À guisa de introdução

AutorRaúl Antelo
Páginas4-12
http://dx.doi.org/10.5007/1984-784X.2013v13n19p4
| b. pesq. nelic, florianópolis, v. 13, n. 19, p. 4-12, 2013 |
À GUISA DE INTRODUÇÃO
Raúl Antelo
O momento ou o instante ou o que é iminente e tem o “acesso
bloqueado” pode ser compreendido como aquela hora que um
dia vem ter connosco, raras vezes preparados para ela, embora
possamos estar quase a adivinhá-la, mesmo à espera dela
como se diz que uma mulher espera um filho , e nessa hora um
mundo acabou de morrer e nessa hora um mundo acabou de
nascer, hora irrepresentável, reveladora, libertadora, esmaga-
dora, fonte, coração de alguma coisa ou de todas as coisas. Po-
demos ver o instante como a descontinuidade que se solta do
contínuo da vida e se sustém a si própria, como um brilho irre-
primível que jorra da fusão entre necessidade e contingência,
onde vemos Cronos temporariamente destronado (o que Cronos
tomaria como ironia suprema que lhe é devida). O rapto amo-
roso é uma das suas mais convincentes pedras-de-toque.
Maria Filomena Molder. Como responder ao momento presente?
Instante e presente, embora tenham vizinhança conceitual, guardam tam-
bém distância estratégica. Como explica Molder, na expressão “momento pre-
sente” estão implicadas uma duração e uma evolução, há aí um
hinc et nunc
,
um “aqui e agora”, portador de uma duração que, no entanto, se cristalizou. Já
o instante está moldado, preferentemente, em torno do acontecimento. Mas o
que é um acontecimento?
Jacques Derrida, interrogando-se acerca do conceito, em 1971, dizia que
era preciso, antes de mais nada, chegar a um acordo sobre o que se deve

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