Decisão Monocrática nº 52558214120228217000 Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, Décima Nona Câmara Cível, 19-12-2022

Data de Julgamento19 Dezembro 2022
Tribunal de OrigemTribunal de Justiça do RS
Classe processualAgravo de Instrumento
Número do processo52558214120228217000
Tipo de documentoDecisão monocrática
ÓrgãoDécima Nona Câmara Cível

PODER JUDICIÁRIO

Documento:20003135997
Poder Judiciário
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul

19ª Câmara Cível

Avenida Borges de Medeiros, 1565 - Porto Alegre/RS - CEP 90110-906

Agravo de Instrumento Nº 5255821-41.2022.8.21.7000/RS

TIPO DE AÇÃO: Crédito rural

RELATOR(A): Des. MARCO ANTONIO ANGELO

AGRAVANTE: ANDALICIO AMARO DOS SANTOS

AGRAVADO: JULIANA ESPINDOLA GUIMARAES (Sucessão)

EMENTA

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. PRECLUSÃO CONSUMATIVA.

O oferecimento do primeiro recurso de agravo de instrumento contra decisão proferida em idêntica exceção de pré-executividade, implica a preclusão consumativa, extinguindo-se o direito de interposição de novos agravos.

AGRAVO DE INSTRUMENTO NÃO CONHECIDO.

DECISÃO MONOCRÁTICA

Trata-se de agravo de instrumento interposto por ANDALICIO AMARO DOS SANTOS, contra a decisão prolatada nos autos da ação de execução ajuizada por JULIANA ESPINDOLA GUIMARAES, com o seguinte conteúdo (evento 93, DESPADEC1):

Andalicio Amaro dos Santos opôs exceção de pré-executividade e requereu a nulidade da penhora realizada através da carta precatória nº 5000194-77.2020.8.21.0122, bem como a declaração de impenhorabilidade dos animais penhorados.

Intimada, a parte exequente manifestou-se, alegando que o intuito do excipiente é atrasar o andamento do processo. Afirmou que não existindo outros bens passiveis de penhora restou-se a penhora dos semoventes (evento nº 89).

Vieram os autos conclusos para decisão.

Passo a decidir.

Inicialmente, no tocante a alegação de nulidade da penhora realizada, não merece guarida. Isso porque, o executado foi intimado pessoalmente do trâmite processual, conforme denota-se das certidões lançadas na carta precatória (evento 13, 39 e 77), as quais confirmam que o executado estava ciente dos atos expropriatórios realizados e também do trâmite da execução.

Ademais, o procurador do excipiente, foi intimado de todos os atos processuais, estando cadastrado no processo a partir do evento nº 58, não havendo se falar em prejuízo, conforme alegado.

No que diz respeito a arguição de impenhorabilidade dos semoventes penhorados, do mesmo modo, não merece acolhimento.

Ocorre que, o executado sequer trouxe documentos junto à exceção de pré-executividade, a fim de comprovar sua alegação, não havendo prova nos autos de que o excipiente é pequeno produtor rural, ou de que a penhora tenha comprometido o exercício de suas atividades rurais e pecuárias.

