Mulheres idosas encarceradas em uma penitenciária do Estado de Pernambuco

AutorDaniely da Silva Dias Vilela, Cristina Maria de Souza Brito Dias, Cirlene Francisca Sales Silva
CargoUniversidade Católica de Pernambuco, Brasil
Páginas401-418
Cadernos do CEAS, Salvador/Recife, v. 47, n. 256, p. 401-418, maio/ago. 2022 | ISSN 2447-861X
MULHERES IDOSAS ENCARCERADAS EM UMA PENITENCIÁRIA DO
ESTADO DE PERNAMBUCO
Elderly women incarcerated in a penitentiary in the State of Pernambuco
Daniely da Silva Dias Vilela
Universidade Católica de Pernambuco, Brasil
Cristina Maria de Souza Brito Dias
Universidade Católica de Pernambuco, Brasil
Cirlene Francisca de Sales da Silva
Universidade Católica de Pernambuco, Brasil
Informações do artigo
Recebido em 8/11/2022
Aceito em 28/11/2022
doi>: https://doi.org/10.25247/2447-861X.2022.n256.p401-418
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons
Atribuição 4.0 Internacional.
Como ser citado (modelo ABNT)
VILELA, Daniely da Silva Dias; BRITO DIAS, Cristina
Maria de Souza; SILVA, Cirlene Francisca de Sales da.
Mulheres idosas encarceradas em uma penitenciária do
Estado de Pernambuco. Cadernos do CEAS: Revista
Crítica de Humanidades. Salvador/Recife, v. 47, n. 256,
p. 401-418, maio/ago. 2022. DOI:
https://doi.org/10.25247/2447-861X.2022.n256.p401-418
Resumo
Este artigo, recorte da dissertação de mestrado da primeira
autora, tem como objetivo apresentar as características
biosociodemográficas de mulheres idosas encarceradas em uma
Penitenciária do Estado de Pernambuco. Trata-se de uma
pesquisa qualitativa, transversal, exploratória, descritiva, com
uma am ostra por conveniência. Os participantes foram cinco
mulheres idosas, prisioneiras, que cometeram qualquer tipo de
crime pela primeira vez (ré primária) e foram condenadas. Para
coleta de dados foi utilizado um questionário com dados
biosociodemográficos. Os principais resultados apontaram: que
a faixa etária ficou entre 60 e 71 anos; em maioria são de cor
parda, evangélicas; com ensino fundamental; solteiras ou
divorciadas, pensionistas ou aposentadas; com renda de um
salário-mínimo; condenadas pelo crime de tráfico de drogas,
homicídio tentado e estelionato. No que se refere às condições
de saúde, apresentam hipertensão, di abetes, problemas de
coluna, queixas de memória, entre outros. A baixa
representatividade das mulheres idosas, em relação aos homens
idosos encarcerados, dificulta a garantia de seus direitos, o que
produz repercussões à saúde global dessas pessoas.
Palavras-Chave: Pessoa idosa. Prisões. Dados demográficos.
Abstract
This article, an ex cerpt from the first author's master's
dissertation, aims to present the biosociodemographic
characteristics of elderly women incarcerated in a Penitentiary
in the State of Pernambuco. This is a qualitative, cross-sectional,
exploratory, descriptive research, with a convenience sample.
The participants w ere five elderly women, prisoners, who
committed any type of crime for the first time (primary
defendant) and were convicted. For data collection, a
questionnaire with biosociodemographic data was used. The
main results showed: that the age group was between 60 and 71
years old; most are brown, evangelical; with elementary
education; single or divorced, pensioners or retirees; with an
income of one minimum wage; convicted of drug trafficking,
attempted murder and embezzlement. With regard to health
conditions, they have hypertension, diabetes, back problems,
memory complaints, among others. The low representation of
elderly women in relation to incarcerated elderly men makes i t
difficult to guarantee their rights, which has repercussions on
the global health of these people.
Keywords: Elderly person. Prisons. Demographic data.
Cadernos do CEAS, Salvador/Recife, v. 47, n. 256, p. 401-418, maio/ago. 2022.
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Mulheres idosas encarceradas em uma penitenciária... | Daniely S. D. Vilela, Cristina M. S. Brito Dias, Cirlene F. Sales Silva
INTRODUÇÃO
Com o maior alcance da longevidade Alexandre Kalache (2022, p. 1418) afirma que:
Vivemos a Revolução da Longevidade’. A esperança de vida no
Brasil, desde que nasci, em 1945, aumentou mais de 30 anos,
devendo dobrar até 2050. Por esse motivo, seguimos formando
profissionais da saúde aptos para as exigências do século XXI,
que devem dominar não somente o conhecimento sobre o
desenvolvimento infantil e a gravidez, por exemplo, mas
também, e cada vez mais, o conhecimento sobre as
necessidades da população idosa.
Nesse sentido, como consequência da revolução da longevidade, muitos problemas
têm emergido, dentre eles, o número de mulheres a partir de 60 anos de idade, que têm
cometido crimes e que se encontram encarceradas em prisões (VILELA, 2021). No Brasil, a
população brasileira de pessoas encarcer adas em 2019, chegou a 748,009 mil pessoas
privadas de liberdade e, dentre eles, estão os idosos que que representam 1,4% da população
(INFOPEN, 2019). Embora esse quantitativo não represente um dado alarmante em relação
à população geral, é importante ressaltar que entre os anos de 2005 e 2019 observou-se um
aumento de 660%; cerca de 10.472 idosos(as) estavam presos(as) nas penitenciárias de todo
País (INFOPEN, 2019; VILELA, 2021; VILELA; DIAS; SAMPAIO, 2021).
O aumento da população carcerária feminina é um fenômeno observado em todos os
continentes, existindo mais de 714 mil mulheres em prisões no mundo, o que representa um
crescimento de 53% desde 2000. Contudo, a situação no Brasil é ainda mais grave. O número
de mulheres em situação de cárcere aumentou aproximadamente 675% desde o começo do
milênio, considerando o número de 37.828 detentas no fim de 2017. Os números
representam um crescimento na taxa de aprisionamento feminino 5,4 vezes maior que os
dados de 2000 (INTERNATIONAL CENTRE FOR PRISON STUDIES - ICPS, 2017).
Segundo o Observatório das Desigualdades, o aumento do encarceramento feminino
no Brasil é resultante da pobreza, seletividade penal e desigualdade de gênero. Ao
analisarmos o perfil das detentas no país, é possível observarmos que os mecanismos de
opressão e marcadores sociais de seletividade do sistema penal, se repetem em relação às
mulheres (OBSERVATÓRIO DAS DESIGUALDADES, 2020) . E o encarceramento das

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