GÊNERO E DISTRIBUIÇÃO DE RENDA: UM ESTUDO SOBRE O ESTADO DE SÃO PAULO

AutorCynthia Aparecida Gonçalves, Karla Maria Damiano Teixeira
Páginas56-74
GÊNERO|Niterói|v.18|n.1|56 |2. sem.2017
GÊNERO E DISTRIBUIÇÃO DE RENDA: UM ESTUDO SOBRE
O ESTADO DE SÃO PAULO
Cynthia Aparecida Gonçalves 1
Karla Maria Damiano Teixeira2
Resumo: O presente estudo buscou analisar se existem disparidades no âmbito
da renda e do nível de instrução entre homens e mulheres no estado de São
Paulo. Para tal, utilizou-se os dados da PNAD do ano de 2011. Para tal utilizou-se
uma análise exploratória dos dados e ANOVA, o teste Tuckey, teste F, e o teste t
de Student. Observou-se que existem diferenças de gênero no que ser refere ao
nível de instrução. Verificou-se que existem diferenças salariais entre os gêneros,
sendo que a renda dos homens foi mais alta que a das mulheres na maior parte
dos níveis de instrução.
Palavras-chave: gênero; renda; desigualdades sociais.
Abstract: This study sought to examine whether there are disparities in the
context of income and level of education between men and women in the state
of São Paulo. To this end, we used data from the PNAD of 2011. For this we used
an exploratory data analysis and ANOVA, Tukey’s test, F test, and Student’s t
test. It was observed that there are gender dierences in regards to be educated.
It was found that there are wage dierences between genders, and the income of
men was higher than women in most levels of education.
Keywords: gender; income; social inequalities.
Introdução
Com as modificações sociais, políticas e econômicas, as mulheres começaram
a ocupar com maior predominância os espaços públicos. Os principais
fatores que colaboraram para a inserção feminina no mercado de trabalho
foram, principalmente, o aumento do nível de escola ridade, propiciando
1 Mestre em Economia Doméstica pela Universidade Federal de Viçosa; Professora no Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural do Espírito Santo. E-mail: cynthia_goncalves@outlook.com
2 Pós-Doutora em Ecologia Familiar pela Michigan State University. Professora Associada do Departamento de
Economia Doméstica da Universidade Federal de Viçosa. E-mail: kadamiano@outlook.com..
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novas oportunidades de emprego, e a diminuição da taxa de fecundidade
(GUIRALDELLI, 2012).
De acordo com Saldanha (2013), a participação feminina no mundo do
trabalho tem apresentado muitos avanços nas últimas décadas, apesar de ainda
se verificar um forte desequilíbrio entre homens e mulheres no que diz respeito
à inserção produtiva, e discriminação na ascensão profissional e renda. Diversas
pesquisas sobre o mercado de trabalho demonstram que essa participação
diferenciada está relacionada ao paradigma sociocultural construído ao redor dos
distintos papéis destinados a homens e mulheres enquanto atores sociais. Baseado
nessa perspectiva é de competência masculina o papel de principal provedor da
família, conferindo-lhes uma maior participação e rendimento nas atividades
produtivas, sendo que as tarefas destinadas às mulheres visam a complementação
do orçamento familiar, necessitando conciliar trabalho doméstico e remunerado.
No Brasil, a participação feminina no mundo laboral tem aumentado de
forma significativa e constante desde a década de 1970 quando apenas 18% das
mulheres trabalhavam (BRUSCHINI e LOMBARDI, 2014). No ano de 2010,
esse número aumentou 48,8% para as mulheres versus 53,2% entre os homens
(IBGE, 2010).
Nos anos 1990, ocorreu um importante aumento nos níveis de escolaridade
da População Economicamente Ativa (PEA), com um expressivo aumento da
porcentagem nos níveis superiores de instrução. A porcentagem de indivíduos
com menos de quatro anos de estudo se reduziu de 35 para 24%, com menos de
oito anos, modificou-se de 67 para 53%; e, com mais de oito anos, aumentou de
33 para 47% (ABRAMO, 2013).
O mesmo autor enfatiza que em vários estudos e pesquisas as desigualdades
de gênero são claramente evidenciadas nos indicadores de mercado de trabalho.
No Brasil existem significativas e constantes desigualdades de gênero no âmbito
do trabalho, o que deve ser levado em consideração nos processos de elaboração,
implementação e avaliação de políticas públicas, especificamente, das políticas de
emprego, inclusão social e diminuição da pobreza.
O número de horas de trabalho, que muitas vezes é atrelado ao trabalho
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