Entrevista

AutorRubem Siqueira
CargoCPT
Páginas190-194
Cadernos do CEAS, Salvador/Recife, n. 243, p. 189-193, jan./abr., 2018 | ISSN 2447-861X
ENTREVISTA
Rubem Siqueira (CPT)
Informações da Entrevista
Recebido em 17/03/2018.
Aceito em 21/04/2018.
doi>: 10.25247/2447-861X.2018.n243.p189-193
Resumo
Nesta edição temos a honra de apresentar uma
entrevista realizada com Rubem Siqueira, da
Comissão Pastoral da Terra Regional Bahia e
Coordenação Executiva Nacional. Nela encontramos
dados que demonstram que estes tempos inóspitos
têm significado para os povos do campo, das águas e
das florestas, não só o aprofundamento da política
contra a reforma agrária e os territórios dos pov os
originários e tradicionais, mas o recrudescimento da
conflitividade e violência em níveis inéditos. No
entanto, para o entrevistado, o recurso ao massacre,
a pedagogia do terror se por um lado expressa a
voracidade e a desfaçatez do capital pós-ruptura
política, também aponta para a resistência dos povos
e comunidades nos territórios, demonstrando o
movimento de articulação para a construção de uma
teia dos povos que existem e não se entregam.
1. Como você, que através da CPT acompanha os movimentos sociais ligados à luta pela terra,
aos indígenas e quilombolas, está vendo a atual conjuntura brasileira?
A conjuntura para eles, que já não lhes era favorável, ficou pior ainda após a ruptura política
que começou após as eleições de 2014 e culminou no impedimento da presidente Dilma em agosto
de 2016
1. As forças do capital financeiro-agrário impuseram uma agenda de governo contrária à da
campanha vitoriosa nas urnas. Para consumá-la impuseram, com apoio dos demais poderes e da
mídia empresarial, o vice Michel Temer e sua torrente de desregulamentações e reformas
hiperliberais, cortes no orçamento e sucateamento de órgãos, em favor da máxima acumulação do
capital e equivalente perda de direitos da população.
A revalorização da terra como ativo no mercado de capitais, lastro para a especulação após a
crise financeira de 2007/2008, tem multiplicado as ações de grilagem de terras públicas e o assédio
sobre os territórios de povos originários e comunidades tradicionais e áreas de acampados e
assentados da reforma agrária, sobretudo aqueles ricos em minérios, água, madeira, biodiversidade,
locais propícios à produção de energia eólica e solar, além de terras agricultáveis.
1 Esta é a compreensão expressa pelo assessor da CPT, Carlos Walter Porto-Gon çalves, no lançamento
do relatório Conflitos no Campo  Brasil  em Brasília no dia  e que consta na publicação
impressa, em breve disponível também no site: www.cptnacional.org.br.

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