A extensão na universidade comunitária: a experiência da universidade católica de Pernambuco

AutorOdalisca Moraes - Valdenice Raimundo
CargoMestre em Serviço Social. Professora de Serviço Social da UNICAP. Coordenadora Geral da Extensão da UNICAP. E-mail: odalisca@unicap.br - Doutora em Serviço Social. Professora de Serviço Social da UNICAP. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Raça, Gênero e Políticas Púbicas/UNICAP. Professora Extensionista/UNICAP. E-mail: valjrbr@yahoo.com.br
Páginas73-88
Cadernos do CEAS, Salvador, n. 236, p. 72-87, 2016
A EXTENSÃO NA UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA: A EXPERIÊNCIA
DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO
Extension in the University Community: the experience of the Catholic University of
Pernambuco
Odalisca Moraes*
Valdenice Raimundo**
Resumo
Este estudo tem como objetivo apresentar as ações extensionistas da Universidade Católica de
Pernambuco, reconhecida como uma universidade comunitária. Para isso, fará uma breve
exposição do surgimento das universidades comunitárias no Brasil e historiciza, de maneira
sintética, a extensão. Essa construção nos conduzirá a entender a importância das ações
extensionistas sem perder de vista sua relação com ensino e a pesquisa.
Palavras-chave: Extensão. Ensino Superior. Educação.
INTRODUÇÃO
As discussões e debates acerca das ações extensionistas no cenário brasileiro têm-se
mostrado necessárias. Não existe concordância acerca do papel que esta cumpre na relação
universidade com a sociedade, mesmo aparecendo na tríade ensino, pesquisa e extensão, que
constitui o eixo fundamental da Universidade brasileira. Isso é ressaltado pela Constituição
Brasileira de 1988, na qual está disposto, no seu artigo 207, que as entidades de ensino
superior devem obedecer ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
Este texto dedica-se a refletir sobre as ações extensionistas desenvolvidas por uma
universidade comunitária que entende que sem a extensão torna-se insustentável o “seu
exercício público de autonomia universitária” (VANNUCCHI, 2013, p. 10). Nesse contexto,
a extensão ganha um espaço importante na sua relação com o ensino e a pesquisa.
Esta reflexão está dividida em quatro momentos nos quais apresentaremos, de maneira
sintética, o surgimento das universidades comunitárias, da extensão, a relação necessária entre
ensino pesquisa e extensão e, por fim, exporemos as ações extensionistas desenvolvidas na
* Mestre em Serviço Social. Professora de Serviço Social da UNICAP. Coordenadora Geral da Extensão da
UNICAP. E-mail: odalisca@unicap.br
** Doutora em Serviço Social. Professora de Serviço Social da UNICAP. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas
em Raça, Gênero e Políticas Púbicas/UNICAP. Professora Extensionista/UNICAP. E-mail:
valjrbr@yahoo.com.br
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universidade Católica de Pernambuco, enfatizando a importância do diálogo entre o
conhecimento produzido na academia e o conhecimento popular.
Este trabalho é bastante relevante e aponta contribuições significantes para os
gestores das diversas instituições do ensino superior, professores/as extensionistas,
pesquisadores, bem como para os docentes e discentes comprometidos com a ideia de que a
indissociabilidade é um princípio orientador da qualidade da produção universitária, porque
afirma como necessária a tridimensionalidade do fazer universitário autônomo, competente e
ético” (MOITA, ANDRADE, 2009 p. 269).
A GÊNESE DAS UNIVERSIDADES COMUNITÁRIAS
De acordo com Vannucchi (2013, p. 8) as universidades comunitárias surgem para
suprir a ausência, quando não a omissão do poder público, na área do ensino superior
nacional, sobretudo nas regiões interioranas do país. Contudo, para que isso acontecesse, fez-
se necessário que aqueles que não tinham acesso ao ensino superior se organizassem e as
tornassem concretas. Ou seja, as universidades comunitárias surgem da iniciativa de grupos
que não estavam sendo contemplados com o ensino superior público estatal, porém
necessitavam acessar conhecimentos mais elaborados e específicos.
O autor sugere que as universidades no Brasil foram estabelecias nas primeiras
décadas do século XX em algumas poucas capitais, configurando-se como um processo lento.
Diante dessa morosidade grupos de imigrantes deram início à gestação de um novo modelo de
universidade.
Dessa mobilização popular em prol de faculdades ao seu alcance acabará
nascendo, pouco a pouco, a universidade da própria comunidade local,
subsidiada inicialmente, em certos casos, apenas pela municipalidade e, por
isso mesmo, sustentada, de fato, por mensalidades pagas pelo alunado, mas
sempre universidade comprometida com a sociedade e não com o lucro.
Universidade como serviço público e não como negócio particular
(VANNUCCHI, 2013, p. 10).
O autor ainda elucida que a mobilização dos cidadãos que agiram conscientemente
partiu de uma inconformação com a omissão ou exclusão estatal e procuram criar uma
alternativa democrática de maior acesso ao ensino superior.

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