Entrevista com o ministro Sepúlveda Pertence (1a sessão)
| Autor | Fernando de Castro Fontainha/Angela Moreira Domingues da Silva/Izabel Saenger Nuñez |
| Páginas | 25-71 |
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SEPÚLVEDA PERTENCE
Apresentação, nascimento, infância em Sabará
Ministro, eu queria começar a
entrevista pedindo para o senhor nos dizer o seu nome completo,
Bem. José Paulo Sepúlveda
de José Pertence, engenheiro, e Carmem Pertence, professo-
ra. Estudos em Belo Horizonte, bacharelado em 1960. E, pouco
depois, transferência para Brasília, onde se desenvolveu toda a
um pouco mais como foi essa primeira fase da sua vida? Como era
o seu cotidiano em Sabará, onde o senhor fez os primeiros estudos?
Bem. Sabará, praticamente, corresponde à minha infân-
cia. Deixei Sabará com cerca de nove anos, para Belo Horizon-
caso, prejudicada por uma doença, aos seis, sete anos, que me
limitou muito a atividade física, de tal modo que nem pude fre-
quentar o curso primário regular. Fui aluno de minha mãe. E só
em Belo Horizonte, no curso de admissão e depois no Colégio
E como é a memória desse período, ministro, especial-
mente da educação que o senhor teve em casa, com sua mãe?
Bem. Deliciosamente saudoso, apesar dessas restrições.
Sabará, o casarão da minha própria família, o casarão da mi-
distante, no dizer de Drummond, a “poucos minutos da cidade
grande, a cidadezinha escondida atrás do morro, com vergonha
do trem”. [risos]
26 História Oral dO supremO VOLUME 3
O senhor retorna a Sabará de tempos em tempos?
De tempos em tempos.
O casarão ainda pertence à família do senhor?
Não, não. Mas...
Mudança para Belo Horizonte; o ginásio e as
atividades estudantis
O senhor se lembra da circunstância que levou sua famí-
lia a se mudar para Belo Horizonte?
Aí foram praticamente as conveniências dos estudos do
meu irmão mais velho e as minhas próprias. Eu disse que tinha
feito o correspondente ao curso primário em casa, mas a partir
da fase ginasial, que se aproximava, era necessário mudar-se
para a cidade grande, tanto para mim quanto para meu irmão.
que era um pequeno empreiteiro, já ia de Sabará a Belo Hori-
zonte, diariamente, pela Central do Brasil, ida e volta. Então,
-
sem estudar em Belo Horizonte.
O senhor poderia contar como foi o
seu curso ginasial? Quais eram as matérias que o senhor estudava?
-
gulhosamente, chamávamos então Universidade do Barro Pre-
to, que era o bairro de Belo Horizonte onde se situava o colégio.
Então, um dos únicos do estado, já quase centenário e com uma
tradição de qualidade de ensino e de rigor de ensino, que o fazia
o único no Estado. Rigoroso nos estudos, nos exames, ao mes-
mo tempo, liberal na disciplina, na vivência, desde o começo,
quase universitária. E guardo do velho Colégio Estadual, onde
passei sete anos, impressões absolutamente indeléveis. Lá,
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SEPÚLVEDA PERTENCE
já na segunda fase do curso secundário, que então se dividia
numa primeira fase, o ginasial, e a segunda entre o clássico e o
-
vimento estudantil, que prosseguiria pelo curso universitário.
O Movimento Estudantil
O senhor poderia situar em que ano foi isso?
cinco anos da Faculdade de Direito, em Belo Horizonte, e parte
no Rio, ligado à direção da UNE.
O senhor se lembra da circunstância, do momento em
que, pela primeira vez, o senhor se viu implicado num proces-
atividades políticas?
É. O colégio tinha um grêmio muito ativo etc. Quando,
às vésperas de um congresso estadual, nos aproximamos do
então presidente da União Colegial de Minas Gerais, Modesto
Justino de Oliveira, que viria a ser meu companheiro de movi-
mento estudantil pelo resto da vida estudantil. A partir daí, de-
pois do ingresso na faculdade, a disputa pela vice-presidência
do centro acadêmico, a representação do centro acadêmico na
UNE, a eleição para a vice-presidência da UNE, consequente-
mente... vivendo no Rio de Janeiro por pouco mais de um ano
com seus acidentes.
A Faculdade de Direito
O senhor chegou a cursar, então, no Rio
de Janeiro, o curso de direito?
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