. Afirma ter sido esta a vantagem
comparativa do país. Ressalta que o Estado de São Paulo foi o
mais educado do País. Destaca o surgimento da primeira escola
técnica, e da USP, neste Estado. Lamenta que os investimentos
educacionais em São Paulo tenham decaído nos últimos anos,
sendo hoje superados por diversos estados brasileiros. Escla-
rece que a educação somente foi colocada na plataforma de
governo pela primeira vez no governo de Juscelino Kubitschek.
Ressalta as características do homenageado, José Alex Trajano.
6 - ISABELA ARAÚJO DE SOUZA
Mestre de cerimônias, faz a leitura do curriculum do home-
nageado.
7 - PRESIDENTE JOSÉ AMÉRICO LULA
Faz a entrega do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do
Estado de São Paulo ao Sr. José Alex Trajano.
8 - JOSÉ ALEX TRAJANO
Professor e presidente da Associação Comunitária Educa-
cional Cícera Tereza dos Santos, membro do Conselho Municipal
de Educação e Cultura de Mauá e membro fundador e presi-
dente da Academia Mauaense de Letras e Artes Paulo Freire,
agradece o deputado José Américo pela oportunidade e a todos
os presentes na Mesa. Diz ser esta uma homenagem a todos os
professores e educadores brasileiros. Discorre sobre sua área de
atuação. Conta sua trajetória, desde a infância, no Nordeste, até
a chegada em Mauá. Defende a educação para todos. Lembra a
fundação da associação comunitária, na sala de sua casa. Afir-
ma que devem lutar para um Brasil cada vez melhor.
9 - ISABELA ARAÚJO DE SOUZA
Mestre de cerimônias, anuncia apresentação musical de
Mírian Warttusch, com a música de sua autoria, "Luar de São
Paulo".
10 - JOSÉ AMÉRICO LULA
Elogia o discurso consistente do homenageado, José Alex
Trajano, mostrando seu compromisso com a Educação. Discorre
sobre a superação de dificuldades na alfabetização tardia.
Comenta a trajetória do homenageado. Afirma que quem faz
história é quem tem iniciativa. Encerra a sessão.
* * *
- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. José Américo
Lula.
* * *
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - ISABELA ARAÚJO DE
SOUZA - Boa noite. Sejam todos bem-vindos à Assembleia
Legislativa do Estado de São Paulo. Esta sessão solene tem a
finalidade de outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo
do Estado de São Paulo ao professor José Alex Trajano.
Comunicamos aos presentes que esta sessão solene está
sendo transmitida ao vivo pela TV Alesp e pelo canal Alesp, no
YouTube.
Convidamos para compor a Mesa Diretora o deputado
estadual José Américo. (Palmas.) O professor José Alex Trajano,
presidente e professor alfabetizador da Associação Comunitária
Educacional Cícera Tereza dos Santos, membro do Conselho
Municipal de Educação e Cultura de Mauá, membro fundador e
atual presidente da Academia Mauaense de Letras e Artes Paulo
Freire. (Palmas.) A professora mestre Adriana Rieger. (Palmas.) A
escritora e compositora acadêmica Mírian Warttusch. (Palmas.)
A Sra. Ana Beatriz Jimenez, assessora jurídica, representando o
gabinete do deputado José Américo. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - JOSÉ AMÉRICO LULA - PT - Sob a
proteção de Deus iniciamos os nossos trabalhos nos termos
regimentais. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da
sessão anterior.
Sras. Deputadas, Srs. Deputados, minhas senhoras e meus
senhores, esta sessão solene atende minha solicitação, depu-
tado estadual, com a finalidade de outorgar o Colar de Honra
ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo ao professor José
Alex Trajano.
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - ISABELA ARAÚJO DE
SOUZA - Convido a todos os presentes para, em posição de
respeito, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro.
* * *
- É reproduzido o Hino Nacional.
* * *
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - ISABELA ARAÚJO DE
SOUZA - Neste momento ouviremos as palavras do deputado
estadual José Américo.
O SR. PRESIDENTE - JOSÉ AMÉRICO LULA - PT - Obrigado,
querida.
Boa noite a todos e a todas, aos componentes da Mesa.
Deixa eu pegar a minha... Queria, bom, em primeiro lugar,
destacar a professora Adriana Rieger. Professora, foi muito
bom que você tenha vindo, tive um prazer muito grande em te
conhecer.
A Mírian Warttusch... Warttusch. Não é Warttusch? Wart-
tusch, que é compositora acadêmica. Também fiquei conhecen-
do você, muito bom que você tenha vindo.
