Atividades de lazer em áreas naturais na Região Metropolitana de Londrina - uma visão do turismo de aventura

AutorDiego Rigon Menao/Adilson Nalin Luiz
CargoDiscente do curso de Turismo e Hotelaria da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR)/Mestre em Geografia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Docente do curso de Turismo e Hotelaria da UNOPAR
Páginas65-70

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1 Introdução

Recentemente, o lazer tem estimulado um grande número de estudos, devido ao fato de fazer pouco tempo que a sociedade se voltou para sua importância e para sua necessidade. Quando relacionado ao trabalho, o lazer ainda não é bem visto, pois muitas pessoas acreditam que lazer é um tempo perdido, um tempo inútil. No entanto, este quadro apresenta mudanças, sobretudo com o advento do turismo que além de estar re-conceituando este termo, tem sido visto como uma alternativa de renda no nosso país.

Nota-se o crescimento da indústria do lazer por ser tratada como uma alternativa para fugir dos grandes centros, e possibilitar a prática de atividades sem compromisso, tornando-se um moderador dos problemas do cotidiano e um controlador das necessidades humanas de repouso, auto-estima, saúde, etc.

Estudaremos a prática de atividades de lazer em meio natural na Região Metropolitana de Londrina (doravante RML) - Paraná, com o intuito de tratar o desenvolvimento do turismo de aventura de forma sustentável como uma alternativa de viabilizar o crescimento local da economia, fomentando uma maior qualidade de vida da população, bem como o crescimento da economia turística.

Assim sendo, buscou-se os seguintes objetivos: - Catalogar as atividades de lazer em áreas naturais na Região Metropolitana de Londrina com potencial para o turismo de aventura;

- Fornecer informações para o planejamento estratégico e divulgação do turismo de aventura na região;

- Conscientizar sobre o potencial turístico da RML.

2 Metodologia

Para a efetivação deste trabalho, realizou-se

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pesquisa explicativa através do método experimental observacional com o intuito de analisar os fatores que contribuem para o desenvolvimento do turismo de aventura. A análise ocorreu através de conversas e convivência entre os autores do trabalho (orientador e orientando) e pessoas relacionadas ao turismo de aventura, sendo favorecido pela prática de atividades de aventura por parte dos mesmos, contribuindo para o enriquecimento dos dados deste estudo.

Foram utilizadas fontes bibliográficas e eletrônicas através de estudos exploratórios por meio de livros, revistas, mapas, guias, catálogos e sites e pesquisa de campo na Região Metropolitana de Londrina (RML). No entanto, no princípio do trabalho, houve uma dificuldade para se realizar o levantamento através de fontes eletrônicas, pois ainda não se tinha conhecimento dos sites de melhor acesso. No decorrer da pesquisa, os endereços "âncoras" do trabalho (ORadical, Ecoesporte, Revista 360º, entre outros) permitiram que se encontrassem as atividades catalogadas com maior facilidade. Os dados foram arquivados em mídia ou disquete, nos quais realizamos as modificações no decorrer do tempo.

3 Fundamentação Teórica
3. 1 O ecoturismo e seus impactos

O turismo de caráter ecológico, realizado em ambientes campais, surgiu no Brasil na década de 80, após perceber-se que a degradação proveniente da massificação do turismo e o aumento do interesse mundial para tal prática vinham crescendo. Portanto, o ecoturismo pode ser considerado o segmento turístico com maior apelo ambiental além de exigir um planejamento mais apurado pelo fato de envolver fatores de risco para a cultura e meio ambiente local.

A diferenciação na forma de conduzir e na consciência sobre a prática do ecoturismo fomentou discordâncias entre a definição do termo. Segundo a Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR), o ecoturismo compreende: um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas. (EMBRATUR, 1994, p. 59).

Para Wearing e Neil (2001, p. 12), o ecoturismo está evoluindo para um tipo de viagem especializada, incorporando uma diversificada lista de atividades e tipos de turismo, desde observação de pássaros, estudo científico, fotografia, mergulho, caminhada na mata, até a recuperação de ecossistemas danificados. Desta forma, analisaremos o ecoturismo como uma prática turística que visa contribuir para a preservação do meio ambiente, possibilitando a interação da população local com os turistas e os ambientes envolvidos, consolidandose como uma atividade sustentável. Para Luchiari (2000, p. 117), o conceito do turismo de uso sustentável deve estar calcado na inter-relação entre os fatores socioculturais e ecológicos bem como aos fatores socioeconômicos incorporados ao mercado, comercializando os produtos ecoturísticos juntamente com a cultura local. Para a autora, o ecoturismo, além de ser um segmento do trade turístico com tais finalidades acima citadas, tratase de um instrumento político que visa também garantir a viabilidade econômica ao longo dos anos.

Wearing e Neil (2001, p. 41) consideram que, para o desenvolvimento do ecoturismo, deve-se haver um plano que integre o governo, a indústria e a população local com seu alicerce baseado em um planejamento, que tem como objetivo identificar as principais questões que podem afetar seu desenvolvimento e gerenciamento, além de desenvolver políticas e programas para ajudar a tornar a indústria mais viável e sustentável. Para os autores, a parte mais importante do plano de turismo é a estratégia de implantação, que deve responsabilizar os grupos pelas ações necessárias, além de designar os interessados responsáveis. Ruschmann (2002, p. 60) sugere a capacitação profissional como forma de garantir a conservação do meio ambiente e proporcionar a rentabilidade adequada aos investidores.

Na opinião de Yázigi (1999 apud VILLAVERDE, 2003), os problemas ambientais realmente sérios, dos quais os outros derivam, inclusive os causados pelo turismo, são basicamente três: os modos de produção (tecnologia), os padrões de consumo e as taxas populacionais em expansão. O referido autor propõe considerar os problemas em seu conjunto, além de fomentar uma postura preservacionista que não somente contemple o espaço-tempo de lazer e turismo, mas que se estenda para a vida como um todo.

Este talvez seja o grande desafio para os profissionais que lidam com o ecoturismo: a conscientização geral, por parte dos profissionais e dos turistas, para que a atividade continue se desenvolvendo de forma sustentável, permanecendo atento ao manejo dos recursos naturais, conservando e respeitando as necessidades da comunidade local.

3. 2 Turismo sustentável

De acordo com as definições de ecoturismo citadas anteriormente, nota-se o objetivo explícito da realização do turismo de forma sustentável econômica e ambientalmente. No entanto, é possível considerar que o ecoturismo seja uma atividade rentável e que garanta ao meio ambiente segurança, preservação e viabilidade na sua implantação?

Sabemos que, em muitos casos, a desqualificação da mão-de-obra, a falta de infra-estrutura adequada e inconsciência por parte dos turistas prejudicam os propósitos da atividade ecoturística. Para Boo (1990 apud WEARING; NEIL, 2001, p. 35), na atual gestão ecoturística, os cargos estão sob responsabilidade de pessoas sem treinamento em gestão de turismo. A autora afirma que os ecoturistas, em sua maioria, querem contribuir de forma mais atuante para a conservação dos ambientes naturais, porém não encontram oportunidades para que isso ocorra. Segundo ela, deveriam existir:

1) sistemas de...

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