O motivo da revista

AutorHarriet Monroe
Páginas82-83
http://dx.doi.org/10.5007/1984-784X.2013v13n20p82
82
|b. pesq. nelic, florianópolis, v. 13, n. 20, p. 82-83, 2013|
O MOTIVO DA REVISTA*
Harriet Monroe
Na grande democracia de nossa época nenhum interesse é pequeno demais
para pertencer a um órgão. Todo esporte, toda pequena indústria tem um
canto e uma voz próprios, para que então possam encontrar amigos, saudá-
los, cumprimentá-los.
A arte, em especial, necessita de um lugar fixo, uma voz de poder, se quiser
cumprir sua tarefa e ser ouvida. Conforme o mundo cresce amplamente dia
após dia, todo integrante que dele faz parte, seja através de algo que compra,
conhece ou ama, busca até nos confins do mundo por pérolas da raça, coisas
raras e delicadas, talvez subjugadas, perdidas nas encruzilhadas das correntes
modernas, na confusão das imensidões modernas.
A pintura, a escultura, e a música se hospedam nos palácios das grandes
cidades do mundo; e a cada uma ou duas semanas um novo periódico nasce
para falar em nome desta ou daquela, afetuosamente acolhida à custa de
algum responsável. A arquitetura, atendendo às demandas comerciais e
sociais, é moldada à força pelas asperezas e vicissitudes da vida, e abrigada
indiscriminadamente pela necessidade material dos homens. Somente a
poesia, de todas as belas artes, foi deixada para se transformar sozinha em um
mundo inconsciente da sua necessidade imediata e desesperada, um mundo
cujo grande feito, cujo triunfo sobre o material, sobre o selvagem, sobre ini-
mizades e distâncias raciais, requer sua voz imortal para conceder glória e
glamour.
A poesia tem sido deixada de lado e acusada de ineficaz, um processo tão
irracional quanto culpar o deserto pela aridez. Esta arte, como todas as outras,
não é um milagre direto da criação, mas uma relação recíproca entre o artista
e seu público. As pessoas têm que fazer sua parte para que suas histórias pos-
sam ser contadas ao futuro pelo poeta; devem cultivar e irrigar o solo para que
* The motive of the magazine. Poetry, v. I, n. 1, out. 1912. Tradução de Ibriela Berlanda Sevilla,
Julia Magalhães de Oliveira e Laíse Ribas Bastos.

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