A minha querida Ana Beatriz Jimenez, que é a nossa asses-
sora jurídica. Os amigos, os homenageados que estão aqui
e o pessoal que acompanha pelas redes sociais e pela TV
Assembleia.
Nós estivemos, praticamente até a semana passada, atuan-
do de forma virtual; a partir da semana passada é que nós pas-
samos a atuar de forma presencial. Mesmo a Assembleia está
tendo dificuldade para ter quórum, porque ficou durante muito
tempo só em sessões virtuais. As comissões, hoje, continuam
sendo virtuais, então a gente está retomando aqui. Este ato,
inclusive, é uma sessão presencial, isso é muito bom.
Eu queria destacar o professor Alex Trajano, homenageado
da noite, que é o presidente da Associação Comunitária Educa-
cional Cícera Tereza dos Santos. Bom, o Alex...
Eu queria, em primeiro lugar, dizer que para mim, viu Alex,
é uma honra estar homenageando um professor como você,
que é um educador, é um professor no sentido amplo da pala-
vra, uma pessoa preocupada com a educação das crianças, dos
jovens. Isso é muito importante.
Eu queria contar uma pequena história de quando eu era
criança. Lá pelos anos 60, tinha mais ou menos uns dez anos,
doze anos que tinha terminado a guerra da Coreia.
Os Estados Unidos e os países da chamada “Aliança do
Atlântico” apoiaram a Coreia do Sul contra a Coreia do Norte;
impediram que a Coreia do Norte, que os comunistas, tomasse
conta da Coreia.
Enfim, foram lá no chamado paralelo 19 e teve uma guerra
pesada. Os Estados Unidos inteiro vieram, digamos, colocando
como comandante do seu exército um dos heróis da Segunda
Guerra Mundial, o general Douglas MacArthur.
Mesmo assim, os chineses acabaram expulsando os ame-
ricanos de uma parte da Coreia. Sobrou uma pequena parte
da Coreia do Sul, que ficou, digamos assim, do lado capitalista.
Bom, então, todas as vezes em que tinha uma pessoa
muito esfarrapada, (Inaudível.): “Ah, esse cara veio da Coreia”.
Coreia era sinônimo de gente esfarrapada, pobre, faminta,
desacreditada.
Bom, vamos lá, isso é anos 60. Cinquenta anos depois,
gente, o que é a Coreia? A Coreia é um dos países mais indus-
trializados e mais ricos do mundo. Um país “chiquitito”, do
tamanho do estado de Pernambuco - foi o que sobrou ao sul
do paralelo 19.
educador, um professor. Eu tenho muita vontade de voltar para
as salas de aulas.
Se tiver oportunidade eu quero voltar, ainda que eu esteja
com bengala eu quero voltar, porque é um revigorar o tempo
todo. Dizem que a gente sai. Hoje é verdade, por conta da falta
de condições de trabalho.
De fato, o professor se adoece, fica com problema na voz,
LER, tendinite, estresse, e tudo o mais. Mas quando eu comecei,
eram salas numerosas, mas também me lembro que eu entrava
nas salas de aula, eu esquecia do problema.
O problema era quando eu saía da sala de aula. Aí vinha
tudo. Então era uma energização muito forte. E o mais lindo é
quando eu preparava uma aula de acordo com os scripts, e a
aula não virava do jeito que eu tinha preparado.
Eu chegava, já estava feita a roda. Eu falei, “ué, mas
quem mandou fazer a roda?” “Nós, professora. Hoje é dia de
debates”, porque eu dava debate. Então, mas era a forma de eu
fazer. “Então tá, então vai ser o debate em cima do texto que
nós trabalhamos.
Sim, em cima do texto. Então vamos reler, e ali ficava.”
Então acho que foram os melhores momentos da minha vida.
E hoje criminalizam muito os professores que têm experiência,
Marília.
Dizem que ex-professor não podem ser valorizados. Por
isso, não, quem tem experiência agregou muito conhecimento,
e isso não pode ser criminalizado como se fosse o antigo. Não
é o antigo.
A cada momento, nas salas de aula, a gente reinventa.
Você reaprende, você, ontem eu estava até conversando com
um deputado, falou, “Professora, mas eu não sou favorável a
esse negócio de por igual aluno com professor”.
Eu falei, “não é isso”. Até o aluno sabe que não é isso, que
nós vivemos mais que ele, e que tem uma questão geracional.
Eles sabem disso. O que nós não podemos é tratá-los a chiba-
tadas.
Isso não dá certo. Ou no castigo, como escola cívico-militar.
O próprio nome dizer “cívico-militar” já delimita os muros da
escola. Escola não é para ter adjetivo. A escola tem que ser
pública, de qualidade, plural, e para todos. Essa é a escola que
tem que ser, a escola dos sonhos, popular, no dizer da Marília.
Um pouco disso.
Vou pedir para o Wilson também proferir palavras, Wilson,
e ao mesmo tempo dizer as representações que estão aqui. Mas
diga alguma coisa, esteja à vontade, para eu ler o ato de encer-
ramento desta sessão.
O SR. WILSON - Boa tarde a todas e a todos. Bom, Bebel,
primeiro parabenizá-la pela organização desse evento.
Eu me sinto muito orgulhoso de fazer parte da sua assesso-
ria, e me sinto também contemplado como professor, que sou,
também, professor universitário, e também me sinto homena-
geado na data de hoje, nesse dia tão importante, que é o dia
do professor, esse momento de reflexão tão importante sobre
o significado da educação e sobre o protagonismo que esse
profissional exerce na formação de tantas e tantas gerações.
Com isso eu quero registrar aqui a presença de pessoas
que são muito importantes para a atuação parlamentar do
mandato popular da Professora Bebel: o José Geraldo Pinto, da
Unas, a Maria Lúcia de Almeida, também da Unas (Palmas.), a
Terezinha Satec, da Unas (Palmas.), também da Unas, a Priscila
do Amaral (Palmas.), a Vera Lúcia, ainda da Unas (Palmas.), os
companheiros da Apeoesp, Maria Lúcia de Almeida (Palmas.),
Zenaide Onório (Palmas.), Flau de Azevedo (Palmas.), a Ana
Cristina do Nascimento, da Uncme (Palmas.), o Ismael de Jesus
Morales, diretor da Pase (Palmas.), a Vanessa Laureano da Silva
Santos, diretora da creche da Unas Frei Sérgio (Palmas.), Tiago
Fainer, presidente da Uesp-Piracicaba (Palmas.), professor Valmir
Siqueira, coordenador nacional do coletivo LGBT da CUT, diretor
da Apeoesp (Palmas.), e o Darlécio Victor, presidente do Profes-
sorado Católico (Palmas.).
Obrigado, Bebel. Parabéns por esse belíssimo evento.
A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Bem,
antes de ler eu tive a oportunidade de estar, no último 12 de
outubro, em Aparecida do Norte. Eu sou católica, eu também
tenho que dar uma banhada no meu espírito, porque ninguém
aguenta tanta militância e tanta porrada sem nos apegarmos.
Mas fiquei muito contemplada com a palavra do cardeal,
quando ele diz: “pátria amada não é pátria armada”. (Palmas.)
Não pode ter um governo sem plantar o amor. Não pode plan-
tar o ódio, não pode ter fake news.
Eu acho que serviu muito bem para o cidadão que esteve,
eu acho que ele tem o direito de ir onde ele quer. Eu acho que
as igrejas têm que estar abertas para quem quer que seja, para
que religião for.
Mas no momento ali, em Aparecida do Norte, em que você
vê pessoas tão pobres vindo de locais tão distantes, enfim. Não
condizia com o momento pelo qual passa o País: fome, misera-
bilidade absoluta, desemprego e mais de 600 mil mortes.
Isso, por si só, fala por que não era o momento de o pre-
sidente da República estar em Aparecida do Norte. Ali é quem
está buscando a esperança. Numa fila chorava, chorava, uma
senhora dizendo, “fiz promessa para Nossa Senhora de Apareci-
da me curar de Covid, e ela me curou”. Vale, gente.
A fé é alguma coisa que se eu não acreditar em alguma
coisa, eu também não vou aguentar. E para mim, até eu con-
versei com um jovem fotógrafo que estava comigo, o Guga,
eu disse, “Guga, o que me deixa forte aqui é saber que todos
vêm em nome do bem: ou quer melhorar alguma coisa, ou quer
saúde para a família, quer, enfim, arrumar emprego.”
Então ali é um conjunto de energias positivas, e você se
sente bem porque você também está buscando alguma coisa.
Eu busco incessantemente e verdadeiramente, sim, melhoria na
Saúde da minha família, de uma irmã que sofre, foi acometida
por um câncer de mama.
Eu busco incessantemente, será por tantas outras coisas,
mas eu busco incessantemente, desde que me tornei militante
de sindicato, a melhoria dos professores do estado de São
Paulo. (Palmas.)
E nós vamos ter de conseguir. Não é possível que só os
grandiosos vençam. Gandhi já falava isso: “o que me deixa
mais tranquilo é que um dia os tiranos cairão”, e vão cair.
(Palmas.)
