Pelo imprevisto: dispositivos e singularidade
| Autor | Artur de Vargas Giorgi |
| Páginas | 159-164 |
Pelo imprevisto: dispositivos e singularidade – Artur de Vargas Giorgi Boletim de Pesquisa NELIC v. 10 n. 15 2010.2
Em primeiro lugar, devo dizer que acatei por completo a
proposta encaminhada pelos professores do Núcleo para este
primeiro fórum de pesquisa. Pelo imprevisto: dispositivos e
singularidade não seria o título mais adequado para uma
comunicação que ambicionasse trazer a solução para os
percalços do meu trajeto de pesquisa, e sim, com maior acerto,
é apenas algum título para um dos meus impasses, uma das
dificuldades que resistem ao cumprimento da dissertação de
mestrado, indicando com isso, quem sabe, que mais uma vez se
trata de começar1. Além disso, refiro-me a uma dificuldade
1 Refiro-me à dissertação Anestesia e contato: reprodutibilidade técnica e
singularidade na modernidade brasileira, com orientação do Prof. Dr. Raúl
Antelo (e defesa prevista para fevereiro de 2011). Neste trabalho, busco fazer
a leitura de um “problema”: como a lógica da reprodutibilidade técnica –
“técnica” entendida, aqui, de maneira ampla, a partir do conceito de
dispositivo formulado por Giorgio Agamben (lendo Foucault) – pode ser
motivadora de uma anestesia da sensibilidade dos homens. Supõe-se que
haja essa marca, uma “condição” que, entretanto, é ambivalente: com a
anestesia, novas formas de subjetivação e sensibilidade podem surgir, o que
aponta para a impossibilidade de massificação dos comportamentos. Para
articular o trabalho e disparar a leitura, parto dos seguintes registros iniciais:
os poemas “Cinema”, de Guilherme de Almeida, publicado em 1925, em
Encantamento; “O microscópio”, de Bueno de Rivera, publicado no livro
Mundo Submerso, de 1944; e “Uma fotografia aérea”, de Ferreira Gullar,
publicado em Dentro da noite veloz, em 1975. Mas não só de registros em
linguagem verbal componho o corpus. O hebdomadário Dom Casmurro, do
Rio de Janeiro, por meio das imagens que ilustram suas edições, é também
um dispositivo marcado, paradigmático das transformações ligadas à
Este texto foi apresentado no I Fórum de Pesquisa
do Núcleo de Estudos Literários e Culturais,
realizado no Centro de Comunicação e Expressão
da UFSC em novembro de 2010.
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