A intervenção pedagógica do serviço social e os estudos em gênero e sexualidade. Compartilhando conhecimentos do litoral ao sertão pernambucano
| Autor | Luiz Henrique Braúna Lopes de Souza |
| Cargo | Assistente Social, Mestre em Psicologia, Doutorando em Serviço Social, Universidade Federal de Pernambuco, Brasil |
| Páginas | 176-197 |
176 GÊNERO | Niterói | v. 22 | n. 2 | p. 176-197 | 1. sem 2022
DOSSIÊ
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INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA DO SERVIÇO SOCIAL E OS
ESTUDOS DE GÊNERO E SEXUALIDADE: COMPARTILHANDO
CONHECIMENTOS DO LITORAL AO SERTÃO PERNAMBUCANO
Luiz Henrique Braúna Lopes de Souza1
Resumo: Este artigo reflete sobre a intervenção profissional do serviço social,
articulada com os estudos de gênero e sexualidade, acerca das vivências da
população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) no
capitalismo contemporâneo. Para tal, utilizamos reflexões das teorias feministas
e os estudos de gênero e sexualidade. Metodologicamente, o estudo parte do
relato de experiência/sistematização da prática do assistente social no Centro
Estadual de Combate à Homofobia (CECH). Como resultados, apresentamos
as ações desenvolvidas nos diferentes equipamentos municipais do estado e os
conteúdos abordados, apreendendo que o compartilhamento de informações
é essencial no combate à LGBTfobia.
Palavras-chave: Ser viço social; Gênero; Sexualidade.
Abstract: This article reflects on the professional intervention of Social
Work, articulated with gender and sexuality studies, about the experiences
of the lesbian, gay, bisexual, travesty, and transgender population (LGBT) in
contemporary capitalism. Based on feminist theories and gender and sexuality
studies, we elaborated an experience report of the social worker’s practice at
the State Center for Combating Homophobia (CECH). Our results present
the actions developed by the dierent municipal facilities in the State and
the contents covered, understanding that sharing information is essential to
combat LGBTphobia.
Keywords: Social work; Genre; Sexuality.
1 Assistente Social, Mestre em Psicologia, Doutorando em Serviço Social, Universidade Federal de
Pernambuco, Brasil. E-mail: luiz_brauna@hotmail.com. Orcid: 0000-0001-6824-574X
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GÊNERO | Niterói | v. 22 | n. 2 | p. 176-197 | 1. sem 2022
1 Introdução
Pensar a LGBTfobia e as estratégias de combate aos seus efeitos cotidia-
nos contribui para tornar visível a existência e as vivências dos sujeitos que se
reconhecem a partir de identidades de gênero e orientação sexual fora dos
padrões socialmente determinados. Refletir sobre esse tema permite que
o outro possa se identificar, reconhecer a população LGBT, respeitá-la e
defender práticas de visibilidade positiva à diversidade humana. Este artigo
se propõe a refletir sobre a intervenção profissional do serviço social,
articulada com os estudos de gênero e sexualidade, acerca das vivências da
população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) no
capitalismo contemporâneo.
Para a construção desta pesquisa, me aporto nas reflexões das teo-
rias feministas e nos estudos de gênero e sexualidade (RUBIN, 1993;
SCOTT, 1995; LOURO, 2000; BUTLER, 2012; IRINEU; FROEMMING, 2012;
FERREIRA, 2018; CISNE; SANTOS, 2018). Esses apontamentos partem
metodologicamente do relato de experiência, na prerrogativa da sistematização
da prática do assistente social no Centro Estadual de Combate à Homofobia
(CECH), um programa de promoção e proteção dos direitos da população LGBT,
vinculado à Secretaria Executiva de Direitos Humanos, pasta da Secretaria
de Justiça e Direitos Humanos da gestão 2015-2018 (e reeleita para o
quadriênio 2019-2022) do governo do estado de Pernambuco. O CECH,
que surge em 2009 no estado de Pernambuco, oferece serviço profissional espe-
cializado de apoio psicossocial e jurídico, com o acolhimento e orientação à popu-
lação LGBT, familiares e vítimas de LGBTfobia
2
. Ele integra o Sistema Estadual
de Proteção à Pessoa (Sepp) e tem por finalidade combater a discriminação e
violência contra a população LGBT, promovendo o respeito e a cidadania dessa
população em todo o território pernambucano. O centro realiza acompanha-
mento de denúncias, violações de direitos e homicídios contra LGBT, assim como
promove diálogos e capacitações com gestoras/es, rede de serviços públicos
e privados, movimentos sociais e população em geral sobre a temática da diversi-
dade sexual e de gênero nos municípios do estado.
Nesse espaço, entre as categorias profissionais atuantes, encon-
tra-se o profissional do serviço social. Das atividades desen-
volvidas pelo assistente social, encontramos: (1) a realização de
2 Conforme Mirla Cisne e Silvana Mara Santos (2018, p.124), a LGBTfobia “corresponde à violência e
às violações de direitos cometidas diretamente contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais em
espaços públicos e privados”. Elas compreendem a LGBTfobia como uma “expressão deletéria do sistema
hetero-patriarcal-racista-capitalista”.
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