Editorial África

AutorJoaci de Sousa Cunha - Ângela Maria Carvalho Borges
CargoCo-editores
Páginas381-387
Cadernos do CEAS, Salvador/Recife, n. 245, p. 381-387, set./dez., 2018 | ISSN 2447-861X |
doi>: 10.25247/2447-861X.2018.n245.p381-387
EDITORIAL ÁFRICA
No momento em que o mundo testemunha, inquieto, a emergência da guerra
comercial entre os EUA e China, lance a lance com a ascensão de lideranças fascistas e de
extrema-direita em vários continentes, podendo uma delas chegar ao governo no Brasil, quis
o destino que a África nos ocupasse na edição que agora vem à luz.
Pensada para refletir prioritariamente sobre A ́frica seu processo de
desenvolvimento, o avanço do capitalismo nesse continente e aspectos da relação Brasil com
os países africanos a edição 245 dos Cadernos do Ceas, contou com a coordenação da Profa.
Elsa Kraychete, a quem gentilmente agradecemos, na preparação desse Dossiê que
apresenta, a partir dos países que foram submetidos à colonização portuguesa, uma
perspectiva de unidade continental.
A própria Elsa Kraychete abre a edição. Em Aproximações para compreender a ́frica
contemporânea apresenta uma visão histórica das contradições presentes nas relações
econômicas desse continente, com destaque para o período que vai da formação dos Estados
nacionais africanos até a primeira década do presente século. Sua contribuição ressalta o
desempenho macroeconômico dos países produtores e exportadores de matérias primas, o
que reconfigurou a imagem da África no século XXI, agora com uma maior integração, ainda
que de forma periférica, ao sistema mundo
Parte dessa mudança deve-se aos fluxos financeiros e comerciais com os países dos
BRICS, especialmen te, China e Índia, no rastro da valorização das commodities minerais e
agrícolas. Com a crise de 2008, os fluxos de capital estrangeiro no continente africano
voltaram-se para a compra de terras, como obser vou a autora, seja para especulação como
ativo real em tempo de crise financeira, seja para produção de alimentos e agro combustíveis,
processo esse também observado no Brasil e na América Latina.
Nesse contexto, a África atual tornou -se também mais um exemplo das disputas
geopolíticas contemporâneas, sendo que, nesse continente, as transações comerciais da
China super am em mais de quatro vezes as realizadas pelos EUA e União Europeia, e
continuam crescendo. Os bilionários investimentos chineses miraram mais 500 projetos e
atraíram 500.000 chineses para o continente.

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