A fenomenologia

AutorCleyson de Moraes Mello
Ocupação do AutorProfessor Adjunto da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); Professor do PPGD da UERJ e da UVA; Diretor Adjunto da Faculdade de Direito de Valença; Membro do IAB
Páginas13-32
2
A fenomenologia
A tarefa fundamental da filosofia heideggeriana é cap-
tar o sentido do ser como velamento e desvelamento por
meio de um método e horizonte adequados. Nesse sentido,
o método adequado será a fenomenologia delineada em Ser
e Tempo no horizonte heideggeriano da temporalidade. O
mostrar fenomenológico se apresenta em toda a estrutura
heideggeriana a partir das experiências e lições de Edmund
Husserl (1859-1938).
A história da fenomenologia nasceu com Husserl, no
século XIX, inspirada nos trabalhos científicos de Bernhard
Bolzano (1781-1848)12 e Franz Brentano (1838-1917)13 e,
13
12 Bolzano (1781-1848), matemático e filósofo, padre católico e profes-
sor de filosofia da religião na Universidade de Praga até 1819, nos deixou
duas importantes obras: Os paradoxos do infinito (escritos em 1847-1848,
mas publicados só em 1851) e a Doutrina da Ciência (1837). O primeiro
trabalho exerceu influência notável sobre a história do pensamento mate-
mático e o segundo elabora a doutrina da “proposição em si” e da “verdade
em si”. REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia. Tradu-
ção Honório Dalbosco e L. Costa. 5.ed. São Paulo: Paullus, 2003b. V. 3, p.
556.
13 Brentano (1838-1917), padre católico, professor da Universidade de
Viena. Escreveu muito sobre Aristóteles (A psicologia de Aristóteles, 1867;
O cristianismo de Aristóteles, 1882; Aristóteles e a sua visão do mundo,
1911; A doutrina de Aristóteles sobre a origem do espírito humano, 1911),
mas a sua obra de maior sucesso foi A piscologia do ponto de vista empírico
(1874). Nesta última obra que Brentano afirma o caráter intencional da
consciência. REALE; ANTISERI. op. cit., 2003b, p. 557.
a partir da fenomenologia husserliana, surgiram várias esco-
las fenomenológicas que podemos grupar em cinco corren-
tes principais:
1) a fenomenolgia descritiva, de Göttingen, com Adolf Rei-
nach, Alexandre Koyré, Hedwig Conrad-Martius, Theodor
Conrad, Johannes Daubert, Jean Héring, Herbert Leyendec-
ker, Roman Ingarden, Kurt Stavenhagen, Ernst W. Hocking,
Wilhelm Schapp e Moritz Geiger;
2) a fenomenologia transcendental, de Freiburg im Breisgau,
com Edith Stein, Fritz Kaufmann, Oskar Becker, Marvin
Farber, Wilhelm Szilasi, Ludwig Landgrebe e Eugen Fink;
3) a fenomenologia psicológico-descritiva, de Munich, com
Alexandre Pfänder, Aloys Fischer, Gerda Walter, Moritz
Geiser (numa fase de sua evolução), August Gallinger, Die-
trich Von Hildebrand e Herbert Spiegelberg;
4) a fenomenologia dos valores, de Colônia, com Max Sche-
ler, Hendrick Gerardus Stocker, Heinrich Lützeler, Paul
Ludwig Lansberg e Nicolai Hartmann;
5) a fenomenologia hermenêutica, de Marburgo (1923-
1928) e Freiburg im Breisgau (a partir de 1928), sob a orien-
tação de Martin Heidegger, com Paul Tillich, Rudolf Bult-
mann, Hans-Georg Gadamer, Gerhard Krüger, Karl Löwith,
Helmuth Kuhn, Franz Joseph Brecht, Karl-Heinz Volk-
mann-Schluck e Walter Bröcker.14
Cleyson de Moraes Mello
14
14 Escolas fenomenológicas classificadas por Funke, G e Gadamer, HG, a
partir do livro de Spiegelberg, Herbert The phenomenological Movement, 2
vol., Den Hag, 1960. STEIN, Ernildo. Compreensão e Finitude: Estrutura e
Movimento da Interrogação Heideggeriana. Ijuí, Rio Grande do Sul: Unijuí,
2001a. p. 140.

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT