Sobre História Cultural

AutorSandro da Silveira Costa
CargoUniversidade Federal de Santa Catarina
Páginas185-192
SOBRE HISTÓRIA CULTURAL
Sandro da Silveira Costa*
Universidade Federal de Santa Catarina
BURKE, PETER. O que é história cultural? Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.
192 pp.
Peter Burke registra, no início de seu livro, que a história cultural foi redes-
coberta na década de 1970 e, a partir desse momento, desfruta de uma renova-
ção. Assim, o propósito do seu livro é analisar a redescoberta e o significado da
história cultural, envolvendo, conjuntamente, duas abordagens opostas, ainda que
– em sua opinião – complementares. A primeira discute a presente renovação da
história cultural e os sucessivos problemas verificados no interior da disciplina; a
segunda relaciona a ascensão desta corrente historiográfica à denominada “vira-
da cultural” e analisa a produção teórica e textual dos historiadores culturais.
Dessa forma, objetiva-se analisar a trajetória da história cultural, envolvendo
possíveis co-relações com outras disciplinas e enfoques temáticos.
No primeiro capítulo, denominado A grande tradição, Peter Burke regis-
tra que a história cultural pode ser dividida em quatro fases: a) “clássica”; b)
“história social da arte”, iniciada na década de 30; c) a redescoberta da história
da cultura popular, ocorrida na década de 60; e d) “nova história cultural”, discu-
tida a partir do quarto capítulo. O período entre os anos 1800 e 1950 pode ser
identificado pelo termo história cultural “clássica”, que envolve uma “grande tra-
dição”. Essa tradição inclui textos como A cultura do Renascimento na Itália
(1890), do historiador suíço Jacob Burckhardt, e Outono da Idade Média (1919),
do historiador holandês Johan Huizinga. Nesses textos, está implícita a idéia de
que o historiador pinta o “retrato de uma época”. Nesse período, os historiadores
culturais concentravam-se, igualmente, no estudo da história dos clássicos, que
envolve um conjunto de obras-primas da arte, literatura, filosofia.
É importante destacar que durante algum tempo após a Segunda Guerra
Mundial (1939–1945), os dois territórios hospedeiros da história cultural foram a
Grã-Bretanha e os Estados Unidos. Esse episódio é parte integrante da história
da grande diáspora da década de 30, e sinaliza a emergência de uma nova fase
da história cultural, denominada “história social da arte”, assinalada anteriormen-
te. Esse movimento atestou a migração para os EUA e Grã-Bretanha de residen-
tes judeus da Europa Central, incluindo cientistas, escritores, músicos e acadêmi-

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