Antes, porém, eu tenho que ler o termo de encerramento,
que é o seguinte: esgotado o objetivo da presente sessão, eu
agradeço às autoridades aqui presentes, à minha equipe, aos
funcionários, ao Serviço do Som, que brilhantemente trabalha-
ram, da Taquigrafia, da fotografia, do Serviço de Ata, do Ceri-
monial, da Secretaria-Geral Parlamentar, da Imprensa da Casa,
muito obrigada, da TV Alesp, das assessorias policiais, militar e
civil, bem como todos os que, com suas presenças, colaboraram
para o pleno êxito dessa solenidade.
Está encerrada esta sessão.
* * *
- Encerra-se a sessão às 13 horas e 28 minutos.
* * *
18 DE OUTUBRO DE 2021
6ª SESSÃO SOLENE PARA OUTORGA DE
COLAR AO PROF. JOSÉ ALEX TRAJANO
Presidência: JOSÉ AMÉRICO LULA
RESUMO
1 - JOSÉ AMÉRICO LULA
Assume a Presidência e abre a sessão.
2 - ISABELA ARAÚJO DE SOUZA
Mestre de cerimônias, anuncia a composição da Mesa.
3 - PRESIDENTE JOSÉ AMÉRICO LULA
Informa que a PRESIDÊNCIA efetiva convocara a presente
sessão solene, para a "Outorga do Colar de Honra ao Mérito
um livro. É assim que nós vamos enfrentar esse cerco. É assim
que as entidades as quais eu represento...
Mesmo estando enfrentando o avanço do poder econômico
transformando a educação em mercadoria, nós nunca podemos
perder de vista a luta que nós temos que travar com a educação
pública, de qualidade e inclusiva, porque é nisso que nós acredi-
tamos, porque é lá que está a nossa razão de ser, que são esses
jovens que estão aqui, que são aquelas crianças que sorriem.
É com esses instrumentos que nós vamos enfrentar esse
cerco. Então, para encerrar, eu não gostaria de encerrar com
uma tristeza, porque o dia dos professores, para mim, profes-
sor de história de ensino médio, sempre foi um momento de
reflexão, mas também de muita alegria, em que eu buscava as
lembranças da sala de aula.
Já estou aposentado e estou na militância sindical, e eu
vou encerrar dizendo uma coisa que eu ouvia sempre de um
aluno que foi muito marcante em toda a minha história na sala
de aula, quando ele dizia para mim assim: “Professor, obrigado.
Amanhã, tem mais”.
Obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Antes da
Sara, eu ainda tenho o vídeo - não posso cometer a indelica-
deza de não passar - que é do sociólogo e professor Cesar Cal-
legari. O Cesar foi meu companheiro no Conselho Nacional de
Educação e é muito importante que a gente ouça as palavras
dele. Por favor, Cesar Callegari.
* * *
- É exibido o vídeo.
* * *
Chamo a Sara. Por favor, Sara, da Uncme, que é a União
Nacional dos Conselhos Municipais de Educação. (Palmas.)
A SRA. SARA ISABEL - Boa tarde a todos e a todas que
estão presentes aqui. Eu sou a professora Sara Isabel. Eu repre-
sento a Uncme - São Paulo na diretoria da Uncme, na presença
do professor Milton Herrera, que manda um abraço a todos. A
Uncme - São Paulo quer informar a todos que, ontem, soltamos
uma nota em que somos contra o retorno 100%, neste momen-
to. (Palmas.)
Não é tempo, ainda, de colocar os nossos estudantes em
risco, principalmente os que só tomaram a primeira dose da
vacina. Então, a Uncme se manifestou ontem, através de uma
nota pública.
Eu trouxe para compartilhar com vocês, fechando, e parece
que tudo corrobora. Complementando as palavras da Júlia, eu
recebi uma carta da minha sobrinha e eu queria compartilhar
com vocês.
É uma menina que acabou de sair da universidade, que
estava casada, que perdeu o marido na pandemia, mas que,
ainda assim, teve tempo de ter um olhar para os professores.
“Em algum momento da vida, lemos ou ouvimos, em
algum lugar, que, se não fossem os professores, os mestres,
não seríamos ninguém. De fato, não seríamos, mas até ontem
não sabíamos o valor de um ensinamento e precisamos de
uma pandemia mundial para descobrirmos o quanto é valioso
ensinar.
Quando toda uma população precisou desenvolver um
pouquinho do seu lado didático para que os filhos acompa-
nhassem suas aulas online, descobrimos que um grande mestre
não abre um livro dentro de uma sala de aula, e apenas dita
palavras.
Descobrimos que para ensinar é preciso se doar, se dedicar,
é preciso ter paciência, é preciso ter dom.
