Presença na recusa: a África dos pioneiros umbandistas

AutorEmerson Giumbelli
CargoMestre e doutor em Antropologia Social (UFRJ). Professor do Departamento de Antropologia Cultural e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Páginas107-117
PRESENÇA NA RECUSA: A ÁFRICA DOS
PIONEIROS UMBANDISTAS11
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Emerson Giumbelli2
Resumo: O texto realiza uma discussão sobre os modos de presença e ausência
da África em textos de pioneiros da umbanda carioca. São privilegiados os textos
que compõem os anais do I Congresso Brasileiro de Espiritismo de Umbanda, ocorrido
em 1941, no Rio de Janeiro. O objetivo é matizar a tese do embranquecimento que
designa a constituição da umbanda nesse período. Se é verdade que os pioneiros
umbandistas buscaram construir uma umbanda afinada com valores dominantes,
isso não ocorreu por uma total e simples supressão de referências africanas.
Palavras-chave: Magia; Espiritismo; Umbanda; África; Brasil
Abstract: The text promotes a discussion on how Africa was present and absent
in texts of pioneers of Umbanda in Rio de Janeiro. It focuses on the texts that
narrate the First Brazilian Congress of Umbanda Spiritism, which took place in
1941, in Rio de Janeiro. The objective is to enhance the thesis of whitening, which
determines the constitution of Umbanda during this period. If the pioneers sought
to make Umbanda have dominant values, that did not occur because of a comple-
te and simple omission of African references.
Key-words: Magic; Spiritism; Umbanda; Africa; Brazil
Uma dicotomia pouco reconhecida subjaz ao conjunto das discussões que
vem se fazendo desde o Brasil sobre a sua relação com a África. Até certo
momento, predominaram abordagens voltadas à aferição das “continuidades” entre
o que nasceu da África e o que sobreviveu no Brasil. Mas nas últimas três déca-
das, a tônica pendeu para o tema das “invenções”, o que se traduziu em um
desprezo pelas genealogias e em um foco sobre os resultados e implicações da
1 Uma primeira versão deste texto foi apresentada no Colóquio Internacional “A Feitiçaria no Atlântico
Negro”, promovido por Centro de Estudos Afro-Orientais e Universidade Federal da Bahia, em 19 e
20 de outubro de 2006 na cidade de Salvador. Registro meus agradecimentos aos organizadores do
evento pela oportunidade de exposição e discussão.
2 Mestre e doutor em Antropologia Social (UFRJ). Professor do Departamento de Antropologia Cultural
e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Rio de
Janeiro. Email: eagi@terra.com.br

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