'Não somos máquinas!': Saúde Mental de Trabalhadores de Saúde no contexto da pandemia covid-19

AutorBruno Chapadeiro Ribeiro, Carmem Regina Giongo, Karine Vanessa Perez
DOI: https://doi.org/10.5007/2175-7984.2021.82617
7878 – 100
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“Não somos máquinas!”: Saúde
Mental de Trabalhadores de Saúde no
contexto da pandemia por Covid-19
Bruno Chapadeiro Ribeiro
Carmen Regina Giongo
Karine Vanessa Pezez
Resumo
Este estudo possui o objetivo de analisar a organização, as condições, as vivências e os processos
laborais de trabalhadores de saúde durante a pandemia por Covid-19 no Brasil. Trata-se de uma
pesquisa de metodologia mista, que teve como instrumento um questionário com questões aber-
tas e fechadas, aplicado entre maio de 2020 e junho de 2021. Os dados foram analisados através
de estatística simples e análise temática. Participaram da pesquisa 126 trabalhadores de saúde e
os resultados apontaram que estes estão trabalhando mais, realizando mais horas extras, fazendo
mais atividades domésticas e cumprindo os mesmos prazos e metas realizadas antes da pandemia.
Diante das vivências impostas pelo cenário atual foram identicados sintomas relacionados à
depressão, ansiedade, medo e sobrecarga de trabalho. Concluiu-se que trabalhadores de saúde no
Brasil têm vivido um contexto de exaustão e precarização das condições de trabalho, demandando
urgentes políticas públicas e organizacionais de suporte à saúde e proteção social.
Palavras-chave: Saúde do Trabalhador. Trabalhadores de Saúde. Pandemia por Covid-19. Saúde
Mental. Condições de Trabalho.
1 Introdução
A Covid-19, nome da doença ocasionada pelo vírus SARS-CoV-2, ou
simplesmente, novo coronavírus, foi anunciada em 11 de março de 2020
pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Suas proporções e a amplitu-
de em escala global já vitimaram 5.342.768 e infectaram 273.441.559 pes-
soas no mundo até 17 de dezembro de 2021. No Brasil, até a mesma data,
o número de mortos já passava dos 617.271 e os casos de 22.201.221; por-
tanto, constava como o terceiro país com maior número de contaminações
Política & Sociedade - Florianópolis - Vol. 20 - Nº 48 - Mai./Ago. de 2021
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e o segundo com maior número de mortos no mundo, de acordo com os
dados registrados pelo Coronavirus Resource Center da Universidade John
Hopkins (JHU, 2021).
Por se tratar de um “risco biológico” de elevado poder de infectivida-
de (“capacidade de penetração, sobrevida e multiplicação em determina-
do hospedeiro” ou “proporção de exposições em condições determinadas,
que asseguram uma infecção”), todas as medidas de prevenção à Saúde de
Trabalhadores (ST), sobretudo daqueles da chamada “linha de frente” de-
vem ser priorizadas, seguindo normas técnicas, documentos e orientações
universais e ociais que vêm sendo amplamente difundidos, uma vez que:
Conforme as informações atualmente disponíveis, a via de transmissão pessoa a pessoa do
SARS-CoV-2 ocorre por meio de gotículas respiratórias (expelidas durante a fala, tosse ou es-
pirro) e, também, pelo contato direto com pessoas infectadas ou indireto por meio das mãos,
objetos ou superfícies contaminadas, de forma semelhantes com que outros patógenos res-
piratórios se disseminam. Além disso, a transmissão t ambém pode ocorrer por aerossóis
(partículas menores e mais leves que as gotículas, que se mantêm suspensas no ar por certo
tempo e longas distâncias) gerados durante alguns procedimentos potencialmente geradores
de aerossóis. (BRASIL, 2021, p. 13).
Dessa maneira, este trabalho se debruça especialmente sobre trabalha-
dores de saúde1, grupo no qual estão incluídos os prossionais de saúde,
tais como os agentes comunitários de saúde, enfermeiros, médicos, sio-
terapeutas, farmacêuticos, técnicos de laboratório, assim como todos os
outros agentes de apoio e prossionais que trabalham em instituições de
longa permanência, que prestam cuidados de saúde aos cidadãos, como
também, trabalhadores administrativos, de gestão, limpeza, bem como ter-
ceirizados que atuam na área de saúde (FRENTE AMPLA EM DEFESA
1 A opção semântica da adoção de terminologia que faça menção à “saúde de trabalhadores de saúde”, em
detrimento de “saúde do trabalhador de saúde”, “saúde dos(das) trabalhadores(as) de saúde” ou ainda “saúde
dos trabalhadores e das trabalhadoras de saúde” versa sobre nossa opção pela inclusão também dos gêneros
não binários trabalhadores no universo do trabalho em/com saúde, uma vez que o sufixo “e/es” abarca tais
identidades de gênero.

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