Debates - 27 DE OUTUBRO DE 2023 $1ª SESSÃO SOLENE PARA OUTORGA DO COLAR DE HONRA AO MÉRITO AO SR. SIDNEI BARRETO NOGUEIRA

Data de publicação15 Dezembro 2023
SeçãoCaderno Legislativo
94 – São Paulo, 133 (224) Diário Ofi cial Poder Legislativo sexta-feira, 15 de dezembro de 2023
ser representa política, cultural, filosoficamente, historicamente,
religiosamente.
Também por isso, por ser a nossa religião ancestral, nós
sofremos um processo radical de racismo religioso e as nossas
religiões são perseguidas. E nós somos obrigados a gastar
nossa energia e nossa vida nos defendendo, defendendo nossos
territórios, defendendo nossos terreiros, lutando por direitos,
quando a gente poderia fazer uso da nossa vida muito mais
para celebrar, conviver e para se amar. Não é possível.
Pai Sidnei representa isso. Ele é uma liderança religiosa,
é um estudioso, um intelectual, mas ele é sobretudo uma
representação do que nós queremos para o mundo. E, nos
momentos...
Eu quero, mais uma vez, te agradecer por isso, pai Sidnei,
pela sua amizade, pela sua confiança, por você ter me recebido
por sua casa e por ser merecedor de sua amizade. Eu vou ter-
minar lendo palavras que eu conheci em um texto com o título
“Tributo a um sábio africano”, que hoje eu utilizo para fazer o
meu tributo ao nosso pai Sidnei.
“Nossa cultura, nossa religião e nossa arte mantém a Áfri-
ca viva em nós. No coração da África, onde a história ancestral
se entrelaça com sons da natureza e a cadência das tradições,
encontramos um sábio cuja sabedoria transcende o tempo e
o espaço. Ele é um guardião dos segredos do passado, um elo
entre as gerações, um farol de luz no caminho para o futuro.
Com a sua mente brilhante e a sua alma sábia, esse griô
africano nos ensina a importância da conexão com a terra, com
nossas raízes, com nossas ancestralidades e de nós, uns com os
outros. A sua sabedoria é como uma árvore antiga, com raízes
profundas que se estendem para o passado e galhos que se
esticam para o céu, abraçando o presente e o futuro.
Ele nos lembra que a verdadeira riqueza está na sinceri-
dade, na harmonia com a natureza e com a espiritualidade. No
respeito pela vida em todas as suas formas. Seus olhos brilham
com o conhecimento das estrelas e a compreensão das marés.
Ele nos ensina a olhar para o céu e para a terra, e buscar as
respostas ao ouvir o sussurro do vento em busca de orientação.
Mas a sua sabedoria não se limita ao conhecimento do
mundo natural. Ele, também, é guardião das histórias e tradi-
ções que moldaram a nossa cultura. Suas palavras são como
canções antigas que ecoam através das colinas e dos vales, e
nos lembram de nossas origens e de nosso poder ancestral. Nos
dá força para seguir e lutar. Esse sábio africano é um farol. Esse
sábio africano é um farol de esperança em um mundo turbulen-
to, injusto, violento e triste.
A sua presença é um lembrete de que o amor e a união são
alicerces de uma sociedade justa. Hoje, prestamos homenagem
a esse sábio africano, cuja luz brilha intensamente e cuja sabe-
doria ilumina nosso caminho.
Que a sua herança perdure. Que suas lições sejam pas-
sadas de geração a geração. Que a sua influência continue a
inspirar todos nós a viver com sabedoria e respeito por ela e
por essa vida que compartilhamos”.
Nós honramos, pai Sidnei, nós honramos não apenas como
um sábio africano, mas como um tesouro global, cujas palavras
e ações transcendem fronteiras e nos lembram de nossa huma-
nidade comum.
Muito axé, saúde e vida longa ao nosso querido e amado
pai Sidnei.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - RODRIGO MAR - Antes
de passar para o próximo componente da Mesa, gostaria de
chamar para compor a Mesa extensora, a ialorixá Nádia de
Logunedé. Uma salva de palmas. (Palmas.)
