A construção do Estado Nacional e o desenvolvimento do Brasil no pensamento de José Bonifácio de Andrada e Silva
Autor | Juliana Bublitz |
Cargo | Doutoranda em História Social - Universidade Federal do Rio de Janeiro |
Páginas | 173-201 |
173
A CONSTRUÇÃO DO ESTADO NACIONAL E O
DESENVOLVIMENTO DO BRASIL NO PENSAMENTO DE
JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA«
JulianaBublitz
DoutorandaemHistóriaSocial
UniversidadeFederaldoRiodeJaneiro
julianabublitz@hotmail.com
Re su mo
Àsvésperasdaindependênciado Brasil, asordensemanadasdascortes portu -
guesas acirraramoantilusitanism obrasileiroefomentaramasdiscussõessobre
os dest inos do Brasi l. Nesta conj untura, fora m elaborados diferentes projetos
nacion ais. Oproblema da nacional idadefoi formatado no frontde idéi as que
acusaram,desdeosprimórdiosdajovemnação,adivergênciadeprop ostassobre
comof omentarodesenvolvime ntobrasileiro.Opres enteartigo temcomotema
umdessesprojetosnacionais,elaboradopelo políticoeintelectualJoséBonifácio
deAndradaeSilva.N essar eleitura,ganhamespaço suasidéias sobre desenvol-
viment oregio nalesustenta bilidadeesuainterpretaçãodoBrasil.
Palavras-chave:JoséBonifácio,desenvolvimento,sustentabilidade,modernização
Abstract
WithBrazilsindependence,discussionsonthedestinyofthecountryandhowto
fomentitsdevelopm entroseup.ThenationalprojectofJosé BonifáciodeAndra-
daeSilva,oneoftheemancipationprocessleaders,isthethemeandfocusofthis
analys is,speciallyhisideas ofregiona ldevelopm entandsustainabilityandhis
Brazilsinterpretation,searchingforamuchmoreendogenousdevelopment,throu-
ghradicalreformsinBraziliansocietyandtheover comingofthetrad itionissue.
Key-words:JoséBonifácio,development,sustainability,modernization
«Oprese nteart igoépa rtedad issert açãode mestr adodef endida pelaau torano Progra madePó s-
GraduaçãoemDesen volvimentoRegi onaldaUniversidad edeSantaCruzdoSul(UNISC),emfeve-
reirode200 6,comapoio daCAPESatrav ésdaconces sãodebolsa deestudos.
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174 REVISTA ES BOÇOS Nº 15 U FSC
INTRODUÇÃO
JoséBonifáciodeAndrad aeSilvaassum iuumpapelfundamentalnãoape-
nas no quediz resp eito aoprocesso de inde pendência, ma s tambémà própria
constr ução efor mataçãodoEstadoNacionalbrasileiro .Não seri aexa gero afir-
mar,comojáapontouCal deira1,queopaulistafoiopolíticofundamentaldeum
moment ocruc ial.Entretanto,paraalémdaimagemmitificadadepatria rcada
indepe ndência,comoficouconhecido noBrasil,AndradaeSilvac oncebeuum
ambiciosoesurpreendenteprojetodedesenvolvimentonacional,dealcancesoci-
al,político,econôm ico eam biental,pautadoporumainterpretação sui generis
dajovemnaçãobrasileira.Proj eto,este,queemmuitosaspectospermanecedes-
conhec ido, esmaecid o pela co rtinade fumaçaformad a a parti r das int erpreta-
çõesdeumahistoriografiatradici onalma ispreo cupadaemnarrarfatoshistóri-
cosecriarheróis nacionais.
Aoproporreform asprofundase radicaisnasoc iedadebrasileiraoit ocen-
tista,And rada e Silva almejout ornarv iávelareconfiguração do Brasil como
projeç ãosing ularda modernidadeocidental.Oconjuntodeidéiaselaborado por
esseilu stradoacabousemostrandodiversodoqueoutro spolíticoseint electuais
do perí odo pen saram p ara o Br asil. P ara o ci entist a-esta dista, tornar v iável a
Nação e fomen tar o se u desen volvim ento endóge no e sus tentáv el avan t la
lettre eraantesdetud oatentar paraaspartic ularidades ein centivaraspoten-
cialid adesna cionais,alémdepromoveracoesãosocialbrasil eira.
Essepro cesso,para o inte lect ual, deveriain cluira aboliçãod aescrava-
tura,ainserçãosi stem átic ados ex-e scra vosnasociedadebrasileira,aelabora-
çãode umanovapolític aindi geni sta,essencialmen teinc lusi va,areali zaçã ode
uma a mpla r eform a agr ária, a exte nsão d o ens ino bá sico p ara a maior ia da
população,atransferênciadacapitalparaointer iordo Brasi l,aimp lant ação de
umal egislaçãoam bien talead ifus ãodepráticasma isracio nais dee xplo ração
da nat urez a, entre ou tros fatores.N esse processo, cabe riaao Esta do o pa pel
depr otag onis ta,comoocondutoreomed iado rdasref orma sestruturaise,por
conseguinte, das mudançass ocia isprovocadas.
Taisid éias ,po uco triv iais àépoca,foramsendocon stru ídasea prim ora-
das nopensamen todeAnd rada e Silv adesdeasua transferênciap ara aE uro-
pa, ond epassouam aior parteda vi da.Aviagemem bu scadeum aformação
universitáriateve inícioem17 83,qu andotinhaaind a20anos.Membrodeuma
abas tada famíl ia pa ulis ta, And rada e Sil va seg uiu o s pas sos d e outr os be m-
nascidosdacolônia portug uesa . Seu de stin o foi a Un iver sida de deCoimbra.
Suatrajetó ria,porém,foisin gula r.
Dentroda novaper spec tiva educacional incitadapel asreformasp omba -
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