Evolution of export consortia in Brazil (2002-2008): an exploratory study/Evolucao dos consorcios de exportacao no Brasil (2002-2008): um estudo exploratorio/Evolucion de los consorcios de exportacion en Brasil (2002-2008): un estudio exploratorio.

AutorLima, Gustavo Barbieri
CargoArtigo--Administracao Geral
  1. INTRODUCAO

    Como em varios outros paises, no Brasil e grande a importancia economica e social das pequenas e medias empresas. Destacam-se dentre elas as empresas de pequeno porte, que, segundo dados do Ministerio do Desenvolvimento, Industria e Comercio Exterior--MDIC (2007), representam 96,04% das empresas brasileiras, sao responsaveis por 28% do PIB e empregam 39,58% da populacao ocupada do pais.

    Apesar dessa importancia, as pequenas e medias empresas, em geral, nao tem apresentado contribuicao significativa nas estatisticas relacionadas ao comercio exterior brasileiro. A participacao das pequenas empresas nas exportacoes representou menos de 1% do total exportado nos ultimos anos. Sao varias as razoes dessa pequena expressividade no cenario internacional: dificuldades de acesso a creditos e financiamentos, procedimentos administrativos burocraticos, coerencia de informacoes basicas sobre o processo de exportacao e marketing internacional, poucos treinamentos existentes na area e dificuldade de acesso aos mercados (MDIC, 2007).

    O atual desenvolvimento empresarial brasileiro e a globalizacao dos mercados apontam para a necessidade de cooperacao mutua entre pequenas e medias empresas (PME). Nas acoes colaborativas para a exportacao, em que se incluem os consorcios, as empresas somam esforcos, diluem os custos e compartilham os riscos (MACHADO; MARQUES, 2003).

    Para a UNIDO (2003), obter acesso aos mercados externos e crucial para estimular o crescimento e a produtividade de PME, especialmente considerando-se a globalizacao e liberalizacao de mercados. As PME em paises em desenvolvimento, entretanto, deparam-se com muitas limitacoes para competir efetivamente nesses mercados, em razao, principalmente, de nao terem o conhecimento necessario e o financiamento apropriado, de nao possuirem os requisitos necessarios ou nao produzirem produtos em quantidade e qualidade adequadas para compradores internacionais.

    Uma maneira efetiva de contornar esses problemas e o desenvolvimento de consorcios de exportacao. Consorcios de Exportacao sao agrupamentos voluntarios de empresas, usualmente de um mesmo segmento produtivo ou de segmentos complementares, cujo objetivo e adentrar nos mercados externos e aumentar o volume de exportacao dos participantes. Mediante a combinacao de seus conhecimentos, recursos financeiros e contatos dentro do consorcio de exportacao, as PME podem aumentar significativamente seu potencial exportador e reduzir os custos e riscos envolvidos na penetracao em mercados internacionais (UNIDO, 2003).

    Estudos efetuados em diversos paises mostram a formacao de consorcios de exportacao como um conceito promissor na insercao de pequenas e medias empresas no mercado internacional. Com efeito, as PME da Italia apresentam uma expressiva participacao no comercio exterior, ja que 75% das exportacoes desse pais sao efetuadas pelas pequenas e medias empresas, algo como US$ 250 bilhoes, 20% das quais sao realizadas por consorcios (COMERCIO EXTERIOR, 2001).

    No Brasil, pais em que as exportacoes tem um papel importante a desempenhar na economia, a entrada de novas empresas nessa atividade e um imperativo para o crescimento das vendas externas. No entanto, a formacao de consorcios de exportacao, em nosso pais, nao tem apresentado resultados expressivos (ROCHA,1987). Nos paises latinos, como aponta Minervini (2005), na maioria das vezes a visao de curto prazo e o individualismo estao enraizados nos empresarios. Isso dificulta a difusao da cultura exportadora e da cultura de consorcios, que exigem respectivamente visao de longo prazo e espirito associativo.

  2. OBJETIVOS DO ESTUDO

    O presente artigo tem por objetivo central analisar a evolucao de dois consorcios de exportacao no Brasil, o Brazilian Health Products e o Wines from Brazil--Projeto Setorial Integrado (PSI) iniciado como consorcio, no periodo de 2002 a 2008.

    Os objetivos especificos sao:

    (a) Identificar os fatores competitivos que determinam a eficiencia e a ineficiencia de consorcios de exportacao no Brasil e, consequentemente, as causas do sucesso e do insucesso desse modelo de associacao empresarial, com base nos casos analisados;

    (b) Caracterizacao dos dois casos analisados (Brazilian Health Products e Wines from Brazil PSI);

    (c) Analisar o desempenho exportador dos casos estudados.

