Diário Oficial Estado de Pernambuco Poder Executivo Recife, quinta-feira, 6 de outubro de 2022Ano XCIX • No 192 CERTIFICADO DIGITALMENTE “Q uanto vale um sor-riso? A resposta não pode ser dada sob uma ótica financei- ra, porque um sorri- so vale mais do que tudo aquilo que o dinheiro pode comprar. Ele trans- forma o dia, e até mesmo a vida das pessoas. Essa foi uma das prin- cipais r...

Data de publicação06 Outubro 2022
Número da edição192
SeçãoPoder Executivo
Poder Executivo
Ano XCIX • Nº 192 Recife, 06 de outubro de 2022
CERTIFICADO DIGITALMENTE
Diário
Oficial
Estado de Pernambuco
Poder Executivo Recife, quinta-feira, 6 de outubro de 2022
Ano XCIX • No 192
CERTIFICADO DIGITALMENTE
Q
uanto vale um sor-
riso? A resposta não
pode ser dada sob
uma ótica financei-
ra, porque um sorri-
so vale mais do que tudo aquilo que
o dinheiro pode comprar. Ele trans-
forma o dia, e até mesmo a vida
das pessoas. Essa foi uma das prin-
cipais razões de eu ter virado pa-
lhaço”. Esse depoimento explica
bem o motivo de o subtenente da
Reserva do Corpo de Bombeiros
de Pernambuco, Wellington Cruz,
ter se transformado no palhaço
do Lixo.
Os nomes foram muitos, antes
de chegar ao atual: Picolé, Petele-
co, Zé Goteira, Zé Limpinho, entre
outros, de acordo com a época e a
idade. O subtenente Cruz, como é
conhecido no meio militar, iniciou
a vida de palhaço com apenas 12
anos, animando primeiro as crian-
ças de uma pizzaria. Depois, festas
infantis e eventos coorporativos,
junto com os primos mais velhos,
que já realizavam esse trabalho. O
objetivo, a princípio, era ajudar fi-
nanceiramente sua mãe.
Irmão de dois homens e uma
mulher, Cruz é o mais novo dos fi-
lhos de dona Almerice, uma mu-
lher guerreira, conforme ele a
descreve, que fazia quentinhas e
servia almoços em seu quintal pa-
ra os trabalhadores e estudantes no
bairro do Pina, no Recife. A his-
tória do subtenente poderia facil-
mente ser tema de novelas ou de
um romance, desses de bancas de
revista. Cruz nasceu de um gran-
de amor que surgiu entre uma ba-
talhadora viúva de 36 anos, então
com três filhos, e um estudante de
medicina panamenho, de 18 anos,
que escolheu Pernambuco para es-
tudar e a casa de dona Almerice
para almoçar.
O amor nasceu precisamente da
caridade dessa viúva para com o es-
tudante que, por conta da dificulda-
de de se manter em outro país, nem
sempre tinha o dinheiro para pagar
o almoço do dia. Com a diferença
de idade e a necessidade do retorno
ao Panamá, o romance de dona Al-
merice e do médico recém-formado
Lorenzo Callender não durou mui-
to, mas trouxe à vida Aluízio Wel-
lington Cruz Callender, em um par-
to feito por seu próprio pai.
Ao longo de 30 anos, Cruz não
recebeu nenhuma notícia do pai.
Mas por uma das coincidências da
vida, em conversa com um ami-
go bombeiro cujo pai também era
panamenho e cursou medicina na
mesma época do senhor Lorenzo,
Cruz conseguiu restabelecer o con-
tato. A emoção do reencontro acon-
teceu no Panamá, em 1998. Lá, o
subtenente descobriu que tinha
mais cinco irmãos por parte de pai.
Como o próprio militar conta,
com uma história de vida como es-
sa ele tinha que manifestar algum
dom artístico. Além do prazer de
ver as pessoas sorrindo, como pa-
lhaço Cruz ajudou no sustento da
casa e conseguiu pagar parte de
seus estudos. Ao entrar para o Cor-
po de Bombeiros, conhecendo seu
talento, logo os amigos da corpora-
ção o convidaram para animar, so-
bretudo, as festas infantis promovi-
das pelo quartel. E em 2010, Cruz
foi convidado para prestar servi-
ços à Casa Militar, dentro da Secre-
taria Executiva de Defesa Civil do
Estado.
Na CODECIPE, seus colegas
bombeiros, que já sabiam dos seus
dotes artísticos, o convidaram para
um projeto inovador na área de De-
fesa Civil: um trabalho de arte-edu-
cação voltado para crianças de es-
colas públicas, o Defesa Civil nas
Escolas. O projeto tem como obje-
tivo fazer com que as crianças se-
jam multiplicadores de ações de
preparação, prevenção, mitigação e
resposta em momentos de desastres
e na preservação da natureza.
“Além de sua excelente postu-
ra no trabalho militar, Cruz traz le-
veza e humor a assuntos sérios e
importantes, que precisam ser tra-
tados desde a infância para que
criemos uma cultura de preven-
ção em nossa população”, afirma o
Chefe da Casa Militar de Pernam-
buco, coronel Carlos José.
De fato, o trabalho de Cruz, ou
melhor, do palhaço Zé do Lixo, fez
tanto sucesso que, em 2020, rece-
beu menção honrosa de Boas Prá-
ticas em Defesa Civil, concedida
pelo Ministério do Desenvolvi-
mento Regional e Secretaria Na-
cional de Proteção e Defesa Civil.
O projeto Defesa Civil nas Escolas
já foi realizado em todas as regiões
de Pernambuco e em diversas ci-
dades do Estado, ele também foi
replicado pelas próprias defesas
civis municipais. Depois, o traba-
lho lúdico do palhaço Zé do Lixo
ganhou o mundo através da Inter-
net, podendo ser acessado no You-
Tube através do link https://you-
tu.be/Y4_zuEn0Jpg.
Zé do Lixo, um palhaço que
transforma sorrisos em educação
F: D/C
Subtenente da Reserva do Corpo de Bombeiros de Pernambuco, Wellington Cruz descobriu cedo
sua veia artística e, mais que um meio de vida, fez dela um instrumento de mudanças sociais.
E 
 a vida das
pessoas com alegria,
principalmente das
crianças. Essa é a meta do
subtenente Cruz ou,
simplesmente, Zé do Lixo
P A L

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