Management control in hospitals/Controle de gestao em organizacoes hospitalares/Control de gestion en organizaciones hospitalarias.

Autorde Souza, Antonio Artur
CargoArtigo--Administracao Geral
  1. INTRODUCAO

    O governo brasileiro vem realizando acoes no sentido de oferecer servicos de saude de qualidade para toda a populacao. Entretanto, apesar dos esforcos, ainda ha diversos problemas nessa area. Alem disso, a complexidade do ambiente no qual se inserem as organizacoes em geral provoca uma demanda crescente por informacoes cada vez mais acuradas para a tomada de decisao. Para que as organizacoes hospitalares possam atuar nesse ambiente, e necessario que seus gestores busquem ferramentas de gestao que tenham comprovada eficacia no meio empresarial (ALEMI; SULLIVAN, 2007).

    Dentre essas ferramentas, destacam-se as relacionadas ao controle da gestao e a avaliacao de desempenho, que demandam o desenvolvimento de uma gestao eficiente e o monitoramento de indicadores de desempenho (GUPTILL, 2005). Nesse sentido, observa-se que a avaliacao de indicadores hospitalares contribui significativamente para a eficiencia da gestao, pois possibilita a associacao estrategica entre recursos humanos, equipamentos e materia-prima para a prestacao de servicos de saude de qualidade (SILVA, 2005).

    A organizacao hospitalar foi definida pela Organizacao Mundial de Saude (OMS) como parte integrante de um sistema coordenado de saude, cuja funcao e prestar a sociedade completa assistencia no que se refere a saude (OMS, 2008). No Brasil, as organizacoes desse setor vem promovendo as mudancas necessarias para o desenvolvimento da funcao de prestacao de servicos a sociedade e para promover a implementacao das politicas de saude definidas na Constituicao Federal (CF) de 1988 (ARRETCHE, 2003).

    Nesse sentido, Souza et al. (2008) defendem que, para atingir o objetivo de prestacao de servicos de saude a sociedade, e necessario que os gestores hospitalares realizem a avaliacao do desempenho organizacional, a fim de mensurar a eficiencia da gestao. Assim, para a avaliacao e o controle eficientes, os gestores das organizacoes, de forma geral, necessitam de conhecimentos avancados e especificos sobre a gestao e o custeamento das atividades operacionais e sobre as operacoes de investimento e de financiamento (SHAW, 2003). Alem disso, e necessario definir um conjunto de indicadores que possibilitem aos gestores avaliar o desempenho da organizacao.

    Segundo Schiesari e Kisil (2003), a avaliacao de desempenho de hospitais no Brasil foi iniciada a partir da definicao do processo de Acreditacao Hospitalar (AH). Nesse contexto, programas como os desenvolvidos pela Secretaria de Estado de Saude do Governo de Minas Gerais (SES/MG), especificamente o Programa de Fortalecimento e Melhoria da Qualidade dos Hospitais do SUS/MG (Pro-Hosp), financiam acoes de melhoria da qualidade em hospitais, tem grande significancia e facilitam o processo para a AH. Assim, como processo complementar a avaliacao para a AH, por meio do ProHosp, sao monitorados indicadores de desempenho da gestao das organizacoes hospitalares (QUINTO NETO; GASTAL, 1997).

    Este trabalho tem como foco o controle da gestao de hospitais e apresenta os resultados de uma pesquisa que teve como objetivo principal analisar se os hospitais estudados apresentam informacoes que possibilitam avaliar o desempenho de sua gestao. Por meio dessa analise, foi possivel caracterizar o processo de gestao dos tres hospitais estudados.

    O texto esta estruturado em 7 secoes, incluindo esta introducao. Em seguida, apresenta-se a revisao da literatura sobre a gestao de organizacoes hospitalares (secao 2), sobre a eficiencia e eficacia na gestao hospitalar (secao 3) e sobre o controle na gestao de hospitais (secao 4), especificamente no que diz respeito ao processo de AH e ao Pro-Hosp. A metodologia da pesquisa e descrita na secao 5; a analise dos resultados dos estudos de caso, na secao 6; e as conclusoes, na secao 7, seguidas das referencias bibliograficas.

  2. A GESTAO DE ORGANIZACOES HOSPITALARES

    Nos hospitais, a estrutura organizacional evidencia a maneira pela qual a organizacao define e divide as funcoes e as atribuicoes, alem de demonstrar como essas atribuicoes sao agrupadas e coordenadas (SOUZA et al., 2008). Nesse sentido, segundo Mintzberg (1996), pode-se dimensionar a estrutura organizacional em: (i) especializacao do trabalho, (ii) departamentalizacao, (iii) cadeia de controle e (iv) centralizacao ou descentralizacao da tomada de decisao. Segundo esse autor, essa estrutura define a hierarquia da organizacao, as responsabilidades e a autoridade dos individuos, e demonstra como ocorre a comunicacao e a disponibilizacao de informacoes internas a organizacao.

    De acordo com relatorio da OMS apud Borba (2006), um hospital e um elemento de organizacao de carater medico-social, cuja funcao consiste em assegurar uma assistencia medica completa, curativa e preventiva a determinada populacao. Segundo Shaw (2003), as organizacoes hospitalares tem as funcoes de: (a) prevenir doencas, oferecendo assistencia e vigilancia a populacao, e contribuir para a educacao sanitaria e a higiene no trabalho; (b) restaurar a saude, realizando diagnostico e tratamento curativo de enfermidades em geral; e (c) promover a pesquisa e o ensino de graduacao, posgraduacao e educacao continuada.

    Nesse contexto, observa-se que o alcance de um desempenho eficiente nas organizacoes hospitalares requer um controle de custos e a analise de indicadores de desempenho. Segundo Heitger, Logan e Matulich (1992), nao e possivel realizar uma avaliacao de desempenho adequada sem dispor de informacoes sobre custos. Nesse sentido, o sistema de custeio baseado em atividades (Activity-Based Costing--ABC) destaca-se como uma das ferramentas comumente utilizadas para a gestao de custos. Esse sistema visa alocar os custos dos recursos as atividades e, destas, aos produtos/servicos, de modo a diminuir/eliminar as informacoes distorcidas apresentadas pelos sistemas de custeio tradicionais (MOHAN; PATIL, 2003). A maneira pela qual a organizacao utiliza os recursos disponiveis para gerar receitas tambem e demonstrada pelo ABC, uma vez que as informacoes geradas nao sao apenas informacoes operacionais, mas tambem financeiras. Essas informacoes, operacionais e financeiras, facilitam o controle do orcamento, ao mesmo tempo em que possibilitam a gestao baseada em atividades (Activity-Based Management--ABM).

    Por sua vez, a ABM possibilita avaliar o papel (valor) de cada atividade, o que pode levar a implementacao de mudancas na forma de realizar os trabalhos (procedimentos) operacionais e administrativos. Alem disso, tais informacoes permitem integrar o sistema de custeio aos demais sistemas da organizacao, como o sistema de producao, tornando o processo de gestao empresarial dinamico e voltado para a eficiencia dos resultados (COKINS, 1998; MISHRA; VAYSMAN, 2001). A ABM segue alguns principios, tambem contemplados pelo ABC, tais como: (a) foco na realizacao das atividades para as quais sao consumidos recursos, e nao na mensuracao dos custos de recursos utilizados no desenvolvimento das atividades; (b) deve-se buscar a reducao de desperdicios, eliminando-se atividades que nao agregam valor ao servico; (c) as atividades devem ser realizadas com continua melhoria de desempenho; e (d) o servico deve atender as expectativas do cliente para que a satisfacao deste gere os resultados esperados pela administracao (HORNGREN; DATAR; FOSTER, 2004).

    Nos hospitais, as habilidades e a formacao da forca de trabalho, a estrutura organizacional complexa e a especificidade dos servicos prestados tornam efetivamente dificil o gerenciamento e o controle das atividades. Conforme Castelar, Mordelet e Grabois (2003), a combinacao otima dos recursos humanos, tecnologicos e financeiros deve ser um dos objetivos da organizacao, a fim de possibilitar o alcance de uma gestao eficiente e a prestacao de servicos de qualidade. E necessaria tambem a profissionalizacao da gestao hospitalar, qualificando-se os gestores dessas organizacoes como articuladores dos diferentes fatores que influenciam as atividades desenvolvidas, sejam estes internos (medicos, pessoal de enfermagem, pessoal administrativo, etc.), sejam externos (a comunidade, outras unidades de saude, politicos, etc.) (GUPTILL, 2005).

    Nesse sentido, observa-se que, atualmente, a avaliacao do desempenho dessas organizacoes e uma das principais preocupacoes do setor (SCHIESARI; KISIL, 2003). Ressalta-se que a analise dos resultados e uma das principais ferramentas que possibilitam a avaliacao da gestao hospitalar. As comparacoes entre organizacoes tambem integram os processos avaliativos, uma vez que planos de melhoria podem ser desenvolvidos a partir de contribuicoes advindas de parcerias entre organizacoes e do estabelecimento de benchmarking (SILVA, 2005). Assim, um gestor hospitalar deve monitorar diversos indicadores, tais como: taxa de ocupacao, relacao enfermeiro-leito, leitos disponiveis na enfermaria, leitos disponiveis na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Entretanto, deve-se observar que esses indicadores sao volateis e modificam-se de acordo com variadas circunstancias endemicas, epidemicas, climaticas, de poder aquisitivo, etc.

    Moraes (1994) defende que os indicadores hospitalares devem ser monitorados em conjunto, para possibilitar que as informacoes disponibilizadas sejam contextualizadas no ambiente organizacional. Dessa forma, observa-se que a analise de indicadores hospitalares e fundamental a tomada de decisao eficiente pelo gestor hospitalar. Ainda segundo o autor supracitado, os resultados do processo de avaliacao por meio de indicadores sao informacoes utilizadas para o planejamento e controle da gestao organizacional. Assim, a avaliacao dessas informacoes destaca-se como a finalidade central da utilizacao dos indicadores.

  3. EFICIENCIA E EFICACIA NA GESTAO HOSPITALAR

    Situados no nivel economico terciario, os hospitais operam por meio de processos internos que apresentam grande complexidade e interdependencia. Devido a esse fato, as organizacoes hospitalares dependem de profissionais altamente...

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