  3. REFERENCIAL TEORICO

    3.1. Consorcio de Exportacao

    A atividade de exportar envolve operacoes complexas, sobretudo na otica das pequenas e medias empresas, que podem impedir sua realizacao por empresas assim classificadas. Minervini (2005) aponta algumas das barreiras encontradas pelas PMEs quando estas se envolvem com atividades exportadoras: falta de pessoal qualificado em comercio exterior, amadorismo, improvisacao, ausencia de informacoes sobre mercados externos, falta de financiamento para projetos de longo prazo, produtos desprovidos de qualidade e precos competitivos, dentre outras. Essas barreiras podem ser minimizadas quando a empresa atua de forma cooperativa com seus pares, e o consorcio de exportacao e uma alternativa nesse sentido. Minervini (1997:54) define o consorcio de exportacao como: "qualquer associacao juridica de empresas com o objetivo de juntar sinergias, aumentar a competitividade e reduzir os riscos e os custos de internacionalizacao com a finalidade de entrar conjuntamente em mercados internacionais".

    A Agencia de Promocao de Exportacao--APEX (2004) define Consorcio de Exportacao como um aglomerado de empresas de pequeno porte com interesses comuns (promover exportacoes), reunidas em uma entidade estabelecida juridicamente. Ainda segundo a APEX (2004), essa entidade sera constituida sob a forma de uma associacao sem fins lucrativos, por meio da qual as empresas produtoras poderao definir maneiras de trabalho conjugado e em cooperacao, com vistas nos objetivos comuns de melhoria da oferta exportavel e de promocao das exportacoes.

    Para a United Nations Industrial Development Organization (UNIDO, 2003:3):

    Um consorcio de exportacao e uma alianca voluntaria de empresas com o objetivo de promover os produtos e servicos de seus membros no exterior e facilitar a exportacao destes produtos atraves de acoes conjuntas. Os membros de um consorcio devem se atentar que a cooperacao deve prevalecer sobre a competicao, com o intuito de acessar mercados-chave e tecnologia de ultima geracao. Um consorcio de exportacao pode ser visto como uma cooperacao estrategica formal de medio-longo-prazo entre empresas que atua como provedor de servicos, facilitando o acesso aos mercados internacionais. Os consorcios de exportacao sao associacoes de pequenas e medias empresas constituidas com a finalidade de: (i) promover as exportacoes das firmas consorciadas e, ainda que nao necessariamente, (ii) comercializar os produtos dessas mesmas empresas no mercado externo. Outros objetivos dos consorcios sao: promover a competitividade de seus associados, minimizar os custos e os riscos do processo de internacionalizacao e reunir recursos visando o desenvolvimento de atividades promocionais no exterior (MARTINS, 2002).

    Segundo Maciel e Lima (2002:53) os consorcios de exportacao podem ser classificados como "qualquer associacao de empresas com a finalidade de entrar conjuntamente em mercados internacionais[...]".

    Para Casarotto Filho e Pires (1999), o consorcio de exportacao pode ser utilizado para a promocao e facilitacao de aliancas entre empresas, principalmente as pequenas e medias, por meio da aproximacao, acompanhamento e assessoramento entre elas. Sendo assim, as principais atividades dos consorcios de exportacao sao a promocao, o suporte a internacionalizacao das empresas e os servicos necessarios para isso.

    A crescente atencao dada ao conceito de consorcios de exportacao, em diversos paises, reflete a importancia que esse arranjo vem assumindo por suas caracteristicas especiais. De uma forma geral, os consorcios de exportacao podem ser definidos como uma associacao entre empresas independentes cujo objetivo e o desenvolvimento, conjunto, de suas atividades de exportacao (ROCHA, 1987).

    O consorcio deve representar a solucao de problemas comuns as empresas. O consorcio para fins de exportacao se concentra na criacao e desenvolvimento de parcerias comerciais, tecnologicas e financeiras entre empresas locais, dando suporte a internacionalizacao das empresas (MINERVINI, 2005; CASAROTTO FILHO; PIRES, 1999).

    O Informativo Fiesp/Ciesp (CONSORCIO DE EXPORTACAO, 2004) define o Consorcio de Exportacao como: "[...] um agrupamento de empresas com o objetivo de aumentar a sua competitividade, reduzindo os riscos e os custos da internacionalizacao". Essas unioes evitam a dispersao de esforcos nas tentativas isoladas de exportar. E criado um nome fantasia para descrever o agrupamento dessas empresas, que serao reunidas em uma entidade estabelecida juridicamente. Esse agrupamento permite um volume de oferta maior e um pacote mercadologico completo, de tamanho e faturamento total compativel com o custo da estrutura do consorcio.

    Rocha (1987) tambem cita algumas vantagens tanto para o pais quanto para a empresa participantes de um consorcio de exportacao. Para o primeiro, o principal beneficio obtido e o aumento efetivo das exportacoes, pela canalizacao, para o mercado externo, da producao de empresas ja existentes que dificilmente exportariam de outra forma, bem como a utilizacao mais eficaz dos escassos recursos gerenciais disponiveis. Entre outros beneficios, alinha-se ainda a melhoria dos produtos locais--nao apenas aqueles produzidos pelas empresas participantes do consorcio--, pela melhoria das tecnicas de producao, introducao de melhores equipamentos, maior atencao ao planejamento e controle da producao e tambem pelos efeitos no mercado interno, que forcam muitas vezes a concorrencia a melhorar seus produtos tambem.

    Humphrey e Schmitz (apud AMATO NETO, 2000) apontam a confianca como uma das formas de lidar com o risco de transacoes...

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