Vejamos a jurisprudência do TJ/RS acerca do assunto:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. PENHORA. CAVALOS. IMPENHORABILIDADE AFASTADA. PEDIDO DE UTILIZAÇÃO DOS ANIMAIS EM RODEIOS CRIOULOS. INDEFERIMENTO. MULTA POR ATO ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA JUSTIÇA MANTIDA. 1. PENHORA. EMBORA O EXECUTADO/AGRAVANTE ALEGUE QUE ALGUNS DOS ANIMAIS OBJETO DE PENHORA PERTENCEM À GENITORA, A INFORMAÇÃO PRESTADA PELA INSPETORIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA DE CANGUÇU/RS FAZ VER QUE TODOS ESTÃO REGISTRADOS EM SEU NOME. A INDICAR QUE É O PROPRIETÁRIO DOS BENS. OUTROSSIM, NÃO HÁ PROVA NOS AUTOS DE QUE O SUSTENTO DO DEVEDOR E/OU DE SUA FAMÍLIA ADVÉM EXCLUSIVAMENTE DA EXPLORAÇÃO DESSES ANIMAIS. O PRÓPRIO AGRAVANTE AFIRMA QUE PARTICIPOU DE APENAS TRÊS RODEIOS CRIOULO EM DOIS ANOS, O QUE VEM CONFIRMADO PELAS GUIAS DE TRÂNSITO ANIMAL (E-GTA) JUNTADAS AO FEITO. OU SEJA, TAIS EVENTOS SÃO ESPORÁDICOS, ASSIM COMO É A PARTICIPAÇÃO DO EXECUTADO. NÃO SERIA ESSA, PORTANTO, SUA ÚNICA FONTE DE RENDA. ALIÁS, AO QUE CONSTA, O EXECUTADO É EMPRESÁRIO INDIVIDUAL - PROPRIETÁRIO DA EMPRESA DE NOME FANTASIA "TROPILHA PAMPA Y CIELO", VOLTADA AO RAMO DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGA INTERMUNICIPAL. NA DECLARAÇÃO FIRMADA JUNTO À DEFENSORIA PÚBLICA, SE QUALIFICOU COMO "FRETISTA". DE MAIS A MAIS, NÃO SE ESTÁ DIANTE DE SEMOVENTES DESTINADOS À PRODUÇÃO DE LEITE OU DE CARNE PARA A PRÓPRIA SUBSISTÊNCIA FAMILIAR. EM SUMA, O EXECUTADO NÃO LOGROU PROVAR QUE OS ANIMAIS SÃO NECESSÁRIOS OU ÚTEIS AO EXERCÍCIO DE SUA PROFISSÃO, TAMPOUCO QUE SERVEM PARA A PRÓPRIA SUBSISTÊNCIA. LOGO, NÃO HÁ COGITAR DE IMPENHORABILIDADE, À LUZ DO DISPOSTO NO ART. 833, V, DO CPC. 2. UTILIZAÇÃO DOS SEMOVENTES. TAMBÉM NÃO MERECE PROSPERAR O PEDIDO DE UTILIZAÇÃO DOS CAVALOS EM RODEIOS CRIOULO, SEJA PORQUE SÃO BENS QUE ESTÃO A GARANTIR DÍVIDA ALIMENTAR, HAVENDO RISCO NO TRASLADO, SEJA PORQUE, UMA VEZ EFETIVADA A PENHORA, DEIXAM DE SER DO DOMÍNIO DO DEVEDOR. 3. MULTA POR ATO ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA JUSTIÇA. A CONDUTA/POSTURA DO EXECUTADO NO DECORRER DO PROCESSO IMPÕE TAL CONDENAÇÃO. O DEVEDOR FOI INTIMADO PARA QUE INFORMASSE O ENDEREÇO EM QUE SITUADOS OS SEMOVENTES, ALEGANDO QUE ESTARIAM ALOCADOS EM ENDEREÇO ONDE SUPOSTAMENTE RESIDIRIA, TODAVIA, AO SER MOVIMENTADA A MÁQUINA PÚBLICA COM BASE NAQUELA INFORMAÇÃO, RESTOU INFORMADO PELO OFICIAL DE JUSTIÇA RESPONSÁVEL PELO CUMPRIMENTO DO MANDADO QUE O EXECUTADO NÃO RESIDIA NAQUELE ENDEREÇO HÁ APROXIMADAMENTE UM ANO, E QUE OS ANIMAIS LÁ NÃO SE ENCONTRAVAM. POSTERIORMENTE, O EXECUTADO, SEM PRESTAR QUAISQUER ESCLARECIMENTOS SOBRE A FALSA INFORMAÇÃO OUTRORA PRESTADA, SIMPLESMENTE ALEGOU A IMPENHORABILIDADE DOS BENS, FALSAMENTE INFORMANDO À DEFENSORIA PÚBLICA, NOVAMENTE, RESIDIR NO MESMO LOCAL INFORMADO. ASSIM, VAI MANTIDA A MULTA POR ATO ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA JUSTIÇA, COM FUNDAMENTO NO ART. 77, IV E § 2º, DO CPC. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO, EM DECISÃO MONOCRÁTICA.(Agravo de Instrumento, Nº 51410626420228217000, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jane Maria Köhler Vidal, Julgado em: 22-07-2022)

Ante o exposto, rejeito a exceção de pré-executividade apresentada, nos termos acima expostos.

Sem condenação de custas e honorários por se tratar de incidente.

A parte-agravante, declinando suas razões, requer "Seja conhecido e provido o presente recurso, para declarar a nulidade de todos os atos expropriatórios, desde a intimação da penhora até os atuais, incluindo, aí, a penhora e a avaliação dos semoventes; Seja determinado que, após sanadas as nulidades, seja nomeado perito da área, com conhecimento e capacidade técnica, para avaliar os semoventes; Seja declarada a impenhorabilidade dos semoventes, únicos que o agravante tem e que fazem parte...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT