Dossiê China: transformações, impactos globais e controvérsias

AutorRenildo Souza - Elsa Kraychete
CargoCoordenadores do Dossiê
Páginas5-8
Cadernos do CEAS, Salvador/Recife, v. 47, n. 255, p. 5-8, jan./abr., 2022 | ISSN 2447-861X |
doi>: http://dx.doi.org/10.25247/2447-861X.2022.n255.p5-8
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DOSSIÊ CHINA: TRANSFORMAÇÕES, IMPACTOS GLOBAIS E
CONTROVÉRSIAS
Os Cadernos do CEAS esperam, com este dossiê, poder contribuir para o
conhecimento sobre a China, que se tornou um tema obrigatório para as discussões sobre os
mais diversos aspectos no mundo do Século XXI. Os brasileiros temos máximo interesse
nesses debates, somos par te diretamente interessada. Desde 2009, a China tornou -se o
principal parceiro comercial do Brasil, além dos seus investimentos crescentes. Os chineses
estão cada vez mais envolvidos, desempenhando papel determinante, com o agronegócio,
mineração, infraestrutura, petróleo, indústria e privatizações no Brasil. Esse expansionismo
econômico chinês no Brasil tem impactos políticos, sociais, ambientais de grande monta.
Mas é um grande desafio for mar uma visão mais acurada e realista possível sobre a
China, daqui de longe e do Ocidente. Tudo isso demanda mais informações, pesquisas,
avaliações críticas e plurais. Logo de início constatam-se duas dificuldades: primeiro,
sempre a menção a certa opacidade dos chineses a respeito de informações mais completas
e significativas da sua realidade; segundo, referência ao preconceito racial, viés
eurocentrista e rivalidade política ideológica do Ocidente em relação à China.
No Brasil, há uma dificuldade adicional, porque os estudos amplos, estruturados e
sistemáticos sobre a China nas universidades brasileiras são muito recentes, pouco mais de
uma década, sem falar na incipiência do debate mais amplo e necessário na sociedad e
brasileira sobre as transformações chinesas. Isso contrasta com a Europa e Estados Unidos
que, desde os séculos XIX e XX, desenvolveram, em meio ao eurocentrismo, esforços
específicos dos assim chamados estudos de área para a China, inclusive os campos afro-
orientais, com currículos, publicações regulares periódicas e instituições sólidas em todas as
mais importantes universidades. A guerra fria, a influência cultural americana e o
distanciamento econômico e diplomático condicionaram essa dificuldade brasileira nos
estudos sobre a China. Tudo isso mudou em apenas 15 anos: a universidade brasileira,
digamos, descobriu a C hina. Isso foi beneficiado, de um lado, pela revolução das trocas
comerciais brasileiras com a China e, de outro lado, pela grande expansão das universidades
no Brasil, com áreas “novas”, a exemplo dos cursos de relações internacionais, além de larga

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