O diário de Anne Frank e a banalidade do mal em Hannah Arendt: olhares femininos sobre os horrores do holocausto

AutorClaudia Karina Ladeia Batista, Mateus Magalhães da Silva
CargoDoutora em Direito. Docente nos cursos de graduação e especialização em Direito na UEMS ? Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. Autora de artigos científicos e capítulos de livros. Organizadora de livros e parecerista de periódicos na área jurídica. Membro do conselho técnico- científico da Revista Argumenta Journal Law, do programa de ...
Páginas227-244
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BATISTA, C. K. L.; SILVA, M. M. da
ISSN 1982-1107 Revista de Ciências Jurídicas e Sociais da UNIPAR, v. 23, n. 2, p. 227-244, jul./dez. 2020
O DIÁRIO DE ANNE FRANK E A BANALIDADE DO MAL EM
HANNAH ARENDT: OLHARES FEMININOS SOBRE OS HORRORES
DO HOLOCAUSTO
Claudia Karina Ladeia Batista1
Mateus Magalhães da Silva2
BATISTA, C. K. L.; SILVA, M. M. da. O diário de Anne Frank e a banalidade
do mal em Hannah Arendt: Olhares femininos sobre os horrores do holocausto.
Revista de Ciências Jurídicas e Sociais da UNIPAR. Umuarama. v. 23, n. 2, p.
227-244, jul./dez. 2020.
RESUMO: Muitos são os relatos do holocausto conhecidos em todo o mundo.
Parte deles resultam da análise pós-guerra, feita por cientistas políticos, cientistas
sociais, jornalistas e historiadores. Parte advém da versão dos algozes em
depoimentos tomados quando de seus julgamentos, como o caso mais famoso e
emblemático conhecido – o julgamento de Adolf Eichmann, nazista integrante
da SS e responsável pelo embarque de milhões de judeus em trens rumo aos
campos de extermínio. O conhecimento dos horrores da perseguição a negros,
judeus, ciganos e outras minorias também veio a púbico por relatos emocionados
de sobreviventes. Mas a versão que ganhou o mundo e deu visibilidade ímpar à
odiosa articulação de extermínio liderada por Hitler veio pela mão de uma vítima.
Uma menina judia que retratou o cotidiano durante a guerra e não sobreviveu
para ver o seu m. O presente artigo tem por objetivo a análise da obra “O diário
de Anne Frank” com o propósito de trazer à discussão o olhar da jovem autora
sobre o nazismo, a partir de suas vivências contemporâneas ao holocausto.
O artigo pretende ainda apresentar uma outra visão feminina, mais madura e
reetida sobre o holocausto. Assim, em breves linhas, analisa o olhar da lósofa
e jornalista Hannah Arendt, manifestado na obra “Eichmann em Jerusalém: um
relato sobre a banalidade do mal”, escrito posteriormente à queda do terceiro
Reich. Utilizando-se de pesquisa bibliográca desenvolvida mediante emprego
do método dedutivo, espera-se apresentar ao leitor a dicotomia e as intersecções
DOI: https://doi.org/10.25110/rcjs.v23i2.2020.8464
1Doutora em Direito. Docente nos cursos de graduação e especialização em Direito na UEMS –
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. Autora de artigos cientícos e capítulos de livros.
Organizadora de livros e parecerista de periódicos na área jurídica. Membro do conselho técnico-
cientíco da Revista Argumenta Journal Law, do programa de Doutorado e Mestrado em Direito
da UENP – Universidade Estadual do Norte do Paraná e avaliadora da Revista Direito da Cidade,
vinculada ao programa de Especialização Stricto Sensu da UERJ – Universidade Estadual do Rio de
Janeiro. claudiabatistadv@hotmail.com; claudiabatista@uems.br
2Graduando em Direito na UEMS Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.
magalhaesmateus3@gmail.com
228 O diário de Anne Frank e...
Revista de Ciências Jurídicas e Sociais da UNIPAR, v. 23, n. 2, p. 227-244, jul./dez. 2020 ISSN 1982-1107
de visões de duas mulheres que, apesar de idades, formações e experiências
muito distintas, dedicaram-se a relatar os horrores do holocausto.
PALAVRAS-CHAVE: Anne Frank; Banalidade do mal; Hannah Arendt;
Holocausto.
ANNE FRANK’S DIARY AND THE BANALITY OF EVIL IN
HANNAH ARENDT: FEMININE LOOKS AT THE HORRORS OF THE
HOLOCAUST
ABSTRACT: There are many reports of the holocaust known around the world.
Part of them is the result of post-war analysis by political scientists, social
scientists, journalists, and historians. Part of it comes from the version of the
executioners in testimonies taken during their trials, as the most famous and
emblematic case known - the trial of Adolf Eichmann, a Nazi member of the SS
and responsible for the boarding of millions of Jews on trains to the extermination
camps. The knowledge of the horrors of the persecution of blacks, Jews, gypsies,
and other minorities also came to be known through the emotional reports of
the survivors. But the version that won the world and gave a unique visibility
to the horrendous extermination led by Hitler came by the hand of a victim. A
Jewish girl who portrayed everyday life during the war and did not survive to see
its end. This article aims at analyzing the work “Anne Frank’s Diary” with the
purpose of bringing to discussion the young author’s look at Nazism, from her
contemporary experiences on the holocaust. The article also intends to present
another more mature feminine view, also reecting on the holocaust. Thus,
in brief lines, it analyzes the views of the philosopher and journalist Hannah
Arendt, manifested in the work “Eichmann in Jerusalem: a report on the banality
of evil”, written after the fall of the third Reich. Using bibliographic research
developed using the deductive method, it is expected to present the reader with
the dichotomy and intersections of views of two women who, despite their vastly
dierent ages, backgrounds, and experiences, dedicated themselves to reporting
the horrors of the holocaust.
KEY WORDS: Anne Frank; Banality of evil; Hannah Arendt; Holocaust.
EL DIARIO DE ANNE FRANK Y LA BANALIDAD DEL MAL
EN HANNAH ARENDT: MIRADAS FEMENINAS SOBRE LOS
HORRORES DEL HOLOCAUSTO
RESUMEN: Hay muchos informes sobre el holocausto conocidos en todo
el mundo. Parte de ellos es resultado de análisis de posguerra realizados por
cientícos políticos, cientícos sociales, periodistas e historiadores. Parte de ello

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