Seja bem-vinda.
Gostaríamos de passar a palavra para o vereador João
Ananias, do município de São Paulo. (Palmas.)
O SR. JOÃO ANANIAS - Está aberto? Boa noite a todas e
todos. Vou falar, aqui, para a gente diminuir, que a pessoa mais
importante a ser ouvida aqui, hoje, é o pai Sidnei. Mas eu que-
ria parabenizar aqui o nosso Douglas Belchior. É um militante
que está todo dia na luta. Parabenizar sempre a luta que ele faz
no dia a dia, por aí. Parabéns.
Queria, também, cumprimentar meu deputado, Paulo Reis,
que é um cara incansável no dia a dia. Como ele fala que eu
o substituí na Câmara Municipal, como eu vou substituir um
vereador que fez 90 leis serem aprovadas na Câmara Municipal.
Uma câmara que, na verdade, hoje em dia a gente pode
falar que dificilmente você consegue aprovar um projeto lá, é
difícil transitar qualquer projeto naquela casa, e ele conseguiu
fazer noventa. É um cara que eu aprendi a gostar, um cara que
é fiel e defende o povo. Está sempre com o povo. É isso. Para-
béns por esta propositura.
Eu queria parabenizar também o pai Sidnei. E claro, gente,
o que o Reis acabou de falar é muito importante, porque a
Casa, é difícil você trazer...
Nós somos a maioria, por que não ocupamos esta Casa
todo dia? Como ele disse, 80% da nossa população é a maio-
ria, nós somos 80%, e por que a Câmara Municipal a gente
não consegue ocupar, a Alesp a gente não consegue ocupar?
A Câmara dos Deputados, lá em Brasília, por que a gente não
consegue ocupar?
Eu acho que falta um pouquinho para a gente fazer esse
movimento e conseguir conquistar os nossos espaços, o que é
nosso, também. Como ele falou: “Aqui é nosso”.
E, também, queria parabenizar a todos vocês que estão
aqui nesta Casa hoje, um dia de chuva, uma sexta-feira difícil
de chegar aqui.
Parabéns a todos vocês, e claro, vamos esperar a principal
homenagem, que é ao pai Sidnei.
Obrigado, gente. (Palmas.)
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - RODRIGO MAR - Obriga-
do, vereador. Passamos a palavra para a mãe Ellen de Oxum.
(Palmas.)
Mãe Ellen, seja muito bem-vinda a esta tribuna.
A SRA. ELLEN - Vou aproveitar para dar meu boa noite
para todas, todes e todos. É uma grande satisfação enorme
estar aqui. Daqui eu posso olhar melhor, também, o nosso
homenageado, a quem eu saúdo. Faço meu boa-noite e saúdo o
deputado Reis; o João Ananias; o meu querido amigo, Douglas
Belchior; e a todos que estão aqui presentes.
Peço à dona Joesia de Iansã a benção. E cumprimento a
todos que estão no auditório, sob os pés do Maracatu Congo do
Ouro, porque está lindíssima essa imagem de lá de cima.
Foi impactante pensar nos nossos pés no dia de hoje, um
dia de chuva. E que bom que é um dia de chuva, porque isso
nos lembra Xangô, que é justamente o orixá do pai Sidnei, que
é justamente aquilo que ele excorpora, aquilo que ele reverbera.
Eu concordo muito com o que o Douglas disse, que é muito
difícil a gente poder falar de momentos de alegria, mas se tem
alguém que festeja e vivencia a alegria é o pai Sidnei de Xangô,
e nos mostra que nós temos o direito de existir. A partir da ale-
gria dele, porque ele de fato...
Pai, quando olho para o senhor, eu sei que o senhor é o
sonho dos nossos ancestrais, e isso me motiva. Eu vejo isso no
brilho do olho de cada um dos nossos alunos, eu vejo isso na
esperança de cada uma das mães que muitas vezes perderam
seus filhos, a cada 28 minutos, e não tiveram a mesma felici-
dade de poder protegê-los como a dona Joesia pode proteger.
