Do panóptico ao neuromarketing. Manipulação e controle dos trabalhadores pela empresa Uber
| Autor | Camila Jorge, Débora de Jesus Rezende Barcelos, Maria Cecília Máximo Teodoro |
| Cargo | Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil/Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil/Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil |
| Páginas | 25-44 |
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DO PANÓPTICO AO NEUROMARKETING: MANIPULAÇÃO E
CONTROLE DOS TRABALHADORES PELA EMPRESA UBER
FROM PANOPTIC TO NEUROMARKETING: MANIPULATION AND
CONTROL OF WORKERS BY THE UBER COMPANY
Camila JorgeI
Débora de Jesus Rezende BarcelosII
Maria Cecília Máximo TeodoroIII
Resumo: Hoje vivencia-se uma época de profundas
transformações. Termos como “economia compartilhada” –
gig economy, “uberização” e “quarta revolução industrial” são
anunciados como formas de empreendedorismo e flexibilidade
e avanços. Os trabalhadores, são levados a uma perspectiva de
liberdade – livres das restrições de uma carreira permanente
e com a oportunidade de fazer o seu próprio caminho
vendendo sua força de trabalho de maneira independente –
pelo menos na teoria. Os cidadãos, enquanto consumidores,
são apresentados a uma infinidade de serviços sob demanda
e a promessa de uma rede de dispositivos tecnológicos que
satisfazem até o menor capricho. O modelo de panóptico
Benthamiano foi hoje aperfeiçoado e essa nova vigilância
passa a ser exercida pelo panóptico digital, com a internet
e o smartphone dentre outras tecnologias. Este artigo traduz
um pouco essa realidade contemporânea e suas vicissitudes
nas tecnologias emergentes, especialmente no que tange
aos trabalhadores de plataformas. Procura-se especialmente
averiguar se a empresa Uber utiliza do mecanismo do
panóptico digital como forma de exercer controle, influência
e vigilância sobre seus trabalhadores, e se o elemento fático
jurídico da subordinação na relação de emprego não estaria
presente no modelo de organização da Uber a partir dessa
vigilância panóptica. No que tange ao procedimento
metodológico, optou-se pelo método hipotético-dedutivo,
haja vista partir-se de uma concepção macro para uma
concepção microanalítica, permitindo-se, portanto, a
delimitação do problema teórico, com uma pesquisa teórico-
bibliográfica. Tomando-se como principais pensadores
Michel Focault, Zygmunt Bauman e Jeremy Bentham.
DOI: http://dx.doi.org/10.20912/rdc.v16i40.414
Recebido em: 24/05/2021
Aceito em: 24/11/2021
I Advogada. Mestra em Direito. E-mail:
camilajorge.adv@gmail.com
II Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais, Belo Horizonte,
MG, Brasil. Mestranda em Trabalho,
Democracia e Efetividade. E-mail:
deboradejesus.barcelos@gmail.com
III Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais, Belo Horizonte,
MG, Brasil. Doutora em Direito do
Trabalho e da Seguridade Social. E-mail:
mariaceciliamaximoteodoro@gmail.com
26 Revista Direitos Culturais | Santo Ângelo | v. 16 | n. 40 | p. 25-44 | set./dez. 2021
DOI: http://dx.doi.org/10.20912/rdc.v16i40.414
Partindo-se da hipótese pela existência de um controle digital e,
portanto, pela existência de vínculo, objetiva-se, em um segundo
plano, averiguar se, e como, a empresa Uber consegue manipular
esses trabalhadores e convencê-los a submeter-se e a manter-se em
uma relação de trabalho completamente precarizante, partindo de
uma análise do neuromarketing como instrumento de manipulação
e captura da subjetividade.
Palavras-chave: Panóptico digital; Neuromarketing; Uber;
Subordinação.
Abstract: Today we are experiencing a time of profound
transformations. Terms like “shared economy” - gig economy,
“uberization” and “fourth industrial revolution” are advertised as
forms of entrepreneurship and flexibility and advancement. Workers
are led to a perspective of freedom – freed from the constraints of a
permanent career and with the opportunity to make their own way
by selling their workforce independently – at least in theory. Citizens,
as consumers, are presented with a multitude of on-demand services
and the promise of a network of technological devices that satisfy
even the smallest whim. e Benthamian panopticon model has
been perfected today and this new surveillance is now carried out by
the digital panopticon, with the internet and smartphone, among
other technologies. is article reflects a little of this contemporary
reality and its vicissitudes in emerging technologies, especially
with regard to platform workers. In particular, it seeks to verify
whether the Uber company uses the digital panopticon mechanism
as a way of exercising control, influence and surveillance over its
workers, and whether the factual legal element of subordination
in the employment relationship would not be present in the Uber
organization model. from this panoptic surveillance. With regard
to the methodological procedure, we opted for the hypothetical-
deductive method, as it starts from a macro conception to a
microanalytical conception, allowing, therefore, the delimitation of
the theoretical problem, with a theoretical-bibliographic research.
Taking as main thinkers Michel Focault, Zygmunt Bauman and
Jeremy Bentham. Starting from the hypothesis of the existence of a
digital control and, therefore, the existence of a bond, the objective
is, in the background, to find out if, and how, the Uber company
manages to manipulate these workers and convince them to submit
and to maintain a completely precarious working relationship,
starting from an analysis of neuromarketing as an instrument for
manipulating and capturing subjectivity.
Keywords: Digital Panoptic; Neuromarketing; Uber; Subordination.
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