O juiz e a comunidade

AutorLuiz Guilherme Marques
Páginas31-57
o juiZ E a coMuNidadE
“Não há glória maior do que servir ao público,
ao maior número possível de pessoas.”
(Michel de Montaigne)
“Especular o Futuro, engravidar o Presente.”
(Carlos Antônio Leite Brandão)
A população estará bem servida em termos de Justiça quando, além da
modernização e simplicação da legislação processual, houver mais investimentos
na informatização dos serviços forenses e a melhor qualicação dos operadores do
Direito, mas, sobretudo quando esses últimos – no caso, nós – imbuírem-se
de verdade do ideal de servir a comunidade.”
(Luiz Guilherme Marques)
Sumário: 1. O juiz; 1.1 Os dramas, virtudes e defeitos dos juízes; 1.2 A fun-
ção de julgar; 1.3 A função de conciliar; 1.4 Educação holística; 1.5 Lideran-
ça imposta; 1.6 “Juiz atrapalha a cidade”; 1.7 Tempo de grandes mudanças;
1.8 A arrogância no Serviço Público; 1.9 A vida privada e a vida pública
dos operadores do Direito; 1.10 “Cada um dá o que tem”; 1.11 Regras
da Lei Orgânica da Magistratura Nacional (LOMAN) e Lei de Organiza-
ção e Divisão Judiciárias de Minas Gerais (LODJ). 2. Relacionamentos
com os demais operadores do Direito e auxiliares; 2.1 Ministério Público;
2.2 Advogados; 2.3 Defensores públicos; 2.4 Funcionários da Secretaria;
2.5 Ociais de justiça; 2.6 Psicólogos; 2.7 Assistentes sociais; 2.8 Polícia
Civil; 2.9 Policia Militar; 2.10 Estagiários; 2.11 Assessores; 2.12 Servidores
do Extrajudicial. 3. Relacionamentos com os políticos em geral. 4. Rela-
cionamentos com os jurisdicionados em geral. 5. Conclusão. 6. Bibliogra-
a básica. 7. Bibliograa complementar. 8. Sites da Internet
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32 Luiz Guilherme Marques
1. O JUIZ
1.1 Os Dramas, Virtudes e Defeitos dos Juízes
Como se sabe, os reis da Antiguidade exerciam o papel de juízes (nor-
malmente como última instância), ociando de forma mais ou menos arbi-
trária, de acordo com sua índole pessoal.
DAVI celebrizou-se como um juiz normalmente impulsionado pela
compaixão. Com isso conseguiu criar um país, que seu lho SALOMÃO
consolidou e que existe até hoje.
Vivenciou dramas domésticos pungentes, dentre os quais o estupro pra-
ticado por um dos lhos contra a própria irmã, esta que foi vingada de morte
por outro irmão, este último que armou uma rebelião contra o pai e acabou
sendo morto por soldados éis ao monarca.
Sua própria conduta pessoal deixou a desejar quando programou a mor-
te de um dos seus soldados para abrir caminho para seu casamento com a
mulher daquele servidor leal.
A história de cada juiz pode ter muito ou pouco em comum com a da-
quele grande homem no que diz respeito à sua fé em DEUS, seus acertos e
erros e suas vitórias e fracassos.
Quando vejo a quantidade de jovens estudantes de Direito querendo in-
gressar na Magistratura co pensando se é isso mesmo que querem no fundo
de sua alma ou se pretendem apenas a remuneração pelo exercício do cargo.
Trata-se de um trabalho que exige muita dedicação à causa pública, sen-
do que não temos o direito de afrouxar nosso idealismo pelo fato de termos
nossos problemas pessoais, que podem ser tão graves (ou mais) que os vivi-
dos por aquele grande julgador de milênios atrás.
Há colegas que presenciam com os olhos cheios de lágrimas seus lhos
bêbados, drogados, voltados à criminalidade ou acometidos de desvio psí-
quico. Há outros que se veem infelizes no casamento, desconsiderados pelo
cônjuge que não lhes retribui o afeto. Há os que se veem atraiçoados pelos
próprios lhos. Há os vitimados por doenças graves na sua própria pessoa
ou em algum ente querido.
Nesses casos todos, a garantia que existe de verdade é a mesma fé que
robustecia DAVI e o fazia compor seus hinos de amor a DEUS e exercer
suas atribuições ungido de compaixão pelo povo.
Pelas suas boas intenções nunca deixou de receber as orientações de
grandes profetas seus contemporâneos, que entraram para a História como
luminares do povo judeu.
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