O que a gente está fazendo aqui hoje é um ato revolucio-
nário, porque não é pouco em um país em que o cristianismo é
compulsório, onde em cada espaço que eu adentro - inclusive o
desta Casa, cercado de cruz -, eu possa ter uma pessoa como
o pai Sidnei, que ensina que segurar exu é o direito de existir.
É aquilo que o amálgama de Xangô, que ele ensina no
corpo vivo de Xangô, do Amalá, nos faz unidos. E isso me torna
inteira, porque estou muito alegre de poder representar o meu
axé e a minha universidade, aqui nas falas hoje.
Esta homenagem ao pai Sidnei é para realmente mostrar
para a sociedade a importância de que esta Casa realmente
seja plural. De que esta Casa seja participativa. De que esta
Casa lute por políticas públicas, lute por aqueles que mais
precisam.
É o significado da luta do pai Sidnei. Pela luta, pela histó-
ria. Um pesquisador, um professor e um lutador contra a intole-
rância religiosa, porque, quando eu o conheci, a primeira coisa
que ele falou comigo foi isso.
Ele me perguntou... porque quem me apresentou ao pai
Sidnei foi o Ricardo, que ali está. E quando ele começou a con-
versar comigo, ele começou a querer saber dos meus projetos.
“Não, mas quais são os seus projetos”. Foi a pergunta que ele
me fez.
Eu comecei a falar para ele: “Olha, tenho pouco tempo de
vereança, mas já aprovei várias leis. Tenho 90 leis aprovadas na
cidade de São Paulo, inclusive a mais recente, pai Sidnei, que foi
sancionada 31 de março deste ano, é a que colocou a palavra
África na Praça da Liberdade”.
A Praça da Liberdade agora se chama Praça da Liberdade
África-Japão por uma lei de minha autoria, e que assim que eu
saí o prefeito a sancionou. Muitas pessoas perguntam: “Por que
colocou África na Praça da Liberdade?”. Às vezes, as pessoas
não conhecem a história da Liberdade.
A sua essência histórica é do povo negro. Dos quilombos.
A Praça da Forca, onde as pessoas escravizadas - negros e
negras escravizadas, indígenas - eram capturados, levados ali
e enforcados.
Por conta do enforcamento do cabo Francisco das Chagas,
cuja corda quebrou três vezes, e quando a corda quebrava
a pessoa era absolvida, quando a corda quebrou a primeira
e a segunda, as pessoas gritavam: “Por liberdade, liberdade,
liberdade”.
A praça, que era da Forca, passou a se chamar Praça da
Liberdade. E lá, também, tem um outro projeto de minha auto-
ria, que a prefeitura vai implantar, que é o Memorial dos Aflitos.
Inclusive, na segunda-feira eu tive uma reunião na Secreta-
ria de Cultura, pai Sidnei, em que eles apresentaram o projeto
de como vai ser o memorial que vai ser instalado ali, entre o
Beco dos Aflitos e a Rua Galvão Bueno, por conta de um
empresário ter comprado o imóvel, demoliu o prédio, começou
a escavar.
E o que foi encontrado lá? As ossadas de pessoas que
foram sepultadas ali, porque o primeiro cemitério de São Paulo
é o Cemitério dos Aflitos. Debaixo daqueles prédios, nós temos
várias ossadas, como se deu com esse prédio.
E nós fomos para cima, fizemos audiências públicas, cha-
mamos os institutos de preservação do patrimônio histórico,
fizemos um dossiê, convencemos o prefeito a desapropriar o
imóvel.
Fizemos um projeto de lei que aprovamos na Câmara de
São Paulo. E, lá então, a Lei nº 17.310 diz que lá tem que ser
instalado, construído, o Memorial dos Aflitos, onde vão ficar
as ossadas que foram encontradas lá. Cerca de nove ossadas
dos aflitos.
E quem eram os aflitos? Justamente as pessoas escraviza-
das, indígenas, que às vezes fugiam dos senhores, eram captu-
radas, levadas à Praça da Forca, enforcadas e sepultadas ali e
por isso que elas vinham aflitas. Por isso que tem lá o Beco dos
Aflitos, a Igreja da Nossa Senhora das Almas dos Aflitos.
