Guerra e paz no século XXI

AutorHector Ricardo Leis - Marcial Alécio Garcia Suarez
Páginas1-26
GUERRA E PAZ NO SÉCULO XXI
WAR AND PEACE IN THE 21st CENTURY
GUERRA Y PAZ EN EL SIGLO XXI
Héctor Ricardo Leis
Marcial Suarez
Resumo:
Atualmente, predomina em Ocidente um senso comum distante da compreensão do
fenômeno da guerra que se explica pelo deslizamento da perspectiva de análise do
Estado para o da sociedade civil, assim como da perda sentido histórico e civilizatório da
ação humana. O texto argumenta que por trás das críticas ao unilateralismo dos EUA se
encontra um grave problema de percepção da realidade que dificulta o correto
desenvolvimento do debate na área das relações internacionais. Conclui-se o texto
conjeturando que a atual ordem internacional está em transição, tendo sido detonada pela
emergência do terrorismo global, que acabou levando aos EUA e outros países a assumir
um decisionismo bélico contra qualquer tipo de ameaça à segurança global.
Palavras-chave: Guerra; terrorismo; Política Internacional; modernidade
Abstract:
Nowadays, an unrealistic common sense on the understanding of the phenomenon of the
war prevails in the Occident. That may be explained by the transformation of the analytical
perspective of the State into one of the civil society, as well as of the historical loss of the
meaning of human action. The text argues that the criticism to the unilateralism of the USA
hides serious problems of reality perception that hinders the development of the debate in
the area of the international relations. The conclusion is that the current international order
is in transition, having been brokered by the emergency of the global terrorism, that ended
up leading the USA to take over a strong warlike decisionism against any kind of threat to
the global safety.
Keywords: War; terrorism; International Politics; modernity.
Resumen:
Actualmente, predomina en Occidente un sentido común distante de la comprensión del
fenómeno de la guerra, que puede ser explicado por el deslizamiento de la perspectiva de
análisis del Estado para el de la sociedad civil, así como la pérdida de sentido histórico de
la acción humana. El texto argumenta que por detrás de las críticas al unilateralismo de
Doutor em Filosofia pela Pontifica Universidade Católica de Rio de Janeiro ( PUC-Rio) e Professor dos
Programas de Pós-Graduação em Sociologia Política e Interdisciplinar em Ciências Humanas da
Universidade Federal de Santa Catarina ( UFSC).
Mestre em Sociologia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Doutorando em
Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ).
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los EUA se encuentra un grave problema de percepción de la realidad, el cual que
dificulta el correcto desarrollo del debate em el área de las relaciones internacionales. El
texto concluye conjeturando que la actual orden internacional está en transición, habiendo
sido detonada por la irrupción del terrorismo global, que a su vez llevó a los EUA a asumir
un fuerte decisionismo bélico contra cualquier amenaza a la seguridad americana y
global.
Palabras-claves: Guerra; terrorismo; Política Internacional; modernidad
“A identificação de sonho e realidade como uma questão de princípio produz efeitos
práticos que podem parecer estranhos, mas nunca surpreendentes. Proíbe-se a
exploração crítica da relação de causa e efeito na história; conseqüentemente, torna-
se impossível a coordenação racional dos meios e fins na política. As sociedades
gnósticas e seus líderes reconhecem os perigos a sua existência quando eles surgem,
mas tais perigos não são enfrentados por meio das ações apropriadas no mundo da
realidade. São, isto sim, enfrentados mediante operações mágicas no mundo da
fantasia, tais como desaprovação, condenação moral, declarações de intenção, apelos
à opinião da humanidade, caracterização dos inimigos como agressores, abolição da
guerra, propaganda em favor da paz mundial e do governo mundial, etc. A corrupção
moral e intelectual que se expressa no somatório dessas operações mágicas pode
impregnar uma sociedade da atmosfera estranha e fantasmagórica de um manicômio
(...).” Eric Voegelin (1982: 123-124)
“A guerra não é uma patologia que, com a devida higiene e tratamento, pode ser
plenamente prevenida. A guerra é uma condição natural do Estado, que se estruturou
de modo a constituir um instrumento eficaz de violência em nome da sociedade. É
como a morte - embora possa ser adiada, virá quando tiver de vir e não pode ser
evitada indefinidamente.” Philip Bobbitt (2003: 785)
I. Sempre houve guerras
Sempre houve guerras. Elas são um fenômeno tão antigo quanto o das sociedades
humanas. Resulta uma surpresa, então, que atualmente no Ocidente tenha se construído
um senso comum tão distante da compreensão deste fenômeno. O cidadão médio que
habita as sociedades ocidentais modernas, neste início de século XXI, tende a identificar
a guerra com a barbárie, assim como a imaginar que a política é exatamente o oposto da
guerra. Para o observador cuidadoso da história mundial, pelo contrário, é evidente que
ambas as considerações não são corretas. A historia registra numerosos exemplos onde
a guerra se apresenta como um elemento civilizador fundamental. Imagine apenas o

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