Multiple intelligence: a comparison between different educational centers of a University/Inteligencias multiplas: um comparativo entre diferentes centros de ensino de uma universidade/Inteligencias multiples: una comparacionentre diferentes centros de ensenanza de una universidad.

AutorRopelato, Marcio
CargoArtigo--Ensino de Administracao
  1. INTRODUCAO

    Os conceitos sobre o termo inteligencia surgiram, tradicionalmente, a partir de testes que abordavam questoes de linguistica e logico-matematicas, sem considerar outras habilidades, como as musicais, as sinestesicas, as naturais, etc. Estas habilidades eram tidas como "aptidoes" e nao como inteligencias. O psicologo Howard Gardner, juntamente com sua equipe de pesquisa da Harvard University, comecou a investigar essas aptidoes e a desenvolver estudos que pudessem sustentar a possibilidade de considerar que o ser humano e dotado de multiplas inteligencias, a fim de ultrapassar a nocao comum de inteligencia.

    A inteligencia consiste na capacidade de resolver problemas ou de criar produtos que sejam reconhecidos dentro de um ou de mais cenarios culturais (GARDNER, 1995). Em sua teoria das IM, esse autor buscou ultrapassar a nocao comum de inteligencia como uma capacidade ou potencial geral que cada pessoa possui em maior ou menor extensao, indo alem dos limites do escore de Quoeficiente de Inteligencia (QI).

    Diferentes pesquisadores abordam a relevancia de estudar as IM. Antunes (1999), por exemplo, salienta que e importante a identificacao de diversas inteligencias no ser humano e das proeminentes diferencas entre os individuos. Ja Walter et al. (2008) ressaltam que a importancia do estudo das IM, na esfera educacional, deve-se a grande preocupacao com o processo de ensino e aprendizagem, no sentido de determinar: a) como as pessoas aprendem; b) por que algumas apresentam mais facilidade do que outras em determinadas situacoes em sala de aula; e c) como essas diferentes inteligencias podem ser desenvolvidas.

    A teoria de Gardner sobre as IM, ao permitir a identificacao das inteligencias mais marcantes e das menos desenvolvidas nos alunos, possibilita tanto aproveitar as inteligencias bem desenvolvidas para facilitar o aprendizado, como desenvolver e estimular aquelas inteligencias que ainda nao estao totalmente desenvolvidas. Assim, tendo por base as inteligencias bem desenvolvidas, o professor podera desenvolver estrategias didaticas que facilitem a assimilacao e a compreensao dos conteudos ministrados, assim como promover o desenvolvimento de outras inteligencias por meio da realizacao de atividades complementares (WALTER et al, 2008). Contudo, Walter et al. (2008) nao encontraram estudos que verificassem a existencia de diferencas no desenvolvimento das IM entre areas do conhecimento, representadas neste estudo pelos centros de ensino, e alertam que e relevante identificar, inicialmente, de que areas do conhecimento emergem tais diferencas.

    Dado, entao, o contexto exposto, procurou-se preencher a mencionada lacuna existente na area por meio da realizacao da presente pesquisa, que teve como objetivo analisar se existem diferencas entre alunos do Centro de Ciencias Sociais Aplicadas da Universidade Regional de Blumenau, Santa Catarina, Brasil, e alunos dos centros de Ciencias da Educacao, Ciencias da Saude, Ciencias Exatas e Naturais, Ciencias Humanas e da Comunicacao, Ciencias Juridicas e Ciencias Tecnologicas da mesma universidade, no tocante a presenca de habilidades e de caracteristicas relacionadas a cada IM. Assim, a pergunta de pesquisa adotada pode ser descrita como: Existem divergencias na frequencia com que os alunos de diferentes areas do conhecimento indicam possuir caracteristicas e habilidades relacionadas a cada IM?

    Para responder a essa problematica, optou-se pela pesquisa quantitativa, de carater descritivo, por meio de levantamento, empregando-se um instrumento de coleta de dados que permite verificar a frequencia com que os respondentes apresentam caracteristicas e habilidades relacionadas a cada IM. Alem disso, dividiu-se este estudo em cinco secoes. Nesta primeira secao, apresenta-se a introducao do artigo. Na segunda secao, expoem-se a origem e o significado do termo "inteligencia", relatam-se a origem dos primeiros testes de inteligencia e a contraposicao de Gardner a essas ideias, bem como se retrata cada uma das oito inteligencias multilplas fundamentais, objeto de estudo de Gardner. Na terceira secao, apresentam-se a metodologia, ou seja, a classificacao da pesquisa, os instrumentos utilizados e os procedimentos de coleta e de analise de dados adotados. A quarta secao e constituida pela analise dos dados obtidos e pela apresentacao dos resultados. A quinta secao e formada pelas consideracoes finais do estudo, que visam responder a pergunta de pesquisa apresentada e indicar sugestoes para futuras pesquisas.