Comecei a falar, também, da lei de cotas raciais, que é de
minha autoria na Prefeitura de São Paulo. Toda vez que tem um
concurso, 20% para negros e negras e afrodescendentes. Por
esse concurso, mais de cinco mil negros e negras já entraram
na prefeitura de São Paulo. Diretores de escola, procuradores,
auditores, fiscais.
Eu fui à Marcha da Consciência Negra e lá fui ganhando
a atenção do pai Sidnei, porque ele estava cobrando. Eu falei:
“Não, eu posso até..., mas eu preciso saber”. E fui discorrendo
sobre vários projetos na área das políticas afirmativas, que lá na
Câmara eu aprovei, e que alguns eu já trouxe para cá, já apre-
sentei aqui, mas aqui é mais difícil de fazer as coisas.
Para aprovar as coisas aqui, pai Sidnei, é muito difícil. Eu,
com aquele ritmo de aprovação, aqui eu vejo que é muito lento.
Os deputados, aqui, talvez aprovem um projeto por ano. Lá nós
aprovávamos... eu tenho uma média de dez aprovados por ano.
A gente tem que buscar a conscientização de que essa
composição aqui tem que ser mais povão. E a responsabilidade
está na mão do povão, porque o povão é a maioria, o povão
não é a minoria. Então, não pode uma minoria colocar uma
maioria nesta Casa para dominar a maioria lá fora.
É essa reflexão que deixo aqui. Dou os parabéns para
todos vocês. Coloco-me à disposição, o mandato nosso está à
disposição.
E dou os parabéns ao homenageado que vai receber, na
data de hoje, esta tão importante honraria pela Assembleia
Legislativa do Estado de São Paulo.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - RODRIGO MAR - Antes de
ouvirmos a Mesa, eu gostaria de chamar o Nildo Oxaguiã, um
babalorixá que está conosco para compor a Mesa Extensora, à
direita do nosso homenageado. Seja bem-vindo, companheiro.
(Palmas.)
Nós estamos com sucesso de audiência na Rede Alesp,
então quero agradecer a todos e a todas que estão acompa-
nhando pelo YouTube. Mande sua mensagem ao pai Sidnei e
depois a equipe e o pai responderão as mensagens aqui no
nosso chat. Vamos ouvir agora a nossa Mesa. Vou passar a
palavra, para uma breve saudação, ao amigo Douglas Belchior.
Com a palavra, Douglas.
Uma salva de palmas. (Palmas.)
O SR. DOUGLAS BELCHIOR - Salve, boa noite. Boa noite,
pessoal. Muito axé, muito obrigado, sua bênção, pai. Muito
obrigado pela honra deste convite.
Eu falo em nome da Uneafro Brasil. Claro, eu fui convidado
como alguém que acompanha a trajetória do pai Sidnei, mas,
sobretudo represento aqui o sentimento da Uneafro Brasil,
que é o movimento negro no campo da educação que ajudo
a construir.
Estou muito honrado pelo convite, por poder falar para
vocês, deixar meu abraço a vocês. Muitos amigos e amigas
queridos aqui. Em especial, eu saúdo e cumprimento o vereador
João Ananias, o nosso deputado Reis.
Obrigado, Reis, por essa possibilidade, por você aqui, nesta
Casa, colocar o seu mandato a serviço dos interesses do povo
negro. Foi assim como vereador. Quem não acompanha, vale a
pena pesquisar as leis que Reis aprovou em São Paulo. Grande
parte delas têm interferência na relação direta com a luta con-
tra o racismo aqui na Cidade.
Não é um parlamentar, um político que fala e não tem
coerência entre o que diz, promove e faz. É um dos poucos, a
gente sabe que são raros aqueles que carregam coerência entre
o que dizem e o que fazem quando estão no parlamento. Te
agradeço por isso.
Eu estou vendo aqui o meu griô, Oswaldo Faustino, o meu
abraço, querido irmão, grande referência. A quem, assim como
o pai Sidnei, merece logo mais...
