O golpe civil-militar de 1961: Cr?tica a uma explica??o hegem?nica
Autor | Daniel de Mendon?a |
Cargo | Doutor em Ci?ncia Pol?tica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). |
Páginas | 409-446 |
Artigos
Artigo
O golpe civil-militar de 1961:
Crítica a uma explicação hegemônica
Daniel de Mendonça*
Resumo
O presente artigo tem como objetivo apresentar uma visão crítica em
relação à interpretação hegemônica a qual defende que, em 1961, após a
renúncia de Jânio Quadros, ocorreu uma frustrada tentativa de golpe militar,
uma vez que João Goulart conseguiu assumir, de fato, a Presidência. Neste
trabalho, argumenta-se que ocorreu, na verdade, um golpe civil-militar
com a participação do Congresso Nacional Brasileiro.
Palavras-chave: Golpe de 1961, João Goulart, Congresso Nacional Brasileiro
1. Introdução
Os episódios que antecederam a posse de João Goulart na Presi-
dência da República, em sete de setembro de 1961, revestem-se
de uma certeza teórica hegemônica no âmbito das ciências sociais, a
qual peremptoriamente afirma: a combinação entre a instituição do
sistema parlamentarista de governo e a posse de Jango evitaram, ao
mesmo tempo, um golpe militar e possibilitaram a manutenção do
regime democrático que viria somente a ser atingido fatalmente em
março de 1964. Tendo em vista essa certeza inicial, forjada, como
se verá neste trabalho, a partir de um pacto entre elites políticas no
período em questão, praticamente todos os analistas e cientistas
sociais que se debruçaram sobre o tema concordam, muitas vezes
* Doutor em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS). Professor no Instituto de Sociologia e Política e no Mestrado em Ciências
Sociais da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
Para continuar a ler
PEÇA SUA AVALIAÇÃO