  2. REVISAO DE LITERATURA

    Antunes (1999) elucida que a palavra inteligencia tem origem na uniao de duas palavras latinas: inter (entre) e eligere (escolher). Em um sentido mais amplo, exprime a capacidade cerebral dos individuos de compreender e de escolher o melhor caminho para a concepcao de ideias, o juizo e o raciocinio, frequentemente indicados como atos essenciais a inteligencia. O autor afirma que pesquisas recentes em neurobiologia sugerem a presenca de areas no cerebro humano que correspondem, de maneira aproximada, a determinadas areas de cognicao. Seriam uma especie de ponto no cerebro que representa um setor que abriga uma forma especifica de competencia e de processamento de informacoes.

    Gama (1998) lembra que, em 1905, as autoridades francesas solicitaram a Alfred Binet que desenvolvesse um instrumento por meio do qual fosse possivel prever quais criancas teriam sucesso nos liceus parisienses. Esse instrumento testava a habilidade das criancas nas areas verbal e logica, ja que os curriculos academicos dos liceus enfatizavam, sobretudo, o desenvolvimento da linguagem e da matematica. Esse instrumento deu origem ao primeiro teste de inteligencia, desenvolvido por Terman, na Universidade de Standford, na California: o Standford-Binet Intelligence Scale. Sobre testes de inteligencia, Armstrong (2001) relata que, alguns anos mais tarde, esses testes, importados da Franca pelos Estados Unidos da America, foram difundidos, assim como a ideia de que existia algo chamado "inteligencia", que poderia ser medida de forma objetiva e reduzida a um numero ou escore conhecido como "QI". Depois de quase 80 anos do desenvolvimento dos primeiros testes de inteligencia, o psicologo Howard Gardner desafiou tal modelo com a afirmacao de que a inteligencia havia sido definida de forma muito limitada.

    Gardner (1995) ressalta que, em uma visao tradicional, a inteligencia e conceituada operacionalmente como a habilidade de responder a itens em testes de inteligencia, e que a conclusao dos testes, a partir desses resultados, e apoiada por tecnicas estatisticas que comparam respostas de sujeitos em diferentes idades. Ainda para esse autor, a correlacao dos resultados desses testes indica que a faculdade geral da inteligencia nao possui uma variacao significativa com a idade, o treinamento ou a experiencia, pois e um atributo inato do individuo.

    Em contraposicao, ainda conforme Gardner (1995), a teoria das IM pluraliza esse conceito tradicional. O autor igualmente assinala que uma inteligencia implica a capacidade de resolver problemas ou desenvolver produtos que sao importantes num determinado ambiente ou comunidade cultural, e que a habilidade de elaborar solucoes permite que o sujeito aborde uma situacao em que um objetivo deve ser atingido. Embora a teoria das IM seja elaborada juntamente com as teorias das origens biologicas de cada habilidade, trata somente daquelas habilidades universais na especie humana. Mesmo assim, a tendencia biologica de participar de uma determinada forma de solucao de problemas deve ser vinculada ao estimulo cultural desse dominio.

    Como resultado de seus estudos, Gardner (1994) esbocou em seu livro Estruturas da Mente, de 1983, a existencia de, pelo menos, sete inteligencias basicas, as quais, pouco tempo depois, acrescentou a oitava.

    Na visao de Gardner (1994), para adentrar o campo da cognicao humana e necessario incluir um conjunto mais amplo e universal de competencias do que comumente se considerou. O autor destaca que existem diversas competencias intelectuais humanas, relativamente autonomas e independentes uma das outras, que seriam as estruturas da mente humana. Para Gardner (1994), essas competencias podem ser adaptadas, modeladas e combinadas de varias maneiras pelas pessoas que compoem a sociedade e sua cultura.

    Gardner (1995), entao, definiu inteligencia como a capacidade de resolver problemas ou de criar produtos que sejam reconhecidos dentro de um ou mais cenarios culturais. O autor desenvolveu a teoria das IM como uma explicacao da cognicao humana que pode ser submetida a testes empiricos, alem de ter demonstrado que sua teoria possui varias implicacoes educacionais consideraveis.

    Armstrong (2001), em uma perspectiva mais ampla e pragmatica do que a adotada por Gardner, esclarece que o conceito de inteligencia comecou a perder sua mistica e se tornou um conceito funcional passivel de ser observado de diversas formas na vida das pessoas. Para exemplificar, Armstrong (2001) escreve que Gardner ofereceu um

    meio de mapear a ampla gama de capacidades dos seres humanos ao agrupar essas capacidades em oito inteligencias: linguistica, logico-matematica, espacial, corporal-cinestesica, musical, interpessoal, intrapessoal e naturalista.

    Armstrong (2001) assim descreve as oito inteligencias fundamentais utilizadas como objeto de estudo por Gardner:

    1. inteligencia linguistica: e a capacidade de usar as palavras de forma efetiva, seja oralmente ou por meio da escrita. Essa inteligencia inclui a capacidade de preparar a estrutura da linguagem e as dimensoes para seu uso pratico;

    2. inteligencia logico-matematica: e a capacidade de usar os numeros e o raciocinio logico de forma efetiva. Inclui sensibilidade a padroes e a relacionamentos logicos, a afirmacoes e a proposicoes, a funcoes e a outras abstracoes...

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