¿Existe un interés emancipador por el conocimiento? Intento de responder una pregunta clave en la Teoría Crítica

AutorAxel Honneth
CargoProfessor de Humanidades na cátedra Jack C. Weinsten do Instituto de Filosofia na Universidade de Columbia, em Nova York, Estados Unidos
Páginas15-44
DOI: https://doi.org/10.5007/2175-7984.2023.e98445
1515 – 44
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Existe um interesse
emancipatório do conhecimento?
Tentativa de responder a
uma questão chave da Teoria Crítica1
Axel Honneth2
Resumo
No texto a seguir, Axel Honneth se pergunta se, em conformidade com os postulados da Teoria
Crítica, existe um interesse emancipatório do conhecimento. Para responder à questão, o autor
passa em revista o projeto de uma teoria crítica, desde sua origem no hegelianismo de esquerda até
a formulação de uma teoria do conhecimento emancipatório, no livro Conhecimento e interesse,
de Jürgen Habermas. A seguir, Honneth explora quatro alternativas que responderiam à pergunta
sobre a existência do interesse emancipatório do conhecimento (a tradição de Rousseau e Kant, a
psicanálise de Freud, a teoria política de Marx e a teoria do conito inspirada em Hegel e Dewey).
Na parte nal do estudo, Honneth defende a ideia de que o interesse emancipatório do conheci-
mento se assenta sobre a interpretação crítica de normas já existentes e na tentativa de desmasca-
ramento de sua aplicação insucientemente justa por parte de grupos dominados.
Palavras-chave: Teoria Crítica; Conhecimento; Interesse; Emancipação; Conito social.
1 Este artigo remonta a uma conferência que dei, a convite do European Journal of Philosophy, como a Mark Sacks
Annual Lecture, no ano de 2016, na Universidade de Oxford. Pelo convite para esta palestra quero agradecer
efusivamente às editoras e aos editores da revista.
2 Axel Honneth é Professor de Humanidades na cátedra Jack C. Weinsten do Instituto de Filosofia na Uni-
versidade de Columbia, em Nova York, Estados Unidos. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-9753-1128
Texto traduzido de “Gibt es ein emanzipatorisches Erkentnisinteresse? Versuch der Beantwortung einer Schlüs-
selfrage kritischer Theorie”, publicado originalmente em Axel Honneth, Die Armut unserer Freiheit. Aufsätze
2012-2019. Berlim: Suhrkamp, 2020, p. 290-319. Tradução e revisão de Thiago Aguiar Simim, Gustavo Cunha e
Emil Sobottka. © All rights reserved by and controlled through Suhrkamp Verlag Berlin. Os tradutores agradecem
a autorização do autor e da editora para a tradução ao português.
Existe um interesse emancipatório do conhecimento? Tentativa de responder a uma questão chave da Teoria Crítica | Axel Honneth
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A ideia de que os seres humanos possuem um interesse profundo na
superação de dependências e determinações heterônomas perpassa desde
sempre a tradição de uma Teoria Crítica da sociedade, que remonta a Marx:
sem a existência desse interesse emancipatório de toda a espécie – já diziam
alguns hegelianos de esquerda – a exigência de melhorias sociais permane-
ceria um mero “dever ser” moral, ao qual faltaria qualquer apoio de parte
da realidade histórica. Marx estava convencido de que, no capitalismo, esse
interesse seria representado pelo proletariado, que, por conta de sua condi-
ção, deveria se empenhar, como representante de toda a humanidade, em
lutar por relações sociais completamente livres de constrangimentos e de
dominação (cf., sobre isso, Honneth, 2015, p. 67-69). Todavia, quando
Georg Lukács, no começo dos anos 1920, assumiu essa ideia para superá-
-la losocamente com sagazes empréstimos de Fichte, já se questionava
a disposição revolucionária da classe trabalhadora em tal medida, que sua
construção quase não pôde encontrar apoio, mesmo entre os simpatizantes
(Lukács, 1968, p. 161-517). Max Horkheimer, então, foi cuidadoso o bas-
tante para, em sua própria fundamentação de uma Teoria Crítica, aludir
apenas a que na tendência inextirpável dos seres humanos de se revoltarem
contra relações de dominação apareceria um interesse emancipatório desse
tipo. Sem fundamentar detalhadamente essa suposição, ele repetia assim,
em um nível abstrato, a tese já exposta por Marx, de que apenas a conexão
com uma “atitude crítica” poderia atribuir à teoria um fundamento epis-
temológico (Horkheimer, 1988, especialmente p. 185 e ss.). Foi somente
Jürgen Habermas, em seu inovador estudo Conhecimento e interesse, que se
viu em condições de dar nova vida à centenária ideia. A concepção de que
nós seres humanos possuímos internamente um interesse em dissipar de-
pendências ainda desconhecidas e “pseudo-objetividades” foi desenvolvida
aqui como uma original reinterpretação de Kant, Fichte e Hegel e, com
ajuda de Freud, nalmente reabilitada na forma de uma antropologia do
conhecimento (Habermas, 1973). Ainda que entrementes Habermas te-
nha se distanciado de premissas centrais de seu livro de então (Habermas,
2000), ele ainda pode servir como um ponto de partida adequado para
esclarecer quais intenções teóricas estão conectadas com a ideia de um “in-
teresse emancipatório” e o que estaria em jogo com seu abandono. No que
se segue, então, quero partir desse estudo e recapitular brevemente, uma

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