Nesses dois (Inaudível.) anos, mais do nunca, os professo-
res fizeram das tripas o coração, para que os seus estudantes
não perdessem conteúdos e conhecimentos, não ficassem,
como diriam todos, no prejuízo.
Vimos professores acompanhando o que o governo pro-
punha, e doando muito mais do que podiam para que o ensino
remoto funcionasse, tentando passar para seus estudantes que
a educação sempre vence e sempre vencerá. E tem vencido
apesar de todas as dificuldades encontradas.
A vocês, grandes mestres, pessoas dotadas de um excep-
cional saber, competência e talento, seja em qualquer área,
nas ciências, nas exatas ou na arte, nossos parabéns e nossa
profunda gratidão.
Vocês são seres humanos incríveis que deveriam ocupar
o lugar de honra na sociedade, por compartilharem o saber, o
dom, o amor de vocês, sem olhar a quem, rompendo fronteiras.
Se o futuro de uma nação são as crianças, está mais do
que na hora de valorizarmos quem as ensina, quem as prepara.
Educar sempre foi e sempre será uma missão.
A maior riqueza do ser humano é o conhecimento que ele
adquire. E, como diria Paulo Freire, eu sou um intelectual que
não tem medo de ser amoroso. Amo as gentes, amo o mundo, e
é porque amo as pessoas e amo o mundo que brigo para que a
justiça social se implante antes da caridade.”
A Uncme São Paulo deseja a todos um feliz Dia dos Profes-
sores. (Palmas.) Continuamos na luta. Fora, Bolsonaro, chega.
A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada,
Sara. É sempre uma satisfação ter as diversas representações
e segmentos. A Educação é assim, ela não é, como dizia Paulo
Freire, “vovô viu a uva”.
Mas é o contexto que deve orientar o ato de educar. Por
isso, ele sofreu muito, porque com isso se politiza, e politizar
não é pecado. Pecado é armar a população, tirar vidas, é não ter
compromisso com vidas.
Isso é pecado, isso não está certo. Mas politizar, tornar
consciente e deixar que cada um faça a sua escolha, esse é o
caminho correto, que é a pluralidade de ideias, de posições,
que nos permite, como cidadãos e cidadãs, que somos, abrir
uma fronteira e lutar a cada momento por tudo aquilo que nós
acreditamos.
Por isso me tornei professora. Eu me tornei professora
porque eu acreditava. Não faria sentido para mim um escritório,
como a minha irmã quis, desviou o meu caminho, professora
no ensino médio, que eu ia fazer magistério, falou, “mãe, tenho
que estudar contabilidade para arrumar emprego logo”.
Minha mãe falou, “então todas as duas vão estudar conta-
bilidade”. Eu falei, “mãe, mas eu não quero. Eu quer ir fazer lá
o Sud Mennucci”, que é a escola primária. Eu queria começar já
como professora primária.
Mas como a gente não tinha dinheiro, minha mãe falou,
“não, todas as duas vão para o mesmo lugar, porque uma olha
a outra”, porque ainda tinha essa questão da moralidade.
Como é que iria uma sozinha sem a outra para não ter
como contar? Tinha que ter. Eis que a minha danada da minha
irmã mais velha ela casou-se no segundo ano de contabilidade,
e eu tive que ir até o final da contabilidade, para depois fazer a
minha escolha, que foi fazer letras.
Então era um sonho meu ser professora, eu dava aula para
eu sozinha, meus irmãos tinham que ser meus alunos, e se não
quisessem eu punha um monte de tijolo, cada um tinha um
nome, eu falava com os tijolos.
Mas é isso, é um pouco disso. Quem sonha sonha da forma
como pode. Eu sonhei, eu consegui ir dar aulas. Eu costumo
dizer, falava sempre para os estudantes: “vocês entram na
minha casa o tempo todo”. “Eu não, professora, eu não estive
lá.”
Eu falei: “Eu não levo prova? Eu não levo os trabalhos
de vocês? Toda hora lá eu pego e vejo, ‘João não sei o que’,
'Roberto não sei o que’, e a gente vê a cara de quem? De quem
na hora que você está corrigindo você está vendo, o rostinho
de cada um”.
Eu tomava muito cuidado para não ler nome quando eu
dava prova dissertativas, porque se não você muda o critério,
dependendo de quem está sendo. Eu falei, “eu não vou ler
nome”, então lia, corrigia um pacote de provas assim.
Passava domingos, às vezes. Mas isso era um envolvimen-
to, as pessoas não têm ideia de o que é o ato, de o que é ser um
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sexta-feira, 14 de janeiro de 2022 às 05:06:29

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