Com certeza alguém vai fazer isso, vai homenagear aqui a
história e a vida de Oswaldo Faustino. O meu irmão, Renan. A
minha irmã, Tami, que está aqui. A minha irmã Ellen, que está
aqui. O meu irmão Jean William, também, satisfação imensa.
Em nome de todos, cumprimento e saúdo a todos vocês.
Eu poderia gastar meus poucos minutos falando raivosa-
mente de tudo que nos oprime e de como a gente é obrigado a
gastar nossa energia e nossa vida lutando por direitos elemen-
tares, por direitos humanos de um povo que teve sua huma-
nidade negada historicamente. O racismo é, sobretudo, um
processo de desumanização do ser e de tudo aquilo que aquele
vezes já disse aqui, nesta tribuna, Douglas Belchior, vereador
João Ananias, porque aqui é a casa grande. É a Casa em que
nós estamos de teimosos que somos.
Nós viemos do gueto, da periferia. Nós viemos do fundão
da cidade e chegamos aqui. Então, não é uma Casa muito fácil,
e as pessoas nem sempre se apropriam dela.
Então a presença de vocês aqui, nesta sessão solene, tem
esse significado. O povo se apropriando do poder, do Poder
Legislativo. Eu quero fazer aqui as saudações. Tem que cumprir
as formalidades, saudar um a um.
Primeiro, quero saudar cada um de vocês aqui presentes, e
dizer: parabéns pela participação nesta sessão solene. Depois,
eu quero saudar o vereador João Ananias, não sei se vocês
conhecem o vereador João Ananias, mas ele foi o meu sucessor
na Câmara Municipal de São Paulo.
Até outro dia, eu estive na Câmara e tive de sair para
vir para cá. Quinze de março, foi a minha posse aqui, no meu
primeiro mandato de deputado estadual. Ele acabou ocupando
o meu gabinete, e já tomou conta de tudo, inclusive dos meus
projetos.
Vários projetos que tramitavam na Câmara Municipal,
coautoria dele, e hoje ele continua um trabalho que nós já,
por oito anos e 75 dias, vínhamos trazendo na Câmara de São
Paulo. Faço essa saudação especial ao vereador João Ananias.
Saudar a mãe Ellen de Oxum, representante do Ilè Asè Omo
Osè Igba Alatan e coordenadora de cultura da Unifesp. Muito
obrigado e seja bem-vinda à Assembleia Legislativa do Estado
de São Paulo.
O meu companheiro Douglas Belchior, que é companheiro
de luta da velha guarda. Quando eu estive lá, no templo do pai
Sidnei, ele falou: “Eu estou aqui apoiando o Douglas Belchior.
Vieram vários estaduais aqui, mas acho que esse seria o melhor
para nós”.
Então, acabamos fazendo uma dobrada, pode-se dizer, vela-
da, porque nós tentamos tanto fazer a nossa campanha casada,
acabou não progredindo, mas acabou que o pai Sidnei fez.
Muito obrigado pela presença, parabéns pelo seu trabalho,
pela sua luta, principalmente no combate ao racismo, na busca
da igualdade racial, na busca de tirar tantos jovens e colocar
em um mundo melhor, em uma educação de qualidade. Tem
feito um trabalho muito importante e que a gente acompanha
de perto.
E cumprimentar... uma saudação especial para o nosso
homenageado, que vai ser condecorado aqui hoje, vai receber
a mais alta honraria do Estado de São Paulo, da Assembleia
Legislativa do Estado de São Paulo. O primeiro - segundo as
informações que eu tenho - babalorixá que vai receber o Colar
de Mérito Legislativo nesta Casa. (Palmas.)
Cumprimentar a Joesia Teles, sua mãe; seu sobrinho,
Matheus Mendes, cadê o Matheus? Ah, está em cima, o
Matheus; Vanessa Mendes; Percival Henrique, pode falar o grau
de parentesco? Cunhado; A Vanessa é irmã; O Gabriel Mendes,
sobrinho. Muito bem, vocês estão muito bem cuidados. O Rob-
son da Silva, é babalorixá; Madhavi Murty, presente, represen-
tante da Unesco; (Inaudível.) mãe Maria (Inaudível.) de Iansã.
Alexandre Teles, Daniel Pereira, Vanessa Barreto Nogueira
Mendes, o Matheus Barreto, o Percival Henrique, a Raíssa Fer-
nandes de Oxóssi, a Josiane Rodrigues, o Fagner Aparecido Perei-
ra, o Gabriel Barreto Mendes. Ana Beatriz de Oliveira. Tem mais
alguém que eu não chamei? Mãe Vera de Oxum, minha irmã.
Todos sintam-se cumprimentados por esta Casa, pelo nosso
mandato, pela nossa equipe. Quero agradecer a toda minha
equipe na pessoa do Rodrigo Mar, que é meu chefe de gabinete,
que ajudou bastante na organização. Os assessores fizeram até
um discurso aqui, para mim, de duas horas e meia, mas acho
que não precisa.
Às vezes, eu falo muito. Na Câmara, quando tinha os even-
tos, eu falava às vezes duas horas, três. E depois, quando estava
para terminar, eu falava: “Ainda tem mais um tempo para falar
para vocês”.
Mas dizer... Eu tenho acompanhado bastante a Assembleia
Legislativa, e desde quando cheguei aqui, pai Sidnei, eu percebo
que as matérias, os projetos que tratam da questão da religião
de matriz africana, eles não tramitam muito bem nesta Casa.
Aqui, nós temos uma composição que foi eleita na urna,
e que tem na oposição, que é formada pelo PT, PT/PCdoB/PV,
19 deputados. São 18 do PT, e com a Leci Brandão, dezenove.
Nós temos seis do PSOL, o que dá 25 deputados. E nós temos...
e parece que três do PSB, que às vezes votam com a gente; às
vezes, dependendo da matéria, votam com os outros.
Ou seja, a oposição é muito pequena nesta Casa. Os
demais... Nós temos um público de deputados muito conser-
vador. Muito conservador. E temos uma bancada, também, da
igreja, muito forte.
Quando vêm certos projetos que tratam da questão LGB-
TQIA+, projetos que tratam da questão racial, projetos que
tratam da intolerância religiosa, a gente percebe o travamento
desses projetos nas comissões.
E eu acho que esta aqui é uma Casa de todos, mas todos
não estão representados nesta Casa, percebe? É uma Casa de
todos, mas todos não estão representados nesta Casa. A Câma-
ra Municipal também não é muito diferente. É muito importan-
te, dentro dos processos eleitorais, porque nós somos a maioria,
o povo é a maioria.
Eu não sei como nós somos a maioria e acaba, aqui na
representação, virando a minoria, percebe? Nós somos a maio-
ria, o povo é a maioria. Não é a elite que é a maioria, não são
as pessoas que moram nos Jardins, que moram na Chácara
Flora, nas regiões mais abastadas, que são a maioria.
A maioria é o povão. Agora, por que esse povão não está
representado aqui? Por que o povão não se faz representar?
Porque, em tese, nós éramos para ser a maioria, e não aqueles
que acabam virando um “puxadinho” do governo.
Acaba seguindo aquilo que o governo quer. Olha só os
projetos que nós temos aqui, que nós temos que enfrentar: a
privatização da Sabesp. Está aqui o projeto, está tramitando.
Vai prejudicar muitas pessoas, a gente não sabe o que vai
dar isso. Se naquelas comunidades pobres, carentes, se real-
mente vai ter água, se realmente o empresário que vai ser dono
da água vai querer fornecer água para aqueles que, às vezes,
não tem recursos para pagar. Se a água vai chegar limpa, se vai
chegar barrenta...
Se é uma empresa que dá lucro, por que tem que ser vendi-
da? Mas é o que está aqui no momento, é que vai ser vendida,
porque, se tem uma maioria... você viu a quantidade de deputa-
dos que nós temos? Para chegar a 94 falta bastante.
E está aqui, também, um projeto para tirar dinheiro da
Educação. Nove bilhões é o que se pretende tirar da Educação.
“Não, tudo bem”. Com a desculpa que é para pôr na Saúde.
