A gravidez na adolescência e a feminização da pobreza a partir de recortes de classe, gênero e raça

AutorMarli Marlene Moraes da Costa, Maria Victória Pasquoto de Freitas
CargoUniversidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul, RS, Brasil/Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul, RS, Brasil
Páginas5-23
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A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA E A FEMINIZAÇÃO DA
POBREZA A PARTIR DE RECORTES DE CLASSE, GÊNERO E
RAÇA
PREGNANCY IN ADOLESCENCE AND THE FEMINIZATION OF
POVERTY FROM CLASS, GENDER AND RACE DELIMITATIONS
Marli Marlene Moraes da CostaI
Maria Victória Pasquoto de FreitasII
Resumo: A análise da gravidez precoce e da feminização
da pobreza a partir de recortes de classe, gênero e raça,
permite com que se localize em que contextos, realmente,
encontram-se as meninas grávidas. O problema de pesquisa
compreende-se no questionamento: “Qual a influência da
gravidez precoce na feminização da pobreza?” O objetivo
geral foi analisar os fatores socioculturais associados ao desejo
de ser mãe na adolescência e os objetivos específicos foram
identificar os impactos sociais da gravidez precoce e verificar
os problemas econômicos advindos da gravidez nessa fase do
desenvolvimento da menina a partir da perspectiva de classe,
gênero e raça; cada objetivo corresponde a um subcapítulo,
respectivamente. O método de pesquisa adotado foi o
dedutivo, partindo de premissas gerais e direcionando-se
para temáticas específicas, com procedimento monográfico
e técnica de pesquisa de documentação indireta, através
da pesquisa bibliográfica e documental. Os resultados
preliminares da pesquisa apontam que meninas pobres,
com limitadas oportunidades educacionais e laborais e de
cor negra compõem, em maioria, o grupo de adolescentes
grávidas e de mulheres em um ciclo de pobreza extrema no
Brasil.
Palavras-chave: Gravidez na adolescência. Feminização da
pobreza. Classe, gênero e raça.
Abstract: e analysis of early pregnancy and the
feminization of poverty based on class, gender and race
cuts, allows us to locate the contexts in which pregnant girls
actually find themselves. e research problem is understood
in the question: “What is the influence of early pregnancy
on the feminization of poverty?” e general objective was
DOI: http://dx.doi.org/10.20912/rdc.v16i40.244
Recebido em: 07/09/2020
Aceito em: 24/11/2021
I Universidade de Santa Cruz do Sul,
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil. Doutora
em Direito. E-mail: marlim@unisc.br
II Universidade de Santa Cruz do Sul,
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil. Mestra
em Direito. E-mail: victoriapasquoto@
hotmail.com
6 Revista Direitos Culturais | Santo Ângelo | v. 16 | n. 40 | p. 5-23 | set./dez. 2021
DOI: http://dx.doi.org/10.20912/rdc.v16i40.244
to analyze the sociocultural factors associated with the desire
to be a mother in adolescence and the specific objectives
were to identify the social impacts of early pregnancy and
verify the economic problems arising from pregnancy at this
stage of the girl’s development from the perspective of class,
gender and race; each objective corresponds to a subchapter,
respectively. e research method adopted was the deductive
one, starting from general premises and focusing on specific
themes, with a monographic procedure and indirect
documentation research technique, through bibliographical
and documentary research. e preliminary results of the
research show that poor girls, with limited educational and
work opportunities, and who are black make up, in the
majority, the group of pregnant teenagers and women in a
cycle of extreme poverty in Brazil.
Keywords: Teenage pregnancy. Feminization of poverty.
Class, gender and race.
1 Introdução
A
adolescência é uma fase em que os impulsos naturais do desenvolvimento físico
e emocional de meninos e meninas, alteram o seu comportamento, porque seus
sentimentos ainda não estão maduros e o conhecimento da função sexual é praticamente
inexistente. No período da adolescência, surge o interesse sexual e a afetividade, normalmente
acompanhados de insegurança, ansiedade, timidez, instabilidade, angústia de não ser mais
criança, mas por outro lado, ainda não é adulto. Inseguro quanto aos rumos do futuro, o (a)
jovem enfrenta o mundo que lhe parece hostil, refugiando-se na timidez ou expandindo seu
temperamento, conforme sejam as circunstâncias nas quais esteja inserido(a) no mundo da vida.
Tem-se que a família é o primeiro elemento socializador do ser humano, porque é a
partir do grupo familiar que formará a sua estrutura de personalidade, aprenderá o que é certo ou
errado, o que pode ou não fazer, os limites para exercício de sua liberdade com responsabilidade
ética e moral. As bases de sustentação familiar será seu ponto de referência nos desafios que
enfrentará no meio social, pois relacionará tudo o que aprendeu com o que encontrar pela frente.
Não possuindo a maturidade para discernimento, e estando fascinado(a) pelas
oportunidades encantadoras que lhe surgem, atira-se aos novos desafios sem dar-se conta dos
riscos e comprometimentos que passam a existir.
O advento do anticoncepcional e dos fortes movimentos feministas, conferiram a mulher
certa autonomia e escolha pela maternidade, o que corroborou para que a gravidez fosse, cada
vez mais, um planejamento de vida, ao invés de um acontecimento natural. A análise da gravidez
precoce e da feminização da pobreza a partir de recortes de classe, gênero e raça, possibilitou a
localização dos contextos em que estão inseridas as meninas grávidas.
Os fatores socioeconômicos também são determinantes, meninas pobres, com limitadas
oportunidades educacionais e laborais, vivendo em situação de violência em casa, ou mesmo num

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