A Saúde precisa de dinheiro, é verdade, mas a Educação
também precisa. Não se forma um médico sem educação. Não
podemos tirar o dinheiro da Educação, mas o projeto do gover-
nador de São Paulo já está tramitando aqui para reduzir de
30% para 25% o montante gasto com a Educação.
Se nós somos a maioria, essa maioria não está representa-
da aqui. Temos pessoas que se elegem porque tem seguidores,
são famosos e tem milhões de seguidores, mas na hora vota a
favor dos grandes, da elite, não do povão. Políticas públicas que
são aprovadas aqui recebem vetos. Recebem vetos.
É uma reflexão que a gente tem que fazer, e ver como que
no tempo, nos próximos momentos que vamos ter pela frente, a
gente possa conscientizar as pessoas da importância da maioria
estar representada aqui. De todos os setores. Brancos, negros,
amarelos. Todas as religiões estejam representadas aqui.
É fato que aumentou um pouco a quantidade de mulheres.
Hoje nós temos 24 mulheres aqui no Parlamento. Mas, ainda
assim, nós temos uma parte dessas mulheres que são conserva-
doras, que estão no time do governo e não muitas vezes votando
em políticas públicas para nós, para o povão que tanto precisa.
Debates
27 DE OUTUBRO DE 2023
46ª SESSÃO SOLENE PARA OUTORGA DO
COLAR DE HONRA AO MÉRITO AO SR.
SIDNEI BARRETO NOGUEIRA
Presidência: REIS
RESUMO
1 - REIS
Assume a Presidência e abre a sessão.
2 - RODRIGO MAR
Mestre de cerimônias, anuncia a Mesa e demais autoridades
presentes.
3 - PRESIDENTE REIS
Informa que a Presidência efetiva convocara a presente
sessão solene para "Outorga do Colar de Honra ao Mérito
Legislativo do Estado de São Paulo ao Sr. Sidnei Barreto
Nogueira", por solicitação deste deputado.
4 - RODRIGO MAR
Mestre de cerimônias, convida o público para ouvir, de
pé, o "Hino Nacional Brasileiro". Anuncia a apresentação
musical do “Canto para Oxalá”, executada pelo tenor Jean
William. Informa a execução do “Hino da Umbanda” pelo
pai Balé, ogã de Xangô.
5 - PRESIDENTE REIS
Tece considerações simbólicas sobre esta solenidade.
Reflete acerca de projetos de sua autoria, de cunho social,
quando do exercício da vereança em São Paulo.
6 - DOUGLAS BELCHIOR
Membro da Uneafro Brasil, faz pronunciamento.
7 - JOÃO ANANIAS
Vereador à Câmara Municipal de São Paulo, faz pronunciamento.
8 - MÃE ELLEN DE OXUM
Ialorixá, faz pronunciamento.
9 - RODRIGO MAR
Mestre de cerimônias, anuncia apresentação musical
de Ana Clara Ferraz. Informa exibição de vídeo com
mensagens ao homenageado. Anuncia apresentação
artística do grupo Maracatu Ouro do Congo. Informa a
outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado
de São Paulo ao Sr. Sidnei Barreto Nogueira.
10 - SIDNEI BARRETO NOGUEIRA
Babalorixá homenageado, faz pronunciamento.
11 - RODRIGO MAR
Anuncia apresentação musical dos ogãs da Casa, Comunidade
da Compreensão e da Restauração Ilê Axé Xangô.
12 - SIDNEI BARRETO NOGUEIRA
Babalorixá homenageado, faz pronunciamento.
13 - PRESIDENTE REIS
Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.
* * *
- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Reis
* * *
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - RODRIGO MAR - Boa
noite a todos, boa noite a todas. Sessão solene com a finalidade
de entrega do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado
de São Paulo ao ilustre babalorixá Sidnei Barreto Nogueira.
Senhoras e senhores, obrigado pela presença.
Sejam todos bem-vindos e bem-vindas à Assembleia Legis-
lativa do Estado de São Paulo. Esta sessão solene tem a fina-
lidade de outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do
Estado de São Paulo ao babalorixá Sidnei Barreto Nogueira.
Comunicamos aos presentes que esta sessão solene está sendo
transmitida ao vivo pela TV Alesp e pelo canal da Alesp no
YouTube.
Convidamos para compor a Mesa Diretora o nosso depu-
tado estadual Reis, proponente desta solenidade. Uma salva de
palmas. (Palmas.) Convidamos com muita alegria o homenagea-
do da noite, babalorixá Sidnei Barreto Nogueira, o nosso grande
homenageado. Uma salva de palmas. (Palmas.)
Dando sequência, convidamos o vereador João Ananias,
do município de São Paulo. Uma salva de palmas ao nosso
vereador. (Palmas.) Convidamos, também, à mãe Ellen de Oxum,
representante do Ilê Asé Omo Osé Igba Alatan e coordenadora
de cultura da Unifesp. Uma salva de palmas. (Palmas.)
Convidamos, também, Douglas Belchior, da coalisão negra
e cofundador da Uneafro. Seja bem-vindo. (Palmas.) A Mesa
pode se sentar, por gentileza.
Com a palavra, o presidente proponente desta sessão sole-
ne, deputado estadual Reis.
O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Sob a proteção de Deus, dos
orixás e dos nossos ancestrais, iniciamos os nossos trabalhos
nos termos regimentais. Esta Presidência dispensa a leitura da
Ata da sessão anterior. Convido a todos os presentes para, em
posição de respeito, ouvirmos de pé o Hino Nacional brasileiro,
entoado pelo tenor Jean William.
* * *
- É executado o Hino Nacional Brasileiro.
* * *
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - RODRIGO MAR - Tenor
Jean, ouviremos agora na sua voz o canto para Oxalá.
O SR. JEAN WILLIAM - Sidnei, esta é minha maneira, artisti-
camente dedicada, de te homenagear.
* * *
- É feita a apresentação musical.
* * *
O SR. JEAN WILLIAM - Salve Oxalá. (Palmas.)
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - RODRIGO MAR - Agra-
decemos ao tenor Jean William pela apresentação. Hoje é uma
noite de homenagens.
Ouviremos neste momento o Hino da Umbanda, cantado
por pai balé, ogan de Xangô Casacrias.
O SR. CASACRIAS - Benção, pai. Parabéns pelo seu dia.
Humildemente, vou pedir licença aos mais velhos, à minha avó,
à minha mãe, para cantar o Hino da Umbanda.
* * *
- É executado o Hino da Umbanda.
* * *
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - RODRIGO MAR - Agrade-
cemos ao pai balé pela apresentação. Convidamos para compor
a Mesa Extensora, à direita do homenageado, Vera de Oxum.
Pode se dirigir para cá, o Cerimonial vai te acompanhar. Uma
salva de palmas. (Palmas.)
Queremos agradecer a presença de Deia Zulu, presidente
da Coordenadoria de Políticas para a População Negra do PT,
municipal de São Paulo. Obrigado pela presença. (Palmas.)
Eu queria, após eu citar o nome, uma salva de palmas calo-
rosa para Joesia Teles, que é a mãe do nosso homenageado e
está aqui conosco. (Palmas.) Gratidão pela presença.
Ouviremos agora o nosso deputado estadual Reis em seu
discurso inicial. Com a palavra, deputado. Gostaria de pedir que
as fotos e os vídeos que forem tirados... que a gente marque
nas redes sociais do deputado Reis, da nossa Mesa, e principal-
mente do homenageado da noite, o pai Sidnei.
Com a palavra o deputado Reis.
O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Desculpe eu vir até aqui,
porque eu fico mais confortável para falar da tribuna do que lá
de cima. Bom, em primeiro lugar boa noite a todos. Boa noite a
todas. Boa noite a todes. É uma imensa alegria e uma grande
satisfação poder fazer, na data de hoje, esta homenagem ao
pai Sidnei.
E mais ainda, ver esta Casa tão bonita como está na data
de hoje, com a presença de vocês. Eu sempre digo e várias
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sexta-feira, 15 de dezembro de 2023 às 05:15:38

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